Em nova entrevista à Veja, divulgada neste sábado (12), Júlia Naspolini revelou detalhes da última conversa que teve com a mãe, a repórter Susana Naspolini, que faleceu em outubro deste ano, vítima de câncer.
No papo com a jornalista Sofia Cerqueira, a jovem contou como foram os últimos momentos da querida repórter no hospital, poucos dias antes de morrer, e o que a motivou a pedir orações aos fãs da mãe. “Quando o médico me disse, quatro dias antes de ela nos deixar, em 25 de outubro, que o quadro era gravíssimo, não pensei duas vezes. Como ela nunca perdeu a fé, gravei um vídeo e postei nas redes pedindo orações, que agradeço muito”, relembrou Júlia.
Essa teria sido a última vez em que a Susana se comunicou com a filha. “Naquele dia, já extremamente debilitada, ela falou comigo pela última vez. Queria que ficasse a seu lado, e eu não larguei sua mão. Mas não deu. Ela se foi aos 49 anos”, lamentou a jovem.
Com apenas 16 anos, Júlia admitiu que enfrenta dificuldades para lidar com as perdas, mas se inspira na força da mãe, que sempre enfrentou os desafios de frente. “Há momentos em que estou bem, em outros, nem tanto. Minha mãe, meu grande exemplo, me fez ser forte. Desde pequena, acompanhei de perto sua luta contra o câncer. Com aquela mesma disposição e otimismo com os quais fazia as reportagens que ajudavam a resolver os problemas de comunidades no Rio, ela enfrentava as dificuldades da vida. E não foram poucas”, refletiu.
“Sempre fomos grudadas, adorávamos fazer tudo juntas, o que se intensificou ainda mais depois que meu pai (o jornalista esportivo Maurício Torres) teve uma arritmia cardíaca em um voo do Rio para São Paulo, precisou ser hospitalizado e não resistiu. Morreu em um mês, devido a uma infecção, aos 43 anos. Eu era nova na época e não pude me despedir dele no CTI, como fiz agora com minha mãe”, recordou a jovem. “Ninguém espera enfrentar essas perdas tão cedo, mas sou grata por ter tido um tempo tão intenso e feliz com eles”, admitiu Júlia.
Saudosa, a adolescente recordou a longa batalha de Susana contra a doença e destacou seu legado de força e perseverança. “Ela me ensinou muito. Nunca deixou de lutar. Mesmo quando estava abatida e cansada, era generosa e demonstrava alegria. Foi dela a iniciativa de postar em agosto o vídeo no qual raspei seu cabelo, que já caía. Minha mãe queria mostrar a outras pessoas na mesma situação que não estavam sozinhas”, compartilhou.
Após a perda, Júlia se apoiou na avó materna, com quem vive no Rio de Janeiro. Ela confessou que se emocionou muito ao ver as manifestações de carinho do público após a partida da jornalista. “Antes do enterro, em Santa Catarina, onde minha mãe nasceu, o velório foi aberto ao público no Rio, onde moramos. Ali tive a chance de ver quanto ela era querida, o que me deu muito conforto”, disse ela.
“Vieram pessoas de vários pontos da cidade só para agradecer as matérias que ela tinha feito, ajudando a vida delas. Outras falavam dos livros que escreveu sobre a batalha contra a doença, ou simplesmente estavam lá porque admiravam seu estilo na frente das câmeras”, acrescentou.
Por fim, Júlia falou sobre a relação com a mãe. “Ela [Susana] me fazia rir o tempo todo. Na pandemia, cheguei a ajudá-la a gravar em casa uma matéria sobre a tensão pré-Enem. Roubou todos os meus chocolates para aparecer comendo no vídeo. Nesse último ano, a gente contou com o apoio da família, em especial da minha avó materna, que vive no Sul e ficou na nossa casa. Ainda não sei se continuarei no Rio, mas quero acabar o ensino médio na escola onde sempre estudei, vivendo com minha avó”, contou.
Ela revelou, também, que está em dúvida com relação ao que cursará na faculdade – as opções são Direito, Medicina e Jornalismo – mas reforçou que os pais, mesmo já tendo partido, lhe guiarão nesta decisão. “Não sei se tento medicina, direito ou jornalismo, seguindo os passos dos meus pais. Seja qual for a escolha, os dois já me deram grandes lições, que carrego comigo. Apesar de tudo isso não ser nada fácil, minha maior escolha mesmo é ser feliz como a minha mãe”, concluiu.