Uma falha nas redes elétricas de Portugal e Espanha causou um apagão de grandes proporções nesta segunda-feira (28), afetando serviços essenciais e paralisando parte da infraestrutura nos dois países. Segundo as operadoras de energia, a falha foi causada por um fenômeno atmosférico raro que atingiu as redes elétricas espanholas, gerando efeitos em cascata por toda a Península Ibérica. A origem exata ainda está sob investigação, mas as autoridades já começaram o processo de restabelecimento, que pode levar dias para ser concluído.
A interrupção no fornecimento começou por volta das 11h30 (07h30 em Brasília) em Portugal, e ao meio-dia na Espanha. O fenômeno, identificado pela Redes Energéticas Nacionais (REN), de Portugal, como “vibração atmosférica induzida”, causou oscilações anormais nas linhas de transmissão de muito alta tensão no interior espanhol. Essas variações levaram a falhas de sincronização entre os sistemas elétricos interligados da Europa, resultando no corte maciço de energia na Península Ibérica e em pequenas regiões da França. Países como Itália, Alemanha e Bélgica também relataram quedas breves de energia.
O impacto foi imediato em diversas áreas. Semáforos pararam de funcionar, gerando acidentes de trânsito em cidades como Lisboa e Madri, além de complicar o fluxo de veículos. A polícia e os bombeiros foram mobilizados para ajudar no controle do tráfego e resgatar pessoas presas em elevadores e vagões de metrô, como ocorreu em Lisboa, Porto, Madri e Barcelona.
O transporte público foi severamente afetado. Trens, linhas de metrô e serviços ferroviários foram suspensos em várias cidades. O tráfego aéreo também sofreu. Em Portugal, voos foram cancelados nos principais aeroportos. As operações seguiram parcialmente com geradores, mas as autoridades orientaram que os passageiros evitassem deslocamentos para os terminais. Em Lisboa, as portas do aeroporto foram fechadas por algumas horas. Na Espanha, o tráfego aéreo foi reduzido ao mínimo.
Bancos, supermercados e lojas ficaram impossibilitados de operar pagamentos eletrônicos, levando ao aumento na procura por dinheiro físico e ao esgotamento de estoques em supermercados, especialmente de água mineral. Nos hospitais, geradores garantiram o funcionamento das áreas críticas, como UTIs, mas várias unidades operaram em regime reduzido para poupar recursos até que o fornecimento de energia fosse normalizado.
Nas primeiras horas do apagão, surgiram especulações sobre um possível ataque cibernético, especialmente devido ao alcance do incidente. O ministro português da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, chegou a afirmar que a dimensão do problema era “compatível com um ciberataque”. No entanto, o Centro Nacional de Cibersegurança de Portugal descartou essa hipótese. “Não há qualquer suspeita de ataque informático”, garantiu o coordenador Lino Santos. Na Espanha, o Instituto Nacional de Cibersegurança (Incibe) ainda investiga a possibilidade, mas não confirmou indícios de ataque até o momento.
O fenômeno atmosférico que causou o apagão, conhecido como “vibração atmosférica induzida”, é raro e ocorre quando oscilações nas linhas de transmissão, provocadas por condições extremas como calor ou vento, coincidem com a frequência natural das estruturas, gerando uma ressonância que pode comprometer todo o sistema. Esse tipo de falha, quando ocorre, exige processos graduais e complexos para restabelecer o equilíbrio da rede elétrica.
O primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, convocou uma reunião de emergência com o Conselho de Ministros e afirmou que o país trabalhava para restabelecer a energia ainda nesta segunda (28), embora a REN alertasse que o processo completo poderia durar até uma semana. Na Espanha, Pedro Sánchez liderou um gabinete de crise no Centro de Controle da Rede Elétrica e manteve contato direto com autoridades europeias, como António Costa, presidente do Conselho Europeu. As autoridades seguem monitorando o avanço da retomada, enquanto as investigações sobre as causas prosseguem.

