Quase uma semana depois de ter sido detido no Catar, Fábio Rabin quebrou o silêncio sobre o triste episódio. Em sua apresentação de stand-up comedy, no sábado (10), o influenciador fez piada com a apreensão e tranquilizou seus fãs.
“Esse é o primeiro show que eu tô fazendo em São Paulo depois de um pouquinho de exposição“, pontuou. “Eu vim tranquilizar vocês, não aconteceu nada demais, tá? Fui apenas entregar um pen drive para a polícia do Catar. A vida é um karma, né? P*ta que pariu, de tanto fazer piada com o Bolsonaro, eu acabei dando PT, essa é a verdade“, brincou. Ele fazia alusão à justificativa dada pelo filho de Jair Bolsonaro, Eduardo, depois de ser filmado pelas câmeras oficiais da FIFA assistindo ao jogo entre Brasil e Suíça, em 28 de novembro.
“P*ta mico, velho, p*ta maior mico da minha vida até agora – espero que seja só esse”, definiu. “Eu fui chamado para ir pra Copa, né? Tive que negociar com a minha esposa, porque é um mês de evento corporativo e a gente tá comprando casa. E aí, mano, falei: ‘vou pra Copa!’. Ela falou ‘que? Sozinho você não vai pra Copa’. Eu falei ‘eu vou’; ela falou ‘você não vai pra Copa!’. Eu me senti muito o Gabigol, tá ligado?“, soltou, sobre o jogador que não foi escalado para a seleção.
“Eu falei: ‘amor, relaxa! A Copa é no Catar, país que você nem pode beber direito’… Como vocês puderam ver, arrumei um jeito!“, disparou, levando a plateia aos risos.
Logo em seguida, ele começou a explicar, de fato, como tudo aconteceu. “Bom, tinha duas torcidas organizadas do Brasil, certo? E eu fazia parte de uma delas – a minha torcida organizava umas festinhas, esquentinhas, sabe? E eu me comportei. (…) No começo, o máximo que eu tinha feito era ter jogado o sheik ali pra cima, mas tava bem. No último dia, tava me dando uma alegria, eu pensei: ‘cara, vou voltar pra casa, ver as meninas… Vou curtir, no último dia, vou dar uma extrapoladinha‘”, relembrou.
“Era open bar. O jogo era as 19h, cheguei lá às 13h para ajudar a organizar, aí me deram uma breja (cerveja) e eu comecei a tomar, né? Calor do deserto. Tomei a cervejinha, fui pro uísque. Tomei um pouquinho e fiquei bastante alegre, na frente da polícia. E aí, meu drama começou. Quando você vai entrar no estádio, você tem que mostrar o celular com o aplicativo da FIFA e um visto, né? Só que é muito difícil fazer isso quando você não tá legal. Daí eu já me enrolei”, revelou. Ele, então, teria começado a imitar o jeito que um funcionário do local falava.
Em seguida, continuou: “Aí eu abracei ele pra dançar, e ele foi me levando pra uma salinha. Me botou numa tenda… Entrei na p*rra da tenda, sentei na tenda e tal, não tava entendendo, tava alegre. Falei: ‘Cara legal, né?’. Sentei na tenda e dormi um minutinho. Quando eu abri o olho, eu tô numa tenda com 15 policiais árabes. Nessa hora, eu falei: ‘opa, eu vou para o jogo’. O cara já meteu a mão no meu peito e falou para eu sentar“.
Depois de meia hora no lugar, alguém da alta patente da polícia chegou na tenda. “Começou a me dar um pânico, um pavor desses caras“, relembrou, acrescentando que uma outra pessoa – com semblante desesperado – havia sido detida.
Uma hora e meia depois, Rabin teria começado a “elaborar um plano de fuga“. “O sargento pegou meu celular e botou na minha cara pra desbloquear. (…) Ele começou a ver minhas contas, meus vídeos, e daí ele jogou em cima da mesa e estava perto de mim, eu vi que estava no Instagram. Aí eu tive uma brilhante ideia! Falei: ‘vou me salvar com meu público!’“, disse, explicando o motivo de sua primeira live do dia.
