O dentista James Craig, de 47 anos, está sendo julgado por supostamente assassinar sua esposa, Angela Craig, de 43, envenenando seus shakes de proteína. O caso aconteceu em março de 2023. Já nesta quarta-feira (16), a agência NPR divulgou partes do depoimento e a possível motivação apontada pela corte, no Colorado (EUA).
À época, Angela foi levada ao hospital e apresentou sintomas como tontura e dores de cabeça. Posteriormente, exames toxicológicos mostraram que ela havia sido envenenada com cianeto e tetraidrozolina, uma substância encontrada em colírios e sprays nasais vendidos sem restrições.
Durante a audiência inicial, os promotores apresentaram uma quantidade significativa de evidências, desde mensagens de texto a registros médicos, pesquisas na internet e compras online. Eles também afirmaram que Craig teria usado cianeto e arsênico para cometer o crime contra sua própria esposa.
As buscas encontradas no computador continham as seguintes perguntas: “Quantos gramas de arsênio puro matam um ser humano?” e “O arsênio é detectável em autópsia?”. O investigadores ainda encontraram um histórico de visualização de vídeos do YouTube, intitulados “Como fazer veneno” e “Os 5 principais venenos indetectáveis que não mostram sinais de crime”.
Os agentes revistaram a casa do réu e encontraram dezenas de pós de proteína, coqueteleiras para bebidas esportivas e dois sacos plásticos sem rótulo contendo substâncias em pó branco. Eles também analisaram o computador da sala de exames de Craig, objeto crucial para a investigação.

“Ele entrou naquele quarto para assassiná-la, para deliberadamente e intencionalmente acabar com a vida dela com uma dose fatal de cianeto”, declarou o promotor do caso, Ryan Brackley. Ele acrescentou que o dentista pode ter agido para conseguir o pagamento do seguro de vida de sua esposa.
O detetive Bobbi Olson afirmou, ainda, que Craig planejou o crime. “Com base na totalidade da investigação, James demonstrou o planejamento e a intenção de acabar com a vida de sua esposa, procurando maneiras de matar alguém sem ser identificado. Fornecendo-lhe venenos que se alinham com seus sintomas hospitalizados e trabalhando para começar uma nova vida com Karin Cain”, pontuou.
Craig, por sua vez, se declarou inocente de todas as acusações. A advogada do réu, Ashley Whitham, argumentou que as provas não demonstravam que ele fosse responsável pela falecimento da esposa. Ela ainda sugeriu que Angela pode ter cometido suicídio, reforçando as alegações do dentista sobre o estado mental dela na época.
Whitham salientou que um dos casos extraconjugais de Craig não seria motivação para cometer o delito, uma vez que “ele teve vários casos durante o casamento”. Conforme ela, os problemas financeiros não eram tão graves quanto alegados e o casal “tinha conflitos há mais de duas décadas”: “A infidelidade tem sido uma constante nos últimos 23 anos, não um reflexo tardio [dos problemas]”.
Em outro momento, a advogada pediu ao júri que “tirasse as vendas dos olhos deste caso e analisasse tudo”. “Você pode não gostar dele, pode não achar que ele seja um bom marido, mas não é isso que você está aqui para decidir”, disse.

Na primeira fase do julgamento, sete membros da equipe médica que trataram Angela prestaram depoimento. Eles reconheceram a dificuldade em diagnosticar a causa da piora no quadro, e afirmaram que os exames de saúde mental realizados na época não apresentaram sinais alarmantes.
Caso seja condenado, James Craig poderá pegar prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Além do processo criminal, o réu acumulava outras cinco acusações de homicídio enquanto estava preso. Segundo a promotoria, ele ofereceu US$ 20.000 (R$ 111 mil) a um colega de cela para matar o detetive responsável pela investigação.
Craig também teria oferecido a mesma quantia para que terceiros testemunhassem a seu favor, alegando que Angela tinha tendências suicidas. O julgamento está marcado para prosseguir até 1º de agosto.
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