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Butch Wilmore e Suni Williams, astronautas que passaram nove meses na Estação Espacial Internacional (ISS), compartilharam os desafios enfrentados durante a missão e o impacto da viagem no corpo humano, em entrevista ao America’s Newsroom da Fox News, nesta segunda-feira (31). Eles também comentaram sobre o tão aguardado retorno à Terra, após diversos atrasos causados por falhas mecânicas.
Williams descreveu como um “milagre” a capacidade do corpo humano se readaptar rapidamente assim que retornaram à Terra. Originalmente planejada para durar apenas oito dias, a missão foi prolongada por 286 dias devido a falhas técnicas na cápsula Boeing Starliner, que os levou ao espaço em junho de 2024.
Butch Wilmore e Suni Williams, os astronautas que passaram nove meses na Estação Espacial Internacional, falaram sobre a missão de volta para casa e os efeitos da viagem no corpo. “Tínhamos uma janela de cada lado onde estávamos, e eu assistia pela janela o máximo que conseguia.… pic.twitter.com/Aw0K3p4tNu
— GloboNews (@GloboNews) March 31, 2025
Quando questionada sobre como lidaram com a permanência prolongada, Williams afirmou que, inicialmente, precisaram ajustar as expectativas. “Meu primeiro pensamento foi: ‘Temos que recalcular a rota'”, disse, refletindo sobre a necessidade de se adaptar à situação. “Se ficaríamos lá até fevereiro, eu pensei: ‘Ok, vamos aproveitar ao máximo.’”
Wilmore, que tem duas filhas e é casado com Deanna, também se mostrou focado no cumprimento da missão, apesar dos desafios pessoais. “Não é sobre mim. Não é sobre meus sentimentos. É sobre o que é esse programa de voo espacial humano. São nossos objetivos nacionais. E eu tenho que entender, o que nossa nação precisa de mim agora?”, afirmou.
A missão de Wilmore e Williams teve vários contratempos antes do retorno. Após problemas mecânicos em junho de 2024, a nave não conseguiu retornar conforme o previsto. O atraso foi politicamente carregado, com o presidente Donald Trump criticando o governo Biden e acusando o então presidente de deixar os astronautas no espaço. No entanto, a NASA já estava trabalhando com a SpaceX há meses para garantir o retorno seguro.
Na entrevista, os astronautas rejeitaram a sugestão de que haviam ficado “presos” ou “esquecidos” no espaço. Wilmore apontou que todos os envolvidos na missão eram responsáveis pelos problemas que levaram à esta situação, incluindo os próprios astronautas. “Eles falharam com você. Quem? Quem são ‘eles’?”, questionou.
“Há muitas perguntas que, como comandante, eu não fiz, então eu sou culpado. Eu admito isso para a nação. Há coisas que eu não perguntei, que eu deveria ter perguntado. Eu não sabia na época que precisava fazê-las, mas, em retrospectiva, alguns sinais estavam lá. A Boeing é culpada? Claro. A NASA é culpada? Claro. Todos têm uma parte nisso. Houve algumas falhas nos testes e falhas nos preparativos que não previmos”, afirmou Wilmore. Ele também destacou que não busca apontar responsáveis, preferindo “olhar para o futuro” e aprender com os erros cometidos.
A experiência, embora desafiadora, não foi vista como um fracasso e ambos os astronautas reforçaram a importância da missão. “Nós planejamos, nós treinamos que ficaríamos lá por algum tempo, então estávamos prontos para simplesmente nos lançar e assumir as tarefas que nos foram dadas”, garantiu Williams, enquanto Wilmore ressaltou o compromisso com os objetivos nacionais.
Durante a estada na ISS, os astronautas celebraram datas especiais como o Dia de Ação de Graças e o Natal, e até participaram das eleições de 2024. Wilmore explicou que a NASA facilitou todo o processo de votação, destacando a importância de manter a participação cívica, mesmo estando no espaço.

“Essa tem sido a retórica. Essa tem sido a narrativa desde o primeiro dia: encalhados, abandonados, presos — e eu entendo. Nós dois entendemos”, Wilmore disse à CNN. “Mas isso, novamente, não é sobre o que nosso programa de voo espacial humano se trata. Não nos sentimos abandonados, não nos sentimos presos, não nos sentimos encalhados”, completou.
Williams, por sua vez, afirmou que sempre estiveram cientes dos riscos que envolviam a missão, pois era, acima de tudo, um voo de teste. “Sabíamos que provavelmente encontraríamos algumas coisas [erradas com a Starliner] e encontramos algumas coisas, então isso não foi uma surpresa”, comentou.
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