“Nesse momento que abriu a live, a minha mulher viu e entrou em contato com um cara que estava comigo. (…) Aí chegou cinco caras da torcida, rolou um movimento e o chefe de polícia viu que umas 500 pessoas entraram na live“, informou. Neste momento, o agente teria perguntando quem seria o comediante. Com a movimentação, no entanto, os policiais optaram por liberá-lo – mas Fábio não quis ir sem a outra pessoa que foi detida. Cerca de uma hora e meia depois, um jornalista do UOL entrou na tenda e, finalmente, o brasileiro foi solto. Em seguida, ele abriu outra transmissão para falar do ocorrido. Veja:
A primeira live surpreendeu os seguidores e foi interrompida às pressas, quando um dos agentes colocou as mãos no celular. De acordo com o humorista, sua postura irritou os policiais. Segundo Rabin, as autoridades também teriam deixado uma arma próxima dele o tempo todo. Assista abaixo:
Alguem sabe se essa live do @fabiorabin era zoeira? Nao me pareceu. Tomara que esteja tudo bem. #FabioRabin pic.twitter.com/PJMXE2RnJP
— Léo Brasusa (@leobrasusa) December 5, 2022
Já em seu segundo vídeo, Fabio deu um depoimento emocionado sobre tudo o que viveu. “Eu tô feliz que eu não estou morto. Juro por Deus. Eu fiquei trancado numa sala. Eu fiquei trancado numa sala com esses caras. Liguei uma live lá e acho que se eu não tivesse ligado a live eu tava morto a essa hora, eu e um cara. Tem um negão que está dentro dessa p*rra. E eu quase morri porque eu tentei ajudar o cara também. Uma hora eles me liberaram. Eu mandei ‘esse cara tá comigo também’. Eu quase perdi a minha vida para tentar ajudar o cara. Desculpa o desespero também”, afirmou ele, aos prantos.
Em meio às lágrimas, Rabin contou como teve medo de perder a vida e nunca mais ver a filha, Beatriz. “Os caras falaram ‘e aí, tá sóbrio?’. A gente está aqui, no meio do rolê. Os caras me colocaram dentro de uma sala e falaram: ‘vai, sorri’. E eu sou judeu, tá ligado? Eu fiquei sorrindo e fiquei com muito medo de perder a minha vida. Eu juro que não sou sensacionalista. Eu quero que se f*da essa m*rda. Não. Eu vou deletar a minha rede. Eu não sou sensacionalista. Eu só fiquei com medo de perder a minha vida. Eu quero ver a minha filha. Só isso. Só quero ver a minha filhinha junto comigo. Esse país de b*sta, do c*ralho. Eu não estou bem. Se não fosse a minha live eu estava morto”, disse o humorista no vídeo, já deletado.
Na ocasião, o comediante contou que pretendia denunciar o episódio e que entraria em contato com a embaixada brasileira. Quanto ao homem detido com Rabin, citado pelo humorista no vídeo, a polícia do Catar informou que ele estava preso por vender ingressos ilegalmente nas redondezas do estádio.
Mais calmo, ele tornou a falar do assunto num novo vídeo e deu mais detalhes do que levou à detenção. “Desculpa o susto aí, pra qualquer um”, disse ele, que logo foi interrompido por um interfone. “C*ralho, tomara que não seja a polícia”, brincou. “Tentei me comunicar aqui com os locais, não consegui, pra falar do meu ingresso, sobre o setor que eu tava. Não deu certo. Acabei ficando preso numa salinha, me desesperei. Minha arma foi ligar uma live ali, e é isso. No Brasil, a gente conversa mais”, mencionou.
https://twitter.com/midiasso/status/1599923236803952641?s=46&t=jxSgNvYj1Ws27pDmC_Uzdg
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