Mais um capítulo da briga entre Scarlett Johansson e a Disney veio à tona nesta sexta-feira (30). Após a estrela mover um processo contra o grupo The Walt Disney Company nesta quinta-feira (29), e um porta-voz da empresa detonar a decisão, foi a vez do agente da atriz se pronunciar sobre o caso.
Bryan Lourd, co-presidente e agente da Creative Artists Agency, emitiu um comunicado para o site Deadline nesta sexta para rebater as acusações feitas pelo poderoso estúdio contra a intérprete de “Viúva Negra”.
“Quero abordar a declaração da Walt Disney Company que foi emitida em resposta ao processo movido contra eles ontem (29) por nossa cliente Scarlett Johansson. Eles acusaram descarada e falsamente a Sra. Johansson de ser insensível à pandemia global da Covid-19, em uma tentativa de fazê-la parecer alguém que eles e eu sabemos que ela não é ”, iniciou Lourd.
Bryan prosseguiu dizendo que sua agenciada foi parceria com a Disney durante nove filmes e que essas produções renderam bilhões de dólares nas bilheterias mundiais para o estúdio e os acionistas: “A empresa incluiu seu salário em seu comunicado à imprensa na tentativa de demonstrar seu sucesso como artista e mulher de negócios, como se isso fosse algo que ela devesse se envergonhar. Scarlett está extremamente orgulhosa do trabalho do qual ela e todos os atores, escritores, diretores, produtores e a equipe criativa da Marvel fizeram parte por mais de uma década.”
Ele ainda argumentou que a decisão da atriz foi movida após o estúdio violar intencionalmente o contrato com Johansson para que o Disney+ recebesse uma receita maior, deixando os demais de fora da nova porcentagem da bilheteria: “É isso, puro e simples. O ataque direto da Disney à personagem dela e tudo o mais que isso implica está abaixo da empresa com a qual muitos de nós da comunidade criativa trabalhamos com sucesso por décadas.”
O processo
Johansson alegou que houve uma quebra de contrato no lançamento do longa “Viúva Negra” – que chegou ao mesmo tempo nos cinemas e no Disney+, o que teria diminuído o seu cachê como protagonista e decidiu entrar com um processo contra a empresa.
Segundo a ação judicial movida pela atriz, Scarlett conseguiu “uma promessa da Marvel” de que a estreia de “Viúva Negra” seria voltada aos cinemas. Isso porque a remuneração da protagonista seria “em grande parte, baseada nas receitas de bilheteria” do filme. Contudo, não foi o que aconteceu… Após essa condução do público ao streaming, o processo alega que a Disney quis apenas aumentar seu número de assinantes e valorizar o preço de suas ações na bolsa.
O time de Johansson ainda apontou que, em decorrência dos incentivos ao streaming, executivos da Disney teriam faturado milhões de dólares a mais no ano passado. “A divulgação dos resultados financeiros da Disney deixa claro que cada um dos executivos que orquestraram essa estratégia se beneficiará pessoalmente de sua má conduta e da má conduta da Disney”, argumentou o texto.
O processo cita os rendimentos do atual CEO da Disney, Bob Chapek, e de Bob Iger, o presidente executivo. Iger, inclusive, teria recebido a “esmagadora maioria” de sua remuneração anual (de US$ 16,5 milhões, ou cerca de R$ 83 milhões) em ações da empresa. “Em suma, a mensagem da alta chefia foi clara: aumente os assinantes do Disney+, não importa as promessas de contrato, e você será recompensado”, destaca a ação judicial.
O advogado de Scarlett, John Berlinski, também emitiu um comunicado tratando do assunto. “Não é segredo que a Disney está lançando filmes como ‘Viúva Negra’ diretamente no Disney+ para aumentar seus assinantes e assim turbinar o preço das ações da empresa – e isso está escondido por trás do pretexto da Covid-19 para fazer isso”, disse a nota.
“Mas ignorar os contratos de artistas responsáveis pelo sucesso desses filmes, em apoio dessa estratégia míope, viola os direitos deles, e estamos ansiosos para provar isso no tribunal. Esse certamente não será o último caso em que talentos de Hollywood se levantam contra a Disney e deixam claro que, não importa o que a empresa possa fingir, ela tem uma obrigação legal de honrar seus contratos”, concluiu Berlinski.
O que diz a Disney
Horas mais tarde, ainda nesta quinta (29), o Walt Disney Studios também se pronunciou sobre o caso. “Não há qualquer mérito neste processo. O processo é especialmente triste e angustiante em seu desrespeito cruel pelos terríveis e prolongados efeitos globais da pandemia da Covid-19. A Disney cumpriu integralmente o contrato da Sra. Johansson e, além disso, a liberação de ‘Viúva Negra’ na Disney+ com Premier Access aumentou significativamente a sua capacidade de ganhar uma compensação adicional, para além dos US$ 20 milhões (pouco mais de R$100 milhões) que recebeu até a data”, disse o representante da empresa à revista Variety.
Com o lançamento de “Viúva Negra” no Disney+, o longa tornou-se o primeiro blockbuster do streaming e a maior estreia dos tempos de pandemia, chegando a uma arrecadação mundial de US$ 215 milhões (cerca de R$ 1,08 bilhão) apenas no primeiro final de semana. Porém, já na semana seguinte, o filme registrou a maior queda de bilheteria da história da Marvel Studios. Filmes como “Mulan“, “Raya e o Último Dragão” e “Cruella“, seguiram o mesmo modelo de lançamento.