Quem acompanha o SporTV terá de dizer “adeus” a Tiago Maranhão. O jornalista, que trabalhava há 10 anos no Grupo Globo, não apenas deixará seu posto de apresentador do “Troca de Passes”, como também se desligará de vez da televisão em breve, conforme ele anunciou nesta segunda (05). E o motivo para a mudança radical e inesperada é bem curioso.
Em um texto publicado no site Globo Esporte ontem, ele deu a notícia ao público, confirmando sua saída da emissora. “Eu, Tiago Maranhão, faço aqui minha despedida do Grupo Globo, deixando meu agradecimento a todos que participaram de cada sonho realizado, dividiram comigo os jogos debaixo de sol ou chuva, as entrevistas, aventuras e desventuras da reportagem“, escreveu ele.
Ao deixar a carreira de repórter e apresentador no SporTV, o jornalista seguirá sua jornada com um novo emprego: a Amazon! Segundo o UOL, na empresa de tecnologia, Tiago trabalhará no setor de inteligência artificial. Sua atuação será voltada ao desenvolvimento da “Alexa”, ferramenta que atua como uma assistente pessoal virtual. Mas não é de hoje que esse grande passo em sua carreira tem sido avaliado!
Após meses de conversas com a Globo, assim como com sua família, Maranhão resolveu se arriscar no processo seletivo da empresa. “Eu já vinha observando essa área de ‘big tech’. Um amigo me contou dessa vaga e me inscrevi no processo. É algo que me interessa. Conversei com a família e resolvi que era a hora para tentar”, explicou. “É uma decisão que vem sendo amadurecida há meses”, acrescentou.
De acordo com o UOL, com a saída de Tiago, o “Troca de Passes” ficará a cargo do repórter André Hernan e de Rodrigo Rodrigues, apresentador eventual do “Globo Esporte” em São Paulo. Pelos próximos 20 dias, o canal fará um período de testes, até que batam o martelo sobre a situação, que levará também outros profissionais em conta. O último programa comandado por ele será neste domingo (11), que marca sua despedida da TV.
Torcemos para que tudo dê certo nessa nova fase!
Confira na íntegra o texto de despedida de Tiago Maranhão
“Muito antes do programa de debate sobre futebol, bem antes das aberturas de jogos olímpicos, no verão e no inverno, dos mundiais, das corridas, lutas e jogos, antes das viagens com verniz glamouroso para Paris, Londres ou Tóquio e bem antes das aventuras no Timor Leste, Coreia do Norte ou Jordânia, antes das madrugadas de plantão.
Antes de tudo isso ser realizado, havia o sonho de um dia realizar isso tudo.
Só que, como todo sonho, uma hora este também teria que terminar. Esta semana vou apresentar o Troca de Passes, no SporTV, pela última vez e me despedir do Grupo Globo. Dessa década global vou levar apenas boas lembranças e profunda gratidão. Não é fácil dizer adeus a um ciclo que me deu tanta história para contar.
Minha década platinada começou no dia em que troquei uma redação onde não se trabalhava aos finais de semana por um contrato temporário de três meses para ser o repórter da madrugada da TV Globo em SP.
Durante um ano, testemunhei a violência e a crueldade de crimes que revelam o que o homem tem de pior. Mas também conheci a esperança e a coragem em situações improváveis. E esses sentimentos são altamente contagiosos.
No esporte, fiz todas aquelas coberturas que o garoto que sonhava um dia se tornar repórter esportivo poderia desejar. À beira do gramado em jogos que quase ninguém estava assistindo, e em decisões de Brasileirão. Dos jogos da Série B a partidas da Seleção Brasileira e de tantos outros países. Da Rua Javari ao Maracanã. Em Sydney, Singapura e Pequim.
Entrevistas com atletas que nunca chegaram lá aos grandes campeões e recordistas mundiais. Todos eles com histórias inspiradoras. Obrigado por dividirem um pouco dessas histórias comigo e todos que assistiram.
Histórias inesquecíveis colecionadas num mercado de rua de Dili no Timor Leste, no subúrbio de Amã na Jordânia, na única boate gay de Sochi – uma história de resistência às proibições impostas na Rússia.
Guardo com especial carinho a lembrança dos dias em Pyongyang, pelo litoral e pelas montanhas da Coreia do Norte, se fechar os olhos ainda posso ouvir o canto poderoso de uma garçonete numa sala de sinuca no subsolo de um hotel da capital do país mais fechado do mundo. Ela cantava Arirang, uma espécie de hino não-oficial das duas coreias.
A todos que dividiram cada uma dessas histórias comigo, muito obrigado.
A minha mulher, Juliana, minhas filhas Isabel, Cecília e Clara (quase chegando), que suportaram todas as ausências e ainda assim estiveram sempre comigo, obrigado. Seria impossível sem vocês.
E como costumo me despedir todas as noites, muito obrigado a todos pela companhia, bom descanso e até a próxima!”