Em edição histórica da Vogue, Beyoncé revela gravidez de risco e explica como superou os conflitos com Jay-Z

Discreta no que diz respeito à vida pessoal, Beyoncé resolveu se abrir para a revista Vogue da qual é capa do mês de setembro, a mais importante da publicação. A edição ganhou contornos históricos a começar pela escolha feita pela própria artista de quem a fotografaria: Tyler Mitchell. O jovem de 23 anos é o primeiro fotógrafo negro a registrar uma capa da revista desde a sua fundação em 1892.

Uma das capas da edição de setembro de 2018 da Vogue, estrelada por Queen B! (Foto: Divulgação / Vogue)

Beyoncé decidiu ainda posar com pouquíssima maquiagem e abrir mão de perucas ou de seus famosos apliques. “Acho importante que mulheres e homens vejam e apreciem a beleza em seus corpos naturais“, explicou. À publicação, revelou ter passado por uma gravidez de risco, no caso da gestação dos gêmeos; comentou a aceitação do corpo pós-parto e contou sobre como superou os conflitos no relacionamento com o marido Jay-Z.

A segunda e linda capa de Beyoncé para a edição mais importante do ano da revista (Foto: Divulgação / Vogue)

Depois do nascimento da minha primeira filha, acreditei nas coisas que a sociedade dizia sobre como meu corpo deveria se parecer. Eu coloquei pressão sobre mim mesma para perder todo o peso do bebê em três meses, e agendei uma pequena turnê para garantir que eu faria isso. Olhando para trás, isso foi uma loucura. Eu ainda estava amamentando quando realizei os shows em Atlantic City em 2012. Depois dos gêmeos, eu me aproximei das coisas de forma muito diferente“, começou ela, recordando a gravidez de Blue Ivy.

Natural e maravilhosa! (Foto: Divulgação / Vogue)

Eu estava com 98 quilos, o dia que dei à luz Rumi e Sir. Eu estava inchada de toxemia e estava em repouso por mais de um mês. Minha saúde e a saúde de meus bebês estavam em perigo, então eu tive que fazer uma cesariana de emergência. Passamos muitas semanas na UTI neonatal. Meu marido foi um guerreiro e um sistema de apoio muito forte para mim. Tenho orgulho de ter sido testemunha de sua força e evolução como homem, melhor amigo e pai. Eu estava em modo de sobrevivência e não compreendi tudo até meses depois. Hoje tenho uma conexão com qualquer pai que tenha passado por essa experiência. Foi uma grande cirurgia. Alguns de seus órgãos são deslocados temporariamente e, em casos raros, são removidos temporariamente durante o parto. Não tenho certeza de que todos saibam disso. Eu precisava de tempo para me curar, para me recuperar“, desabafou Beyoncé sobre as dificuldades da segunda gestação.

As declarações de Beyoncé foram agrupadas pela publicação por meio de tópicos… e não através de um formato ‘entrevista’, de perguntas e respostas… (Foto: Divulgação / Vogue)

Durante a minha recuperação, eu me dei amor e cuidado, e aceitei ser mais curvilínea. Eu aceitei o que meu corpo queria ser. Depois de seis meses, comecei a me preparar para o Coachella. Eu me tornei vegana temporariamente, larguei o café, o álcool e todos os sucos de frutas. Mas eu fui paciente comigo mesma e amei minhas curvas mais ressaltadas. Meus filhos e meu marido também. Acho importante que mulheres e homens vejam e apreciem a beleza em seus corpos naturais. É por isso que eu tirei as perucas e extensões de cabelo e usei pouca maquiagem para essa sessão. Até hoje meus braços, ombros, seios e coxas estão mais cheios. Eu tenho uma pequena barriga de mamãe e não tenho pressa em me livrar dela“, comentou a diva sobre como tem aceitado as mudanças de seu próprio corpo.

Mais um clique do jovem Tyler Mitchell (Foto: Divulgação / Vogue)

A cantora que revelou – na canção ‘Sorry’ do álbum “Lemonade” em 2016 – ter sido traída por Jay-Z, também entregou o que fez para solucionar os conflitos de seu casamento. “Eu venho de uma linhagem de relacionamentos mal sucedidos, abuso de poder e desconfiança. Só quando vi isso claramente pude resolver esses conflitos em meu próprio relacionamento. Conectar-se ao passado e conhecer nossa história nos torna tanto machucados quanto lindos. Eu pesquisei minha ascendência recentemente e aprendi que eu venho de um proprietário de escravos que se apaixonou e se casou com uma escrava. Eu tive que processar essa revelação ao longo do tempo. Eu questionei o que isso significava. Eu agora acredito que é por isso que Deus me abençoou com meus gêmeos. A energia masculina e feminina coexistiram e cresceram no meu sangue pela primeira vez. Oro para que eu seja capaz de quebrar as maldições geracionais da minha família e que meus filhos tenham vidas menos complicadas“, declarou.

