Demitido da TV Globo em 2018, após uma reestruturação do esporte, o narrador Jorge Vinícius detonou a emissora. Em trechos do podcast “Parlando de Palmeiras” obtidos pelo site Na Telinha, ele criticou a recente onda de demissões e uma mudança de perfil dos profissionais contratados pela empresa.
Atualmente no Grupo Thathi de Comunicação, no interior de São Paulo, Jorge ficou no SporTV de 2010 a 2018. No bate-papo, que vai ao ar na íntegra esta noite (27), ele afirmou ser a favor da inclusão, mas que a Globo teria “exagerado” na alteração do quadro de funcionários. “Hoje a Globo contrata preto, mulher e homossexual. O talento é o quarto plano hoje. Perderam a mão. Sou favorável à inclusão. Não sou preconceituoso. Ao contrário! Tenho amigo gay, amigas mulheres… A Globo perdeu a mão completamente”, disse.
“Quantos pretos não tivemos com histórias lindas e maravilhosas? Vou citar dois, um homem e uma mulher. Glória Maria, saudosa Glória Maria, o que representou essa mulher para o jornalismo? Preta, mas acima de mulher e acima de ser preta, ela tinha talento. Heraldo Pereira, esse cara é um monstro, é um jornalista acima da média. Sou fãzaço dele. Quantas vezes ele esteve na bancada do principal produto da Globo em termos de jornalismo que é o Jornal Nacional?”, questionou.
Segundo o narrador, a emissora cometeu “etarismo” em algumas demissões. Etarismo é o conjunto de estereótipos, preconceitos e discriminações baseados na idade. “O trabalho de inclusão é importante? É. Tínhamos pouco? Tínhamos, concordo. Mas não vamos perder o foco. Em qualquer atividade, primeiro, o talento. Se não você gera outro preconceito”, afirmou.
“A Globo perdeu tanto a mão nesse aspecto de inclusão que agora existe o etarismo. Será que eles não estão enxergando ou não estão preocupados? Cortaram altos salários, que é questão de administração, mas uma coisa que não é legal é mandar embora pessoas que completam 50 anos, 55 anos, 60 anos… A Globo tá mandando embora gente de qualidade ainda que tem muito para dar”, argumentou.
Para justificar sua posição, Jorge usou como exemplo o desligamento do narrador Jota Júnior, aos 72 anos, após 24 anos de serviços prestados na TV Globo. “Era um cara extraordinário. É um cara de uma luz, uma evolução espiritual que é uma coisa fantástica. É um cara que é unanimidade. E como narrador? Tá em fim de carreira? Não está! Ele tem mais a doar, a dar”, disse.
Segundo ele, uma reestruturação é sempre bem-vinda, desde que a dedicação dos funcionários antigos também seja levada em consideração. “Mas por que foi mandado embora? Por causa da idade. A Globo hoje pratica o etarismo. Isso é feio. Tá dando abertura para preto, mulher e homossexual, mas não esqueça desse público, desses funcionários que se doaram”, concluiu.
Na época em que foi demitido, o narrador ressaltou que foi pego de surpresa, mas elogiou a emissora. “Eu fiquei oito anos como contratado do Grupo Globo. Não tenho uma vírgula para falar sobre a emissora, sobre companheiros, sobre chefia. Sempre fui muito bem tratado, foi a melhor casa em que eu já trabalhei na minha vida. Eu fiz parte da reestruturação que, você bem se lembra, começou em setembro no Grupo Globo. E agora, sobrou para mim”, brincou, em entrevista ao UOL. “Não esperava uma demissão agora. Mas vida que segue, vamos recomeçar. Mas sobre a Globo, só tenho coisas boas a falar”, acrescentou.