Médico judeu atende paciente de Covid-19 com tatuagens nazistas, e depoimento emocionante viraliza: ‘Todos nós sabíamos o que ele pensava de nós’

Surpresas e situações desagradáveis são duas coisas que tivemos de sobra desde o início da pandemia da Covid-19 e para o médico judeu Taylor Nichols, não foi diferente. Em uma série de publicações no Twitter no dia 30 de novembro, Taylor relatou o susto e desconforto ao precisar entubar um paciente com uma suástica tatuada no peito, acompanhada por diversos outros símbolos nazistas espalhados pelos braços.

Em seus tweets, Nichols relata que o homem chegou à emergência de ambulância e com muita dificuldade para respirar, um dos sintomas mais graves do novo coronavírus. A equipe médica – composta por Nichols (judeu), uma enfermeira negra e um terapeuta respiratório de origem asiática – colocou o homem na maca e, juntos, retiraram sua camisa para substituí-la por uma manta hospitalar. Nesse momento, foram surpreendidos pelas imagens espalhadas pelo corpo do homem, que não teve sua identidade revelada. “A suástica aparecia fortemente em seu peito. Tatuagens da SS (organização nazista paramilitar que servia a Adolf Hitler) e outras insígnias nazistas corriam por seus braços”, relatou o médico.

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A história, que já tem quase 120 mil curtidas nas redes sociais, continua com Nichols revelando que o homem era mais velho e que o uso de metanfetamina ao longo dos anos havia deteriorado seu corpo, assim como seus dentes.

De acordo com o médico, o quadro de saúde do paciente era tão grave que a máscara de oxigênio não era o suficiente para mantê-lo respirando e antes que a hipóxia (falta de oxigênio no sangue) deixasse o homem ainda mais confuso e incapaz de responder, Taylor perguntou se ele permitiria ser entubado. O paciente então disse que se usar um tubo de respiração era a única maneira que tinha para sobreviver, queria que os médicos fizessem tudo o que podiam. “Não me deixe morrer, doutor”, pediu ele.

“Todos nós vimos. Os símbolos de ódio em seu corpo anunciavam externamente e com orgulho seus pontos de vista. Todos nós sabíamos o que ele pensava de nós. Como ele valorizou nossas vidas”, refletiu Taylor Nichols em matéria do Wall Street Journal.

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“Já vivi isso inúmeras vezes desde a faculdade de medicina. Não a intubação – que se tornou rotina neste momento para mim e minha equipe. As suásticas. Os pacientes racistas. Cada vez que encontro essa situação, fico um pouco abalado. E todas as vezes fui capaz de superar essas emoções de maneira suave e rápida”, disse o médico ao jornal americano.

Apesar de ter passado pelo desafio cruel, Nichols admite que não foi fácil e que dúvidas surgiram ao longo do caminho. “Pela primeira vez em minha carreira, eu reconheço que hesitei”, admitiu o médico. “A pandemia me atingiu; meu mantra de cuidar de todos não está tendo o mesmo impacto no momento. Eu percebo que talvez eu não esteja bem”, avalia Taylor. No texto, o médico judeu ainda conta que nunca mais viu o paciente após o procedimento. “Ele me ensinou uma lição que sei ser uma experiência compartilhada entre os profissionais da saúde: essa pandemia está testando e fortalecendo ao mesmo tempo as profundezas de nossa compaixão”, finalizou o médico.