Nesta quinta-feira (5), o irmão de Marília Mendonça se manifestou a respeito do inquérito da Polícia Civil de Minas Gerais sobre a queda do avião que vitimou a cantora e mais quatro pessoas. As autoridades atribuíram a responsabilidade do acidente aos pilotos, que não conheciam a região da Serra da Caratinga. Segundo João Gustavo, porém, a justiça ainda não foi feita. O advogado da família também criticou a conclusão da polícia, apontando que “perguntas não foram respondidas”.
Em conversa com o colunista Lucas Pasin, do UOL, o irmão da cantora afirmou que a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) também deveria ter sido responsabilizada. De acordo com o relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticas (Cenipa), a aeronave colidiu contra uma linha de distribuição da empresa, o que foi considerado o “fator preponderante” da queda.
“Faltou transparência. Para a família continua a dúvida. Achamos que para eles foi cômodo culpar os pilotos e isentar a companhia energética de Minas Gerais. Eles mesmo se culparam sinalizando os fios de alta tensão após o acidente. Isso é um fato, e contra fatos não há argumentos”, disse João Gustavo.
Segundo ele, os familiares seguirão na busca por respostas. “Assim que o inquérito for entregue ao poder judiciário, iremos acompanhar e indagar certas questões que ainda não foram respondidas. Minha mãe, assim como eu, espera respostas claras e objetivas. Acreditamos que a justiça ainda não foi feita e o caso não foi solucionado”, concluiu. O piloto Geraldo Medeiros e o copiloto Tarciso Pessoa Viana também morreram na queda, por isso as autoridades pedirão o arquivamento do caso.
Em nota ao jornal O Globo, o advogado da família de Marília, Robson Cunha relatou que os argumentos apresentados pelas autoridades na conclusão do inquérito foram “rasos”. Ele ainda apontou um “direcionamento para imputar aos tripulantes a responsabilidade exclusiva para a causa do acidente”. “O que nos deixa com mais dúvidas do que com respostas, é o fato de terem sido apresentados argumentos ‘rasos’ da ocorrência. O delegado responsável não demonstrou esforços para apresentar provas periciais capazes de ultrapassar alegações comuns e midiáticas acerca do caso”, explicou.
O comunicado ainda criticou a demora da Polícia Civil para terminar as investigações e a falta de “provas técnicas”. O acidente aconteceu em novembro de 2021, enquanto os policiais entregaram o inquérito nesta quarta-feira (4).
“Essa demora apenas fez estender aos familiares uma angústia pela espera e a ineficiência do Estado de Minas Gerais em manter sob sua guarda o material do inquérito policial que era sigiloso, permitindo que um policial divulgasse na internet fotos do exame de necropsia da artista Marília Mendonça”, continuou o texto. No mês passado, André Felipe de Souza Alves Pereira foi condenado pela Justiça do Distrito Federal por ter vazado fotos da autópsia dos sertanejos Gabriel Diniz e Marília Mendonça.
Robson Cunha afirmou que os policiais também se negaram a fornecer uma cópia integral dos autos do inquérito. “Portanto, ainda não temos ciência dos termos da conclusão”, concluiu o advogado. Para ele, três questões cruciais ficaram sem respostas: “Por que não foi respeitada a normativa internacional que obriga a sinalização nos cabos de energia existentes entre vales? Por que a localização do aeródromo nas coordenadas que são disponibilizadas aos pilotos pelos órgãos competentes estava errada? A quem competia a obrigação de fiscalizar a sinalização nos cabos de energia?”.
Conclusão da PCMG
De acordo com o delegado de Caratinga, Ivan Lopes, o caso foi classificado como homicídio culposo (quando não há intenção de matar) triplamente qualificado por parte do piloto e do copiloto, com a impunibilidade por conta da morte de ambos. Fatores como um mal súbito dos pilotos, qualquer falha mecânica ou um possível atentado foram descartados.
As autoridades apontaram que foi constada negligência, já que os pilotos “dispunham de procedimentos para fazer uma análise prévia do local”. “Na medida que as provas foram sendo conduzidas, caminhamos para uma negligência e imprudência dos pilotos, que gerou a queda. É fato que a aeronave se chocou com a torre, que não era sinalizada. O fato de não ser sinalizada poderia prejudicar a visão dos pilotos, mas não era obrigatório ter a sinalização”, afirmou Ivan Lopes. Clique aqui para saber os detalhes.
Ainda nesta quarta (4), o advogado que representa a família do piloto Geraldo Medeiros declarou que as conclusões da corporação sobre a causa do acidente são “absurdas” e “injuriosas”. Segundo Sérgio Alonso, a conclusão de que o acidente foi causado por falha dos profissionais não é baseada em provas técnicas. “O acidente ocorreu pela falta de sinalização da rede, pela ausência de carta de aproximação visual e por essa rede estar colocada na mesma altura do tráfego padrão, que é de mil pés”, afirmou. Clique aqui para ler mais.