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O sonho de uma nova vida na Europa se transformou em tragédia para uma família brasileira que se mudou para Portugal. Isabella Marinho, de apenas 2 anos, morreu no dia 24 de fevereiro após inalar monóxido de carbono do aquecedor a gás do apartamento onde morava, em Mafra. Seus pais, Mayara Taciana de Sousa Marinho, 25, e John Pereira, 34, também foram intoxicados e passaram dias internados, mas sobreviveram. Agora, além do luto, a família enfrenta a dificuldade financeira para trazer o corpo da criança de volta ao Brasil e dar a ela um velório digno.
A família, natural do Distrito Federal, se mudou para Portugal em busca de melhores oportunidades. John, marceneiro, chegou ao país em dezembro, enquanto Mayara e Isabella desembarcaram no dia 23 de fevereiro para se reunirem com ele. Na noite seguinte, após tomarem banho com o aquecedor ligado devido ao frio intenso, a menina passou mal. “Achávamos que era por causa da duração da viagem, mas já havia monóxido de carbono no nosso corpo”, contou Mayara ao UOL.
Pouco tempo depois, os três desmaiaram e só acordaram 16 horas depois, já em estado crítico. “Lembro de pouca coisa, mas sei que gemia muito de dor. Quando fui retomando a consciência, logo perguntei para o socorro sobre a minha filha. A bombeira disse que a Isabella estava há muito tempo sem respirar e em parada cardiorrespiratória. Tentaram reanimá-la, mas infelizmente não conseguiram”, disse a mãe.
Os pais de Isabella foram levados às pressas para um hospital, onde ficaram internados até o dia 27 de fevereiro. Eles passaram por tratamento com oxigenoterapia hiperbárica, usado para remover o monóxido de carbono do organismo. Apesar da recuperação, ainda enfrentam sequelas, como danos nos órgãos, incluindo alterações no coração, fígado, rins, pulmões e veias entupidas.

A polícia portuguesa foi acionada e interditou o apartamento onde ocorreu o acidente. O caso está sendo investigado, e os pais prestaram depoimento ainda no hospital. A autópsia de Isabella foi realizada no dia 28 de fevereiro, mas até o momento, a família não recebeu o laudo oficial nem a certidão de óbito.
O Ministério das Relações Exteriores informou que acompanha a situação e está prestando assistência consular. “Em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, as Embaixadas e Consulados brasileiros podem prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com o governo local e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito, tão logo terminem os trâmites obrigatórios realizados pelas autoridades locais”, declarou o Itamaraty. No entanto, o órgão destacou que o traslado do corpo é uma responsabilidade da família e não pode ser custeado pelo governo.
Família pede ajuda
A família agora busca arrecadar cerca de seis mil euros (aproximadamente R$ 36 mil) para cobrir os custos do translado do corpo de Isabella ao Brasil. Além disso, precisam de recursos para as passagens de volta.
“Agora, o que mais queremos é levar nossa filha de volta para casa, enterrá-la no Distrito Federal e dar-lhe uma despedida digna. Mas, infelizmente, não temos dinheiro. Quando viemos para cá, gastamos todo o recurso com as passagens e não tínhamos planos de voltar. Por isso, estamos contando com a ajuda de pessoas generosas, que abriram uma vaquinha para custear o translado do corpo e as passagens de volta para mim e para meu marido”, explicou Mayara, que disponibilizou uma chave Pix (61) 98352-2389 para quem quiser contribuir.

O avô de Isabella, Julio Cesar de Sousa Marinho, 52, lamentou a tragédia e reforçou a necessidade de apoio. “Nós estamos aflitos. Todos nós estamos abalados. Minha filha só chora e chama pelo nome da minha netinha. Eles foram para Portugal na esperança de uma vida melhor, mas infelizmente aconteceu essa fatalidade”, disse ao Metrópoles.
Agora, o único desejo da família é retornar ao Brasil e se despedir de Isabella. “Vai ser nossa paz enterrar ela no Brasil. Eu ainda não acredito, está sendo difícil”, desabafou Mayara. O casal não quer mais continuar em Portugal. “Como a gente sobreviveu não sei. Nem os médicos sabem explicar. Ainda estamos com sintomas, mas nada perto do que estamos sofrendo com a partida da nossa filha”, concluiu a mãe de Isabella.
Sem cheiro, cor ou sabor, o gás é altamente tóxico e pode levar à morte sem que a vítima perceba. A exposição pode causar sintomas como tontura, náuseas, dor de cabeça, confusão mental e, em casos graves, levar à perda de consciência e parada cardiorrespiratória.
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