Hugo Gloss

Ex-funcionária da SpaceX acusa Elon Musk de assédio em jato e revela proposta sexual bizarra; empresário reage

Na madrugada desta sexta-feira (20), o site Business Insider revelou que a SpaceX, empresa de transporte espacial fundada por Elon Musk, teria pago US$ 250 mil (cerca de R$1,2 milhão) a uma comissária de bordo em um acordo para encerrar uma acusação de assédio sexual contra o bilionário.

De acordo com entrevistas e documentos obtidos pelo veículo, o caso foi relatado por uma comissária de bordo que fazia parte da tripulação da frota de jatos corporativos da SpaceX. A mulher, que não teve seu nome revelado, acusou Musk de expor seu pênis ereto e passar a mão em sua perna sem consentimento e, ainda, de lhe fazer uma proposta um tanto bizarra.

O episódio, que segundo a reportagem aconteceu em 2016, foi relatado em uma declaração assinada por uma amiga da aeromoça e elaborada em apoio à acusação da vítima em questão, que também teria compartilhado trocas de e-mails e outros registros da situação. Nos documentos, a comissária confidenciou à amiga que, após assumir o cargo, ela foi incentivada a se especializar como massagista, para que pudesse atender Musk durante as viagens.

Foi então que, durante uma massagem em uma cabine particular do jato Gulfstream G650ER, Musk teria feito uma proposta um tanto quanto surpreendente, de acordo com o depoimento. Elon supostamente a ofereceu um cavalo em troca de uma massagem erótica. Na denúncia, a amiga da comissária de bordo detalhou o incidente, que aconteceu durante um voo para Londres.

“Quando ela chegou, Musk estava completamente nu, exceto por um lençol cobrindo a metade inferior de seu corpo”, disse ela. “Durante a massagem, Musk expôs seus genitais e depois a tocou e se ofereceu para comprar um cavalo se ela ‘fizesse mais’, referindo-se à realização de atos sexuais”, explicou. A atendente, que anda a cavalo, supostamente recusou e continuou com a massagem sem se envolver em nenhum ato sexual com o dono da Tesla. Segundo a amiga, a comissária de bordo “não estava à venda“. “Ela não vai fazer favores sexuais por dinheiro ou presentes”, concluiu.

Em entrevista ao Insider, a amiga da vítima descreveu com mais detalhes as alegações. “Ele mostrou o pênis, estava ereto. E ele começou a fazer propostas a ela, como se ele tocasse sua coxa e lhe dissesse que compraria um cavalo para ela. E ele basicamente tentou suborná-la para realizar algum tipo de favor sexual”, reforçou.

Na época, a comissária de bordo pontuou à amiga que a quantidade de trabalho começou a diminuir depois que ela recusou as investidas de Elon. “Antes do incidente, ela considerava o Sr. Musk uma pessoa admirável”, disse a amiga, na denúncia. “Mas depois que ele se expôs, a tocou sem permissão e se ofereceu para pagar por sexo, ela ficou cheia de ansiedade”, lamentou. “Ela imaginou que as coisas poderiam voltar ao normal e ela fingiria que nada aconteceu. No entanto, ela começou a se sentir como se estivesse recebendo algum tipo de retaliação quando seus turnos foram reduzidos e ela estava começando a se sentir muito estressada”, recordou.

Eventualmente, a atendente sentiu que “estava sendo expulsa e punida por se recusar a se prostituir“, alegaram os documentos. Após a denúncia, a empresa espacial teria “comprado o silêncio” da ex-funcionária em um acordo, finalizado em 2018, no qual ela recebeu US$ 250 mil (cerca de R$1,2 milhão) para encerrar a acusação de assédio sexual contra o bilionário.

Empresário se pronuncia

Após obter os documentos sobre a denúncia, o Business Insider entrou em contato com Musk para esclarecer o caso. O site norte-americano, no entanto, teria recebido um e-mail do empresário pedindo mais tempo para que pudesse se pronunciar sobre as alegações. De acordo com Elon, “havia muito mais nessa história” do que o veículo imagina. “Se eu estava inclinado a me envolver em assédio sexual, é improvável que esta seja a primeira vez em toda a minha carreira de 30 anos que isso venha à tona”, afirmou ele.

No entanto, em seu perfil no Twitter, o dono da Tesla declarou que as alegações são “totalmente falsas” e reforçou que os “ataques” contra ele teriam um viés político, após ter anunciado que votará no partido republicano nas próximas eleições dos EUA. “Os ataques contra mim devem ser vistos através de uma lente política – este é o seu manual padrão (desprezível) – mas nada me impedirá de lutar por um bom futuro e seu direito à liberdade de expressão”, escreveu.

“Em meus 30 anos de carreira, incluindo toda a era MeToo, não há nada a relatar [sobre casos de assédio], mas, assim que eu digo que pretendo restaurar a liberdade de expressão no Twitter e votar nos republicanos, de repente há [algo a reportar]...”, debochou.

Em resposta a mensagens de usuários da plataforma, Musk também fez piada da situação, recuperando uma publicação de 2021, na qual escreveu: “Se houver algum escândalo sobre mim, *por favor* chamem de Elongate”. Na legenda, o sul-africano brincou: “Finalmente, podemos usar Elongate como nome de um escândalo. É meio que perfeito”.

Vinda ao Brasil

O escândalo eclodiu às vésperas da vinda de Musk ao Brasil, nesta sexta-feira (20). Segundo o ministro das Comunicações, Fábio Faria, na hora do almoço, ele deve se encontrar com o presidente Jair Bolsonaro (PL) em um hotel no interior de São Paulo, “para tratar com o governo brasileiro sobre Conectividade e Proteção da Amazônia“.

Por volta das 9h, o perfil que monitora os voos do jato de Musk revelou que ele pousou em terras brasileiras. O bilionário chegou em um aeroporto privado de São Roque, a cerca de 70 km de SP, 40 minutos antes do avião presidencial, que aterrissou no mesmo local. A reunião irá acontecer no Hotel Fasano de Porto Feliz (SP), a cerca de 50 km do aeroporto.

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