Sem peruca! O cabelo da diva como é de verdade! Plenaaaaaaa! (Foto: Divulgação / Vogue)

A voz de “Formation” ressaltou ter enfrentado e se fortalecido com os mais diversos tipos de traições: “Eu já passei pelo inferno e estou grata por cada cicatriz. Eu tenho experimentado traições e mágoas de várias formas. Eu tive decepções em parcerias de negócios, bem como pessoais, e todas elas me deixaram sentindo negligenciada, perdida e vulnerável. Através de tudo, eu aprendi a rir, a chorar e a crescer. Eu olho para a mulher que eu era em meus 20 anos e vejo uma jovem crescendo em confiança, mas com a intenção de agradar a todos ao seu redor. Agora me sinto muito mais bonita, muito mais sexy, muito mais interessante. E muito mais poderosa”.

Beyoncé é pela segunda vez a protagonista da capa mais importante do ano da revista (Foto: Divulgação / Vogue)

Em outro momento, Bey explicou o que a fez escolher o jovem fotógrafo para o ensaio da conceituada revista. “Até que haja um mosaico de perspectivas vindas de diferentes etnias por trás das lentes, continuaremos a ter uma abordagem e uma visão estreitas de como o mundo realmente se parece. É por isso que eu queria trabalhar com este brilhante fotógrafo de 23 anos, Tyler Mitchell. Quando eu comecei, 21 anos atrás, me disseram que era difícil estar em capas de revistas porque os negros não vendiam. Claramente isso foi provado um mito. Não só é um afro-americano na capa do mês mais importante para a Vogue , esta é a primeira capa da Vogue clicada por um fotógrafo afro-americano É importante para mim que eu ajude a abrir portas para artistas mais jovens. Há tantas barreiras culturais e sociais à essa entrada que eu gosto de fazer o que posso para nivelar o jogo, para apresentar um ponto de vista diferente para pessoas que talvez sintam que suas vozes não importam“, declarou, lembrando em seguida daquelas que abriram portas para ela.

Maravilhosa é pouco! (Foto: Divulgação / Vogue)

Imagine se alguém não tivesse dado uma chance às mulheres brilhantes que vieram antes de mim: Josephine Baker, Nina Simone, Eartha Kitt, Aretha Franklin, Tina Turner, Diana Ross, Whitney Houston, e a lista continua. Eles abriram as portas para mim e rezo para que eu faça tudo o que puder para abrir as portas para a próxima geração de talentos. Se as pessoas em posições poderosas continuarem a contratar e projetar apenas pessoas que se pareçam com elas, soem como elas, venham dos mesmos bairros em que cresceram, elas nunca terão um entendimento maior de experiências diferentes das suas. Eles vão contratar os mesmos modelos, expor a mesma arte, lançar os mesmos atores repetidas vezes, e todos nós perderemos. A beleza das mídias sociais é a democracia. Todo mundo tem uma palavra a dizer. A voz de todos conta e todos têm a chance de pintar o mundo a partir de sua própria perspectiva“, apontou.

Amei essa foto… (Foto: Divulgação / Vogue)

Por fim, Beyoncé ainda fez um belo discurso sobre representatividade, leia a íntegra:

Minha mãe me ensinou a importância não apenas de ser vista, mas de me ver. Como mãe de duas meninas, é importante para mim que elas também se vejam – em livros, filmes… É importante para mim que elas se vejam como CEOs, como chefes, e que elas saibam que podem escrever o roteiro de suas próprias vidas – que podem falar o que pensam. Elas não precisam ser de um certo tipo ou se encaixarem em uma categoria específica. Elas não precisam ser politicamente corretos, contanto que sejam autênticas, respeitosas, compassivas e empáticas. Elas podem explorar qualquer religião, se apaixonarem por qualquer raça e amar quem eles queiram amar.

Eu quero as mesmas coisas para o meu filho. Eu quero que ele saiba que ele pode ser forte e corajoso, mas que ele também pode ser sensível e gentil. Eu quero que meu filho tenha um QI emocional alto, em que ele seja livre para ser cuidadoso, sincero e honesto. É tudo o que uma mulher quer em um homem, e ainda assim não ensinamos aos nossos meninos.

Eu espero ensinar meu filho a não ser vítima do que a internet diz que ele deveria ser ou como ele deveria amar. Eu quero criar melhores representações para ele, de modo que ele possa atingir seu pleno potencial como homem, e ensiná-lo que a verdadeira magia que ele possui no mundo é o poder de afirmar sua própria existência.

Eu estou em um lugar de gratidão agora.

Eu estou aceitando quem eu sou. Vou continuar a explorar cada centímetro da minha alma e cada parte da minha arte.

Eu quero aprender mais, ensinar mais e viver integralmente.

Eu trabalhei muito para conseguir chegar a um lugar onde eu possa escolher me cercar daquilo que me preenche e me inspira”.