Mais conhecida pelo papel de Rafa, em “Mulheres Apaixonadas“, Paula Picarelli já participou de uma seita religiosa liderada por mulheres. Em uma entrevista divulgada pelo O Globo, nesta quinta-feira (24), a atriz de 45 anos recordou o período no qual fazia parte do grupo e explicou como a experiência trouxe consequências para sua vida até os dias de hoje.
“Por um lado, é muito difícil entrar em contato com esse caso, mas por outro é muito divertido também, porque foi tanta maluquice. É um misto de emoções”, descreveu Picarelli, que chegou a escrever um livro sobre o assunto. Lançado em 2018, “Seita – O Dia em que Entrei para um Culto Religioso”, está prestes a ganhar uma segunda edição.
Paula se afastou do grupo há cerca de 15 anos e afirmou que fica contente por poder ajudar pessoas a não repetirem os mesmos erros que ela. “Já teve gente que me escreveu dizendo que, por conta do livro, conseguiu reconhecer as armadilhas antes de entrar numa seita. Isso me alegra, porque eu fui longe demais. Eu sempre tive o perfil CDF e, quando acreditei que aquilo era verdade, fui muito fundo na experiência. Foram oito anos. Posso dizer que tenho mestrado e doutorado no assunto”, brincou.
A artista também apontou que a liderança feminina do grupo pode ter evitado que a situação fosse ainda mais extrema. “Acho que por isso não tivemos casos de abusos sexuais, como é visto em outros. Creio que também por isso essa história nunca veio a público. Eu mesma não tenho coragem de dar nome aos bois. Eu criei uma ficção para contar essa história. Era uma seita com todos os requisitos, incluindo abusos psicológicos e morais e ameaças de morte”, descreveu.
Apesar de manter as integrantes anônimas, Picarelli relatou ter notado um comportamento diferenciado dos antigos membros da seita após a publicação do livro. “Teve quem se identificou com algum personagem e não gostou e quem não se identificou com nenhum e se sentiu excluído”, contou, aos risos.
“Alguns acharam que eu peguei muito leve e outros, que peguei muito pesado. E vários pararam de falar comigo. O que me surpreendeu é que eu achei que todos iriam tirar a mesma conclusão e que iríamos rir juntos disso. Não aconteceu. Acho que algumas pessoas não fizeram essa revisão e a reflexão sobre o ocorrido”, continuou.
Agora com uma filha de 11 anos, Paula deseja que a criança fique à vontade para conversar sobre todos os tipos de assunto com ela. “Eu não imponho nada para ela, só respondo aos questionamentos que ela traz. A gente tem um diálogo franco sobre todas as questões, desde sexualidade a afinidades. Fico emocionada de ver uma pessoa que vai ser menos encucada do que a minha geração. Simplesmente porque a gente não reprime”, concluiu.
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