Marília Mendonça: Defesa da família do piloto se revolta com conclusão da polícia: “Falaram absurdos”

O acidente aéreo aconteceu em Caratinga, em Minas Gerais, em novembro de 2021. As autoridades atribuíram a responsabilidade da queda aos pilotos, que não conheciam a região

Marília Mendonça Acidente Aéreo

Nesta quarta-feira (4), quase dois anos após o acidente aéreo que matou Marília Mendonça e outras quatro pessoas, a Polícia Civil de Minas Gerais apontou que a queda do avião ocorreu por falha do piloto, Geraldo Medeiros, e do copiloto, Tarcísio Pessoa Viana. Em entrevista ao UOL, o advogado que representa a família de Geraldo declarou que as conclusões da corporação sobre a causa do acidente são “absurdas” e “injuriosas”.

Durante coletiva de imprensa, segundo o g1, o caso foi classificado pelos policiais como homicídio culposo (quando não há intenção de matar) triplamente qualificado por parte do piloto e do copiloto, com a impunibilidade por conta da morte de ambos. Fatores como um mal súbito dos pilotos, qualquer falha mecânica ou um possível atentado foram descartados.

Entretanto, segundo Sérgio Alonso, a conclusão de que o acidente foi causado por falha dos profissionais não é baseada em provas técnicas. “O acidente ocorreu pela falta de sinalização da rede, pela ausência de carta de aproximação visual e por essa rede estar colocada na mesma altura do tráfego padrão, que é de mil pés”, afirmou o advogado.

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O acidente aconteceu em 5 de novembro de 2021. (Fotos: Reprodução/Instagram; BandNews TV)

Alonso acrescentou, ainda, que os delegados não têm conhecimento sobre aviação e, por esse motivo, a conclusão não é válida. “Os delegados concluem sem conhecer nada de aviação, falaram absurdos sobre velocidade, zona de proteção. Eles concluem que os culpados são os pilotos que foram mortos e ainda atribuem a eles triplo homicídio culposo, se arvorando na posição de juízes”, acusou ele.

O acidente aconteceu no dia 5 de novembro de 2021 e causou a morte da sertaneja Marília Mendonça, então com 26 anos, e outras quatro pessoas. O avião de pequeno porte caiu numa área de difícil acesso na Serra de Caratinga, em Minas Gerais. A cantora estava a caminho da cidade para uma apresentação que aconteceria no dia da tragédia. Além da artista, morreram também o produtor Henrique Ribeiro, seu tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho, o piloto Geraldo Medeiros e o copiloto Tarciso Pessoa Viana.

Marília morreu na queda do avião. (Foto: Leo Franco / Agnews)

No momento da aproximação do aeroporto, a aeronave atingiu uma torre de transmissão de energia. De acordo com o médico-legista Thales Bittencourt de Barcelos, os ocupantes morreram com o choque do avião contra o solo, já que bateram as cabeças e os corpos no impacto. Além disso, o médico disse que foram feitos exames extras com amostras coletadas das vítimas e os resultados foram negativos no teste toxicológico e de teor alcoólico.

Exames anatomopatológicos também foram realizados para detectar se as vítimas tinham alguma doença pré-existente que pudesse ter interferido nas mortes, mas nada foi constatado. As mortes aconteceram depois que todos já estavam no chão.

O bimotor Beech Aircraft, da PEC Táxi Aéreo, de Goiás, prefixo PT-ONJ, com capacidade para seis passageiros, estava em situação regular e tinha autorização para fazer táxi aéreo, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

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As autoridades apontaram, ainda, que foi constatada negligência por parte dos pilotos, já que eles “dispunham de procedimentos para fazer uma análise prévia do local” antes de começarem a descida – procedimento requerido no caso de pouso sem auxílio de torre de comando.

Devido à morte dos pilotos, o inquérito será enviado à Justiça com recomendação de arquivamento, confirmou a polícia mineira.

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