Hugo Gloss

Fabiula Nascimento revela caso de violência doméstica na família, e por que não convive com o pai: “Anos trabalhando o perdão”

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Foto: Estevam Avellar/TV Globo

Um depoimento corajoso e inspirador… Durante sua participação no podcast “Calcinha Larga”, de Tati Bernardi, Camila Fremder e Helen Ramos, a atriz Fabiula Nascimento abriu o coração sobre o histórico de violência doméstica que ela e sua família viveram por causa do pai. No bate-papo, divulgado no dia 8 de setembro, a artista revelou como encara esse capítulo de sua vida atualmente, e enalteceu sua mãe Marinha Peixer por tê-la ensinado a se proteger de qualquer tipo de relacionamento abusivo.

A conversa começou justamente por esse ponto, após Tati Bernardi ter explicado que não encontrou muitas informações sobre a família de Fabiula para produzir o roteiro do episódio. Foi então que a atriz começou a falar de tudo que viveu. “Minha mãe é uma pessoa que teve pouquíssimas oportunidades na vida. Ela sofreu muito, no relacionamento, na vida e em casa. Não foi uma vida fácil. Mas é uma mulher que mantém uma alegria assim, tão potente”, disse Nascimento.

“O melhor ensinamento que ela me deu foi ter felicidade por estar viva e não ser a mulher que ela foi. Submissa, engolia a violência. Eu olhava aqui e pensava que não queria ser aquela mulher. Isso foi o maior ensinamento que a minha mãe me deu. Ela me preparou para uma vida em que eu nunca passasse por isso. Para que eu imediatamente identificasse pessoas violentas e não deixasse que elas cruzassem o meu caminho. Então ela me deu a vida. É o meu amor. Ela é uma pessoa extremamente amorosa e isso não endureceu, sabe?”, declarou.

Em seguida, Fabiula Nascimento detalhou que o problema principal estava ligado às violências sofridas em casa com o pai, e que, até então, ela tinha preferido não expor nada disso, até mesmo como uma forma de “protegê-lo”. “Em relação à paternidade, eu não falo mesmo. Porque não foi legal. Gente, eu nunca falei sobre isso. Mas é uma coisa que eu sempre tive vontade de falar. Eu acho, hoje em dia, por ele estar vivo e pela violência já ter prescrito, com o mundo de internet que a gente vive e essa coisa ruim que ela também traz do ódio gratuito, eu não desejo nunca que ele sofra nenhum tipo de violência escrita ou que alguém olhe e fale: ‘Ai, sabe esse cara’. Isso não interessa mais”, contou.

A atriz, que está grávida de gêmeos, fez questão de explicar que não se tratava de “passar pano” ou minimizar o que aconteceu, mas dentro do processo dela pessoal de evolução, já não fazia sentido trazer isso à tona de uma maneira agressiva. “São anos trabalhando o perdão e desejando as melhores coisas para esse homem, para que ele siga e esteja bem. Sempre foi o meu trabalho espiritual na vida. Não faço uma terapia convencional, sou da terapia holística, há pelo menos uns 8 anos”, destacou.

“Venho trabalhando isso. Hoje, tenho ele num lugar do meu coração super cuidadinho, sabe? Abracei aquela criança, porque ele também já foi criança, né? Ele também passou dificuldades. E a gente segue. Mas eu não convivo e não tenho nenhuma intenção em conviver”, esclareceu.

No bate-papo, a atriz e as apresentadoras entraram numa reflexão mais profunda a respeito do machismo na sociedade, e como as atitudes de seu pai também são frutos da perpetuação dessa cultura através das gerações. “Você não pode dar aquilo que você não tem, cara. [Ele teve] Vários irmãos, entendeu? Cada um tem uma vida e uma história. A gente vem aqui para viver e aprender essas paradas. Eu como filha e como pessoa legal vivo neste lugar hoje. Quando alguém diz que eu devia contar a minha história de violência doméstica, penso que hoje não vai fazer sentido eu falar. Posso falar dessa experiência, mas não preciso dar nome a este homem”, avaliou.

Fabiula Nascimento está grávida de gêmeos, frutos do seu relacionamento com Emilio Dantas. Foto: Reprodução/Instagram

A discussão também defendeu que a vítima de qualquer tipo de trauma ou algo parecido tem a autonomia para decidir se quer “mexer nas feridas”. “Tem um tempo também. De repente, daqui a 30 anos eu queira falar sobre isso, queira fazer uma peça de teatro que conte alguma coisa relacionada. De estar presente e ajudar as pessoas [que viveram algo parecido], a gente sempre tá disponível. Mas eu sempre sinto que essa história ficou para lá, sabe? Meu passado não me pertence, eu vivo hoje”, disse Fabiula Nascimento, acrescentando que falar disso também afeta outras pessoas. “Não falaria só da minha experiência, envolve meu irmão, minha mãe, envolve ele que é meu pai, envolve esse núcleo. E eles não tem nada a ver com a minha profissão, as decisões que tomei na minha vida”, disse.

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