O sonho de fazer um intercâmbio nos EUA de Claudia de Albuquerque Celada se transformou em um verdadeiro pesadelo. A brasileira, de 23 anos, contraiu a bactéria do botulismo, desenvolveu a doença e está há dois meses internada em Denver. Sua família criou uma vaquinha para trazer a jovem de volta ao Brasil e pagar o valor do transporte da UTI aérea, que custa US$ 200 mil, ou seja, R$ 1 milhão na cotação atual.
Em entrevista ao VivaBem, do UOL, Luísa, irmã de Claudia, revelou que os sintomas apareceram rapidamente na jovem, que começou a passar mal depois que saiu do trabalho, no final de fevereiro. “Ela tomou banho, jantou e foi se deitar, mas teve falta de ar, visão embaçada e tontura. Ela mandou mensagem para as amigas irem ao apartamento dela, mas elas só viram de manhã“, disse.
“Quando elas chegaram, minha irmã já estava muito pior, quase não conseguia respirar sozinha e estava com paralisia facial. Alguns outros músculos muito fracos, braços fracos, pernas fracas. Ela foi para o hospital e, logo depois, já estava 100% paralisada“, explicou Luísa.
De São Caetano do Sul, região metropolitana de São Paulo, a família foi imediatamente comunicada pelas amigas. Elas relataram os sintomas e perguntaram o histórico médico de Claudia. Em uma semana, Luísa embarcou para Aspen, onde a irmã estudava desde novembro do ano passado, depois de conseguir a emissão do visto emergencial de turista.
“Assim que comunicaram que ela ia ter que ser transferida daquele hospital que ela entrou em Aspen para um hospital em Denver, que é onde ela está agora, a gente sabia que o caso ia ser um pouco mais complicado. Ela foi transferida de helicóptero, foi intubada, então o caso já estava muito sério“, relatou a irmã da jovem.
O botulismo foi diagnosticado 15 dias depois. Luísa contou que os médicos não constataram qual alimento causou a contaminação da bactéria e que ainda não sabe quanto vai custar a internação. “O valor de US$ 200 mil só cobriria o gasto do transporte de ambulância aérea dos Estados Unidos para o Brasil. Os gastos de internação a gente não sabe como estão. Só vamos ter esse valor quando ela tiver alta porque depende de muitos fatores, como exames e outros procedimentos“, pontuou a irmã.
“O seguro da Claudia era de US$ 100 mil e a gente sabe que já esgotou porque uma assistente social do hospital perguntou se a gente não tinha um segundo seguro ou alguma outra forma de pagar por isso. Não temos previsão de alta porque o plano do hospital é levá-la para o Brasil e continuar o tratamento lá. Então ela não vai ter alta, ela só vai fazer uma transferência de hospital. Mas a recuperação está indo muito bem, ela começou a recuperar alguns movimentos“, prosseguiu.
Luísa descreveu o estado atual de Claudia, que tem feito terapia física e respiratória diárias, além de uso de medicamentos. “Ela mexe um pouco os dedos da mão, os dedinhos do pé, está começando a ter força no punho. Ela já consegue abrir o olho, então já está enxergando de novo. Mas ainda não consegue levantar braço, perna ou cabeça“, contou.
Por conta dos altos valores, a família abriu uma vaquinha para pagar o hospital norte-americano e continuar o tratamento no Brasil. A irmã explicou que o valor passado pela unidade de saúde garante todos os equipamentos que a jovem precisa para sobreviver, além de um médico, um enfermeiro, um socorrista e um terapeuta respiratório durante o transporte. Os familiares também anunciaram a ajuda nas redes sociais. Até o momento, eles já conseguiram arrecadar 98 mil reais. Clique aqui para ajudar também.
Sobre o botulismo
A doença é causada por toxinas produzidas pela bactéria Clostridium botulinum. Em geral, o contágio pode ocorrer através de alimentos em conservas, especialmente vegetais, como palmito, picles e pequi, e embutidos de vegetais, pescados, frutos do mar, leite e carnes, como salsicha e presunto.
Os primeiros sintomas são náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia e constipação. Os pacientes também podem relatar dor de cabeça, vertigem, visão dupla turva ou pupilas dilatadas. Em seguida, os indícios podem ser mais aparentes, como a dificuldade de engolir ou falar, fraqueza facial e paralisia dos músculos. A grave enfermidade ainda pode ser fatal e requer cuidados médicos de emergência.
O tratamento é feito com antitoxina, que neutraliza as toxinas e minimiza os sintomas. A prevenção está nos cuidados com os alimentos, incluindo a higienização dos produtos e das mãos. Outra recomendação é evitar a ingestão de alimentos em latas estufadas, vidros embaçados e embalagens com alterações de odor, além de ferver ou cozinhar, durante cerca de 15 minutos, produtos industrializados e conservas artesanais.