No ano passado, o enigmático desaparecimento de Madeleine McCann ganhou novas hipóteses com o surgimento de um novo suspeito primário: Christian Brueckner. Agora, o alemão, já condenado por estupro e tráfico de drogas, quebrou o silêncio e falou sobre o caso pela primeira vez. Além de alegar sua inocência, o predador sexual criticou as investigações e os promotores do caso.
Nesta segunda-feira (14), o tabloide alemão Bild revelou que teve acesso à carta – que estava datada do dia 8 de maio – e divulgou detalhes do texto. Nela, Christian afirmou que os promotores deveriam se demitir dos cargos por estarem “perseguindo uma pessoa inocente”. Ele classificou a investigação como um “escândalo” e também atacou a promotoria por dar declarações sobre ele à imprensa. “Impróprios para o cargo”, escreveu ele, acrescendo que os promotores trariam “vergonha para o sistema jurídico alemão”.
Segundo o Bild, a carta estava acompanhada por um desenho bizarro em que os promotores pediam comida num restaurante. Os desenhos contavam com balões de fala, que diziam algo como: “Eu quero o filé forense” e “Que delícia! Eu também!”. De acordo com o jornal The Daily Mirror, as falas possivelmente seriam referências ao fato de que os investigadores admitiram que não tinham evidências forenses sobre o caso.
“Incriminar uma pessoa acusada é uma coisa. Outra coisa completamente diferente – especificamente, um inacreditável escândalo – é quando um promotor público começa uma campanha pública por preconceito antes que um processo seja aberto”, continuou ele, em sua série de queixas. “Liberdade de expressão não é um direito básico que todos podem dizer e escrever o que querem. Liberdade de expressão não protege a maioria. Ela protege a minoria. Não protege as visões mais lógicas, mais convincentes, ou populares, mas a posição que é diferente”, prosseguiu.
Suspeito do desaparecimento de outras crianças, Christian questionou suas condenações no passado ao pedir que os promotores deixem seus cargos. “Eu apelo aos promotores públicos de Brunswick [Hans Christian] Wolters e [Ute] Lindemann que renunciem de seus postos”, disse ele. “Ambos estão provando ao mundo através da minha condenação arbitrária no passado e através de sua escandalosa campanha pré-negação contra mim, uma pessoa inocente, no presente, que eles são impróprios para o cargo como advogados para o honesto e confiante povo alemão, e vocês trazem vergonha para o judiciário”, completou.
Relembre o caso de Madeleine McCann
A pequena Madeleine McCann desapareceu aos três anos de idade, enquanto passava as férias com a família na Praia da Luz, em Portugal. Ela completaria quatro anos em 10 dias. A menina estava com os irmãos gêmeos Sean e Amelie, então com dois anos, no quarto de hotel. Seus pais, Kate e Gerry McCann, tinham saído para jantar com amigos em um restaurante próximo, dentro do complexo turístico, deixando as crianças desacompanhadas. Assim que eles voltaram, descobriram que Madeleine tinha sumido.
Os próprios pais de Madeleine foram considerados suspeitos pela polícia portuguesa, com a hipótese de que Kate e Gerry tivessem ocultado o corpo da filha, após uma suposta morte acidental. A linha de investigação foi posteriormente abandonada. Outro suspeito foi o britânico-português Robert Murat, que morava perto do hotel. Sem grandes conclusões, o caso é um grande mistério até hoje, que desperta o interesse do público. Maddie já foi avistada cerca de 9 mil vezes, em mais de 100 países — todas as pistas eram falsas. O documentário “O Desaparecimento de Madeleine McCann”, da Netflix, também explorou a história e trouxe entrevistas com os principais envolvidos.
Novo suspeito, novas linhas de investigações
As coisas mudaram em junho de 2020, quando o nome de Christian Brueckner surgiu na história. Atualmente preso na Alemanha por outros crimes, ele teria morado periodicamente na região sul de Algarve, em Portugal, durante os anos 1993 e 2007, quando Madeleine desapareceu. Segundo o Escritório da Promotoria de Braunschweig, na época, o rapaz cometia vários crimes, incluindo roubos em apartamentos e complexos hoteleiros, além de estar envolvido com tráfico de drogas.
Desde então, autoridades afirmaram estar analisando o caso como de homicídio, não desaparecimento. “Nós supomos que a menina esteja morta”, disse o promotor Hans Christian Wolters em uma coletiva de imprensa no dia 4 de junho de 2020. De acordo com ele, havia “evidências concretas” sobre o assassinato de Madeleine que ainda não podiam ser reveladas para não prejudicar a investigação de Brueckner. A partir daí, propriedades e canteiros ligados a Brueckner foram investigados e vasculhados em busca de evidências ou mesmo possíveis restos mortais da garotinha.
Já em maio de 2021, no mês passado, a polícia alemã mostrou-se confiante de que a história pode ser finalmente desvendada. Os oficiais afirmaram ao jornal The Mirror que Madeleine teria sido morta em Portugal. Antes, a teoria era de que Christian teria sequestrado a criança na Praia da Luz e a levado para a Alemanha, onde morava. Entretanto, o promotor Wolters disse que agora eles possuem “evidências concretas” de que a criança foi morta ainda em Portugal.
“Estou otimista de que vamos resolver esse caso“, afirmou o homem. A conclusão se deu depois que a polícia alemã investigou um lote onde Brueckner morava, no ano passado. “Como Christian não tinha o lote na época do desaparecimento de Maddie, ele não poderia ter enterrado um corpo lá“, esclareceu Wolters. O advogado do suspeito, Friedrich Fulscher, negou as acusações, afirmando que seu cliente não tem nenhuma relação com o crime. Apesar das novas pistas, o caso permanece classificado como desaparecimento pela polícia britânica.
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