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O especialista em aviação Guy Gratton explicou que a causa da colisão entre o avião e o helicóptero militar, em Washington D.C. (EUA), pode ter sido uma “falha no procedimento”. Nesta quinta-feira (30), ao Washington Post, ele analisou o acidente entre as duas aeronaves.
“É quase certo que se trata de algum tipo de falha de procedimento. Em qualquer espaço aéreo, há procedimentos muito rigorosos para garantir que as aeronaves nunca estejam no mesmo lugar ao mesmo tempo. Eles são uma mistura de tecnologia e cumprimento de regras visuais e funcionam porque, felizmente, acidentes como esse são incrivelmente raros”, explicou.
Por fim, Gratton afirmou que a escala e a complexidade do ambiente de tráfego aéreo em Washington significam que a adesão aos procedimentos é “fundamental, e que nunca é bom confiar excessivamente no fator humano”. Já ao UOL, o perito aeronáutico e forense Daniel Kalazans sugeriu que o piloto do helicóptero pode ter se confundido com as instruções recebidas da torre de controle de tráfego aéreo e causado o acidente.
O áudio da torre, inclusive, registrou momentos de antes e depois da colisão. “Quando foi informado para se separar da aeronave que estava pousando, é possível que ele [o piloto do helicóptero] tenha se confundido com uma outra aeronave. Havia outras evoluindo e pode ser que ele tenha perdido a consciência situacional. Ou seja: não estava ciente da situação pela qual estava passando”, disse.
“O piloto em consciência situacional sabe tudo o que está acontecendo ao seu redor. Ele está em uma determinada região e vê, por exemplo, um avião pousando e outro decolando. Ele tem ciência e consciência de tudo o que está acontecendo. Como ele bateu no avião, alguma coisa estranha deve ter acontecido”, continuou Kalazans.

O perito ressaltou que as investigações sobre o acidente devem se atentar para a maneira como as informações das condições do céu foram transmitidas ao piloto do helicóptero naquele instante. De acordo com ele, um dado passado de maneira pouco clara pode ter contribuído para a tragédia.
“A pergunta é: ele estava ciente da aeronave que estava pousando, do tamanho e do deslocamento dela? A aeronave que ele estava vendo era realmente aquela que estava pousando? Tenho para mim que ele não estava ciente”, opinou Kalazans. “Em relação ao conhecimento daquela aeronave, ele perdeu a consciência. Estava voando, mas não estava ciente de tudo o que estava acontecendo ali naquele momento. Ele não a viu e bateu”, acrescentou.
Por fim, o perito apontou quais ações são necessárias em situações como esta. “É preciso enfatizar isso: o controlador aéreo precisa passar a informação para que o piloto alcance a consciência situacional. É preciso ver se essa informação foi passada assertivamente. Caso ela se resuma a isso que foi passado, não dá a consciência situacional ao piloto”, esclareceu.
No entanto, divergindo das declarações dos especialistas, o Secretário de Transportes dos EUA, Sean Duffy, afirmou que não houve falha de comunicação. “Obviamente algo aconteceu aqui. Vocês obterão mais informações e mais detalhes conforme essa investigação avança. Nós saberemos o que aconteceu”, disse em coletiva pela manhã.
“Mas, novamente, para aqueles que moram nesta área, vemos helicópteros militares voando para cima e para baixo no rio. É um caminho padrão que eles fazem. Eles estão acostumados com aeronaves pousando em DCA, e há um procedimento em vigor, porque isso acontece todos os dias”, destacou. Por fim, Duffy admitiu que “algo deu errado”.

Caixa-preta é encontrada
Conforme a CBS News, uma equipe de mergulho encontrou uma das caixas-pretas do avião. Entretanto, ainda não está claro se o dispositivo é um gravador de voz da cabine ou uma unidade de armazenamento dos dados sobre o desempenho da aeronave.
Os gravadores serão necessários para conduzir uma investigação, anunciada pelo Pentágono. Pete Hegseth, o recém-empossado secretário da Defesa de Donald Trump, comunicou que o Departamento de Defesa e o Exército estarão envolvidos.
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