O início do reinado de Charles III tem sido um tanto conturbado e, segundo o The Guardian, está prestes a ficar ainda mais. De acordo com o veículo, uma boa parcela dos funcionários da Clarence House, residência que o novo monarca do Reino Unido compartilhou com a esposa Camilla Parker Bowles durante anos, foi notificada, nesta segunda-feira (12), que corre o risco de perder o emprego em um futuro bem próximo.
O jornal britânico revelou que cerca de 100 membros da equipe de Charles recebeu uma “notificação de redundância” pouco após a proclamação do novo rei, no sábado (10). O corte no número de funcionários se deve ao fato de que o herdeiro da rainha Elizabeth e sua esposa mudarão seus escritórios para o Palácio de Buckingham, residência oficial e principal local de trabalho do Monarca do Reino Unido em Londres.
Segundo a legislação do país, a notificação trata-se de um “aviso prévio” de demissão, que deve ser dado meses (não apenas dias) antes da data de dispensa do funcionário. Apesar do alerta, as decisões finais sobre quem vai e quem fica no staff de Charles só devem acontecer na próxima segunda-feira (19), após o funeral de Elizabeth II.
A notificação sobre a provável demissão foi entregue enquanto o pai de William e Harry e seus familiares participavam de uma vigília em memória de Elizabeth II, na Catedral de Saint Giles, em Edimburgo.
A lista de potenciais desligados conta com nomes de secretários particulares, funcionários do escritório de finanças, membros da equipe de comunicação e, ainda, empregados domésticos. “As mudanças de funções de nossos superiores também significarão mudanças para nós. Os trabalhos anteriormente realizados nesta casa, que atendiam aos interesses pessoais do ex-príncipe de Gales, não serão mais mantidos”, disseram representantes da coroa, em nota entregue aos funcionários de Clarence House.
O “bilhete” foi assinado por Clive Alderton, secretário pessoal do novo rei, que também reforçou que estão procurando outras soluções para evitar ao máximo as demissões. “Nossos funcionários prestaram um longo e leal serviço e, embora algumas demissões sejam inevitáveis, trabalhamos urgentemente para identificar funções alternativas para o maior número de empregados”, garantiu ele em entrevista à Agence France-Presse.
Alderton reforçou que funcionários que fornecem “apoio e conselhos diretos, próximos e pessoais” de Charles e Camilla poderão manter suas posições na “firma”, termo frequentemente associado ao pai de Elizabeth, o rei George VI, que uma vez teria declarado: “Não somos uma família. Somos uma empresa”.
A atitude recebeu uma série de críticas online e também do sindicato britânico PCS, o sexto maior do Reino Unido, que, em nota, condenou a decisão “implacável” de anunciar demissões “em um período de luto” pela morte de Elizabeth. Apesar do pronunciamento da organização, os funcionários da Clarence House não são representados por nenhum sindicato reconhecido, de acordo com o The Guardian.
O jornal apontou que os conselheiros de Charles pretendiam, em um primeiro momento, adiar o anúncio para depois do funeral de Elizabeth II. Entretanto, após uma consulta jurídica, decidiram fazê-lo o mais rápido possível. Segundo fontes reais, todos os funcionários afetados pelas demissões receberão indenizações “maiores” e a medida entrará em vigor depois de três meses.
Até o momento, não se sabe se Charles e a rainha consorte irão se mudar para Buckingham — o palácio está em reformas e apenas alguns aposentos estão preparados para receber os novos moradores. Em 2017, quando foram questionados sobre os planos para o futuro do reinado de Charles, representantes do até então príncipe de Gales afirmaram que o Palácio de Buckingham continuaria a ser usado como residência oficial do soberano e sede da monarquia, quando ele viesse a ocupar o trono.
A rainha Elizabeth II, que morreu no dia 8, morou por décadas em Buckingham, mas passou grande parte dos seus últimos anos no Castelo de Windsor, perto de Londres.