O julgamento de Sean “Diddy” Combs continua, e nesta segunda-feira (19), novas testemunhas prestaram depoimento, incluindo Kerry Morgan, ex-amiga de Cassie Ventura. Em seu relato ao júri, Morgan afirmou que Diddy perseguiu a ex-namorada após agredi-la em um hotel de Los Angeles e chegou a tentar arrombar a porta do apartamento da cantora com um martelo.
Segundo Morgan, o episódio ocorreu em março de 2016. Ela contou que estava hospedada no apartamento de Cassie, na véspera da pré-estreia de um filme, quando a cantora chegou em casa com um olho roxo — ferimento que, segundo ela, foi resultado das agressões sofridas por Cassie durante a estadia no hotel InterContinental com o rapper. O ataque teria sido registrado pelas câmeras de segurança do local.
Cerca de 30 minutos após Cassie chegar em casa, Diddy apareceu no prédio. De acordo com o depoimento, o magnata da música — que responde por tráfico sexual e outros crimes — tentou arrombar a porta com um martelo. Kerry disse ter espiado pelo olho mágico e ficou apavorada ao vê-lo martelando a entrada.
Durante o incidente, de acordo com o relato, Cassie aparentava estar “entorpecida” e permaneceu sentada no sofá, sem reagir à tentativa de invasão. Morgan declarou ao júri que, naquele momento, acreditava que a cantora “não se importava se Diddy entrasse e a matasse”.
A tentativa de invasão teria sido frustrada, e Diddy deixou o local pouco antes da chegada da polícia. Ainda segundo Kerry, Cassie se recusou a cooperar com os agentes, que foram embora em seguida.
A testemunha afirmou, ainda, ter presenciado o rapper agredindo fisicamente Cassie em pelo menos duas outras ocasiões, nas quais ele teria puxado os cabelos da namorada, além de chutá-la e empurrá-la.

Ameaças de morte
Outra depoente desta segunda (19) foi a cantora Dawn Richard, ex-integrante do grupo Danity Kane. Ela relatou ter sido ameaçada de morte por Diddy após presenciar um episódio de violência contra Cassie.
Richard afirmou que, um dia depois de ver o rapper agredir Cassie com socos, chutes e até uma frigideira, ele a procurou e a ameaçou, dizendo que ela e uma segunda testemunha “poderiam desaparecer” caso não ficassem em silêncio.
Questionada pela procuradora-assistente dos EUA, Mitzi Steiner, sobre o significado da ameaça, Richard respondeu: “Que poderíamos morrer”.
A artista relatou que tudo aconteceu quando ela começava a colaborar com Diddy no projeto Dirty Money — trio formado por ela, Combs e outro cantor de R&B. Ela afirmou que as agressões a Cassie eram frequentes, especialmente quando a cantora expressava qualquer opinião. “Outras vezes, podia ser aleatório. Nem sabíamos de onde vinha. Ele a socava, a estrangulava, a arrastava, dava tapas na boca. Eu o vi chutá-la, dar um soco na barriga dela”, contou.
Ainda segundo Richard, Cassie costumava usar maquiagem pesada, roupas específicas e óculos escuros para esconder os ferimentos, que incluíam hematomas no rosto, olhos, lábios, braços e joelhos. A cantora também acusou a equipe de Combs, incluindo seus seguranças, de serem coniventes com as agressões: “Eles não reagiam. Não faziam nada”.

Controle e sabotagem da carreira de Cassie
Durante o depoimento, Richard também corroborou as alegações de Cassie Ventura sobre sabotagem profissional. Cassie havia declarado na semana anterior que, apesar de continuar indo ao estúdio e trabalhando em novas músicas, Diddy se recusava a lançá-las. “Ele era o responsável pela carreira dela”, afirmou Kerry Morgan.
Dawn Richard reforçou que a cantora frequentemente demonstrava frustração com a falta de lançamentos e revelou que Combs reagia com raiva — e, por vezes, violência — sempre que ela ou outros artistas tentavam ajudar Cassie a compor ou desenvolver seu trabalho musical.
“O Sr. Combs não gostava disso quando conversávamos com Cassie e, muitas vezes, nós pagávamos por isso. Se você não se mantivesse na linha, havia consequências”, declarou.
Confrontada pela advogada de defesa Nicole Westmoreland, que insinuou que ela estaria motivada por ressentimento após o fim dos projetos em que participou com Diddy, Richard negou.
Ela destacou que estava triste, não brava, com o fim dos grupos, e que está processando Combs porque ele a maltratou e reteve seus rendimentos.
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