O caso de Madeleine McCann, desaparecida em 2007, ganhou novas informações. Em depoimento nesta quinta-feira (2), o detetive Mark Draycott contou que uma mensagem de voz deixada por um ex-amigo de Christian Brueckner, principal suspeito pelo desaparecimento, mudou o rumo das investigações e colocou o alemão na mira. Christian, de 45 anos, está detido desde 2018, após ser condenado pelo estupro de uma mulher de 72 anos. Ele também é investigado por outros casos de abuso sexual envolvendo crianças.
Segundo o detetive, em 18 maio de 2017 o tal amigo deixou uma mensagem diretamente da Grécia, pedindo para que ele retornasse a ligação. “Naquela época, ainda tínhamos um número de telefone público que era divulgado em todo o mundo. O público poderia ligar para fornecer informações sobre a Operação Grange, a investigação sobre Madeleine McCann. Um dos meus trabalhos era verificar as mensagens na secretária eletrônica. Em 18 de maio, verifiquei a secretária eletrônica e havia uma mensagem”, lembrou ele, de acordo com The Mirror.
“Ele disse que tinha informações e deixou um número de celular grego. Liguei para esse número e falei com um homem que agora conheço como sendo o senhor Helge Lars Busching. Ele se referiu a si mesmo como ‘Lars’ e me deu informações sobre Madeleine”, detalhou, durante o julgamento do suspeito na Alemanha.
Brueckner teria se identificado e contado ao amigo que ”Madeleine não gritou”. “O surpreendente foi que Bursching disse que Brueckner esclareceu, sem mais detalhes, que ‘ela não gritou’. Naquele momento, ele não quis prestar depoimento para nós. Entretanto, como a linha de investigação continuou, ele ficou feliz em dar uma declaração à polícia britânica. Ele disse que teve uma conversa com Christian no Festival Orgiva em 2008. Essa conversa foi em relação à Operação Grange. Não posso falar sobre isso”, disse o detetive.
De acordo com o relato, as autoridades mantiveram contato com o rapaz e pediram para que ele viajasse até a capital para prestar depoimento. ”Não fazemos promessas a testemunhas. Nunca pagamos às testemunhas por informações. Talvez possamos pagar por algumas despesas. Na época, pagamos 35 euros para ele viajar de ônibus para Atenas para nos encontrar e pagamos suas despesas de volta para casa, na Grécia. Também reservamos um hotel barato para ele ficar na capital”, contou.
Como apontou o detetive, Busching voou para Londres em fevereiro de 2018 para fazer uma declaração formal na Scotland Yard. “Essa declaração já havia sido preparada até certo ponto, devido às informações que ele forneceu. A declaração foi feita em inglês. Busching teve a oportunidade de revisar a declaração e a assinou. Teve a presença de um intérprete alemão durante todo o processo. Essa declaração foi traduzida para alemão e também para português e partilhada com os nossos colegas nesses respectivos países”, prosseguiu.
Ele disse, ainda, que Busching não estava bem quando o depoimento foi obtido, mas sempre determinado a ajudar a polícia. “Ele reclamou de não se sentir bem. Ele disse que tinha comido algo duvidoso. Mas ele ficou feliz com a declaração. Ele ficou conosco apenas por algumas horas. Ele havia viajado muito e ainda queria ajudar a polícia”, finalizou o detetive.
Mensagem dos pais
Nesta sexta-feira (3), quando se completam 17 anos do desaparecimento da menina, Kate e Gerry lamentaram a ausência da filha. Em uma publicação nas redes sociais, os pais compartilharam uma foto de Madeleine, acompanhada de uma mensagem comovente. “São 17 anos desde que Madeleine foi tirada de nós. É difícil até de dizer esse número sem balançar a cabeça em descrença. Embora tenhamos sorte em muitos aspectos e capazes de viver uma vida relativamente normal e agradável, ‘viver no limbo’ é muito perturbador. E a ausência ainda dói”, escreveram.
“Seu apoio continua a nos encorajar e intensificar nossas forças para continuar. Nós sabemos que o amor e a esperança por Madeleine, e a vontade de encontrá-la, mesmo após tantos anos, continua, e nós somos muito gratos por isso. Obrigada novamente por lembrarem de Madeleine e todas as crianças desaparecidas”, concluiu o post.
Madeleine McCann
A pequena Madeleine McCann desapareceu aos três anos de idade, enquanto passava as férias com a família na Praia da Luz, em Portugal. Ela completaria quatro anos em 10 dias. A menina estava com os irmãos gêmeos Sean e Amelie, então com dois anos, no quarto de hotel. Seus pais, Kate e Gerry McCann, tinham saído para jantar com amigos em um restaurante próximo, dentro do complexo turístico, deixando as crianças desacompanhadas. Assim que eles voltaram, descobriram que Madeleine tinha desaparecido.
Seu “sumiço” ganhou comoção mundial, com campanhas incansáveis de Kate e Gerry na tentativa de encontrar a filha. Até hoje, as circunstâncias do desaparecimento seguem vagas. O corpo de Madeleine nunca foi encontrado.
Christian Brueckner foi acusado na Alemanha a pedido da Justiça portuguesa, pelo desaparecimento. As autoridades alemãs declaram, desde 2020, que têm provas do homicídio de Madeleine, e apontam ele como principal suspeito. Na época do sumiço de McCann, Christian morava a poucos quilômetros do hotel em que a menina desapareceu, segundo a polícia alemã. O Ministério Público de Braunschweig denunciou Brückner em outubro de 2023, acusando-o de sequestrar e matar Madeleine McCann em 2007.
Em maio passado, o suspeito escreveu várias cartas na prisão, com o intuito de provar a sua inocência. Na carta divulgada pelo Daily Mail, Christian afirmou que não tem qualquer relação com o sumiço da garota. Clique aqui para ler e saber os detalhes.
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