A jornalista brasileira Barbara Thomaz relatou que foi vítima de xenofobia e misoginia em Portugal, ao solicitar um carro por aplicativo. Em uma série de vídeos no Instagram, publicados no sábado (30), a comunicadora contou que o motorista começou a proferir palavras de baixo calão quando soube que ela e as amigas eram brasileiras. “Vagabunda” e “cadelas” teriam sido algumas das palavras ditas pelo condutor.
Barbara havia feito um post na rede social compartilhando a experiência, na quinta (28). Após a repercussão do caso, a jovem voltou a explicar o que teria ocorrido. De acordo com ela, na volta de um jantar com duas amigas, já na madrugada, o motorista passou a dirigir perigosamente e acima da velocidade permitida ao notar a nacionalidade delas. “Pedimos educadamente para que ele fosse mais devagar, mas ele passou a acelerar mais, fazer curvas bruscas e atravessar cruzamentos no farol vermelho”, escreveu.
1. Essa madrugada passei por uma situação de xenofobia e de misoginia com um Uber em Lisboa. Eu e duas amigas voltávamos de um jantar as 3h30 da madrugada e o @Uber quando viu que éramos brasileiras fechou a cara e saiu acelerando, dirigindo perigosamente com a gente dentro. +
— Barbara Thomaz (@babithomaz) July 28, 2022
“O pânico foi crescendo e as nossas vidas estavam em risco”, disse. Segundo Barbara, o homem brecou o carro repentinamente em uma avenida deserta e, aos berros, começou a dizer: “Aqui não é o Brasil. Voltem para aquela merd* de país. Brasileira é tudo vag*bund*, saiam do carro, suas cadel*s”. A jornalista contou que explicou ao motorista que elas estavam receosas de descer em um local perigoso, ainda mais de madrugada. Contudo, foram expulsas de maneira agressiva, segundo o relato.
Thomaz disse que as mulheres conseguiram pegar um táxi após a situação, por sorte. “Estamos vivas, mas definitivamente não estamos bem. Nossa nacionalidade, gênero e segurança foram atacadas. Trauma!”, expôs ela. “Portugal é lindo, é um lugar relativamente seguro. Tirando a parte que você pode ter sua nacionalidade violentada de uma forma totalmente gratuita. E é essa a nossa consternação maior”, continuou a explicação nos stories.
“Foi um pequeno filme de terror que não durou nem dois minutos. Não deu nem tempo de filmar, nada. Foi uma coisa tão horrenda. Demorei para absorver o que estava acontecendo, [demorei] até para começar a chorar”, confessou Barbara. “Eu passei aqui só para esclarecer. E para essas pessoas que querem negar que existe esse viés em Portugal, paciência”, declarou ela. Assista:
https://twitter.com/MidiasSo/status/1553777942580404225
No final do relato, ela explicou que tentou entrar em contato com a plataforma Uber de Portugal para denunciar a situação, mas não obteve resposta. Após expor a situação nas redes sociais, entretanto, afirmou que o Uber do Brasil se prontificou a investigar o caso. Confira a publicação na íntegra:
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Em nota enviada ao hugogloss.com, a empresa se manifestou sobre o caso. “A Uber não tolera qualquer forma de discriminação. Sempre que temos conhecimento através do aplicativo de situações como a indicada, o usuário e o motorista são contatados com o objetivo de tomar as medidas adequadas que podem passar pela remoção do acesso do motorista ao aplicativo”, declarou.
A experiência de Barbara vem na esteira de um número crescente de queixas do tipo. A questão foi reconhecida pela ministra de Assuntos Parlamentares de Portugal, Ana Catarina Mendes, em entrevista recente à Folha. Os relatos de xenofobia contra brasileiros em Portugal acompanham o grande interesse pelo país europeu. Em 2021, atingiu-se o recorde de 209.072 brasileiros residindo por lá legalmente — mas o número não inclui quem tem dupla cidadania, nem os que estão em situação irregular.
Ontem (30), viralizou também o caso de racismo que os filhos de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso sofreram em Portugal. O colunista Léo Dias, do Metrópoles, publicou o registro que mostra a apresentadora enfurecida ao defender Titi e Bless, chamando a mulher responsável pelas ofensas de “racista nojenta”. Clique para saber os detalhes.
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