O alemão, Arthur Loibl, um dos tripulantes do Titan em 2021, compartilhou registros de quando esteve próximo aos destroços do Titanic. Em uma entrevista ao Correio Braziliense, publicada nesta quinta-feira (22), o empresário descreveu a experiência de estar a bordo do submarino.
Loibl revelou ter sido o primeiro cliente da OceanGate a comprar a passagem para garantir sua vaga na embarcação, e pagou US$ 110 mil (equivalente a R$ 525 mil). “Eu estive no submersível em 2021. Foi o último mergulho do Titan, além de bem-sucedido. Estavam a bordo comigo Paul-Henry Nargeolet e Stockton Rush (CEO da OceanGate). Acho que era um submersível seguro, mas foi uma experiência”, contou.
Apesar de a sua viagem ter sido bem-sucedida, ele ressaltou que o veículo ainda não estava completamente pronto para realizar uma próxima. “Creio que seriam necessários mais um ou dois anos para tornar a viagem realmente perfeita. Houve alguns problemas menores. Soube que em 2022 detectaram problemas com a bússola e o sistema de navegação. Agora, vimos o que aconteceu. Então, podemos pelo menos dizer que não, o Titan não era seguro”, afirmou o alemão.
“Nós fizemos a descida, tivemos um mergulho perfeito, vimos o Titanic, algo que pouquíssimas pessoas fizeram. Talvez 10 ou 15 pessoas. Nós retornamos com vida, em segurança. Nós tivemos muita sorte!”, completou. “Estar frente a frente com o Titanic é uma sensação incrível. Seu humor fica ótimo, é uma sensação de satisfação. Eu estava esperando para ver o Titanic por quatro anos”, confessou Arthur.
Em meio ao êxtase de falar sobre o transatlântico naufragado, o empresário revelou que teve problemas antes de finalmente embarcar no submarino. “Fui o primeiro cliente a comprar uma passagem para o mergulho. A viagem foi adiada por dois anos por problemas nos primeiros submersíveis. Tivemos grandes problemas para viajar ao Canadá, por causa da pandemia do coronavírus. Apesar de tudo, o mergulho de 2021 foi o melhor que fiz até hoje”, admitiu.
Loibl também avaliou a estrutura do Titan, e contou como se sentiu dentro da cápsula. “No submersível, eu me senti muito seguro. Mas não é muito confortável. O fundo é de plástico, você se senta sobre sua mochila. Você não pode se levantar e precisa se sentar sobre os joelhos. É muito pequeno. Você toca as pernas do vizinho o tempo todo. É realmente muito desconfortável. Estava muito quente antes de iniciarmos o mergulho”, descreveu.
“Durante o mergulho, fez apenas 4 graus Celsius lá dentro. Era muito frio. Para as 10 horas que ficamos no submersível, está bem, mas quando você precisa permanecer lá por 30, 50 horas, deve ser aterrorizante. Hoje, soubemos que eles não ficaram tanto tempo lá. Morreram cerca de uma hora e meia depois de começarem a descida. É duro dizer isso, mas é melhor morrer assim do que ficar 60, 70 horas nesse submersível pequeno e, então, morrer sem oxigênio”, refletiu ele.
Além de fotos, Arthur também compartilhou com o jornal, um vídeo do momento em que eles se aproximaram do navio histórico. Confira:
Vídeo cedido por Arthur Loibl ao Correio Braziliense. pic.twitter.com/JpToauAh7P
— Rodrigo Craveiro (@rodrigocrave42) June 23, 2023
O alemão lamentou as mortes de Rush e Nargeolet, e se recordou da convivência na viagem. “É claro que posso me lembrar deles. Cheguei a trocar e-mails com Rush no domingo, horas antes de sua morte. PH (Nargeolet) é um homem muito amigável. É muito calmo e experiente. Stockton Rush é um homem de negócios e um engenheiro. Eu não me sentia inseguro com essas pessoas. A única coisa que eu temia era o sistema de bateria do Titan”, confessou.