Fernanda Torres se pronunciou sobre a “onda de ódio” na internet em meio à sua campanha para o Oscar deste ano, com “Ainda Estou Aqui“. Em entrevista à Vogue norte-americana, divulgada nesta terça-feira (13), a atriz reagiu às controvérsias que envolveram o seu nome e o de Karla Sofía Gascón, estrela de “Emilia Pérez“. Ela ainda lamentou as polêmicas, definindo-as como “realmente chocantes”.
“É um jeito novo, com a violência e o poder da internet. O Brasil é muito, muito forte na internet. Os artistas no Brasil tiveram que aprender a navegar nessa coisa selvagem nos últimos 10 anos. Os artistas foram alvos de notícias falsas, de agressividade. Ao mesmo tempo, a internet é maravilhosa para uma artista independente como eu, pois me permite lançar minhas peças e livros”, analisou Fernanda.
A atriz não citou nomes ao reprovar a repercussão do caso nas redes sociais. “Estou em choque com o que aconteceu. É triste, é realmente chocante. Mas sou totalmente contra a cultura de ódio na internet. Eu era um alvo, e sempre lutei contra isso”, afirmou. Como se sabe, no mês passado, circularam notícias de que Gascón teria criticado as campanhas on-line de Torres. A atriz chegou até a apontar uma possível manipulação por parte da equipe da brasileira.
Divulgação intensa
Na entrevista, a intérprete de Eunice Paiva também desabafou sobre a montanha-russa que tem sido divulgar o longa mundo afora. “Tenho trabalhado tanto na campanha do filme, é sobre-humano. Viajo sete horas aqui, cinco horas ali, 20 horas, fazendo exibições, perguntas e respostas. O filme nunca teve dinheiro para grandes outdoors; era uma luta de guerrilha, homem a homem”, confessou.
“E fora do Brasil, ele não tinha sido lançado antes de janeiro, então as pessoas só ouviram falar dele em festivais ou exibições especiais. E então teve a surpresa do Globo de Ouro, mas nem tivemos tempo de comemorar porque Los Angeles estava pegando fogo no dia seguinte e eu tive que evacuar. No meio dessa tragédia, você recebe algo maravilhoso, mas segue em frente. Não há tempo”, refletiu Fernanda.
Conselho de mãe
A artista também foi questionada se recebeu algum conselho da mãe, a atriz Fernanda Montenegro, para os eventos internacionais. Isto porque a veterana esteve na mesma posição que a filha 26 anos atrás.
“É diferente agora porque é muito mais global. Os eleitores da Academia estão em todo lugar. Quando ela fez isso, eles eram principalmente americanos. Eu vi o que aconteceu com ela: ela foi sequestrada por meses, de certa forma. Ela sempre dizia: ‘Eu pensei que estava fazendo um pequeno filme brasileiro, e de repente eu estava no meio de um furacão'”, recordou.
Fernanda Torres também se divertiu ao revelar o que pretende fazer após o Oscar. “Dormir (risos)“, disparou. Contudo, ela acabou antecipando um novo trabalho. “Eu escrevi uma série de seis partes com a qual estamos negociando, e escrevi um roteiro para um filme. Tenho minha vida como sempre foi. Não sei se vai ser diferente. Acho que não”, ponderou.
Apesar de querer o descanso merecido, a atriz disse que abriria uma exceção para uma produção em específico. Algo que Torres ainda não teve a oportunidade de estrelar. “Tem um conto do [José Maria de] Eça de Queirós, um escritor português do século XIX, que é uma versão darwinista do Gênesis. Eu adoraria fazê-lo no teatro. É um projeto longo, e as coisas continuam acontecendo, mas preciso fazê-lo. É inacreditável, uma das coisas mais lindas que já li”, confessou, por fim.
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