Fábio Porchat conta perrengue hilário que viveu em espermograma e cria hashtag inusitada para Bolsonaro: ‘É o que ele entende’ – Assista

Fábio Porchat foi o convidado dessa segunda-feira (21) a participar do “Roda Vida”, da TV Cultura. Durante o papo, o humorista inverteu a premissa de seu programa “Que História É Essa, Porchat?”, em que ouve causos engraçados dos convidados. Dessa vez, ele próprio compartilhou situações inusitadas de sua vida.

Além de relembrar a gafe famosa de sua entrevista ao vivo com Guilherme Boulos, em que a esposa, Nataly Mega, apareceu no fundo na tela vestindo apenas uma toalha, Porchat relatou em primeira mão uma confusão com um exame de sêmen feito em casa.

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“Eu fiz um espermograma, e dá pra fazer em casa, aí vem uma pessoa recolher seu teste. Muito bem, comprei o potinho e de manhã chegou o pessoal do laboratório. Aí fui no banheiro, fiz o que tinha que fazer, desci com o potinho e o pedido médico. Quando chego e entrego o exame para a moça, toda aparamentada, ela pergunta: ‘É o PCR, pro Covid, senhor?’. E eu com o sêmen na mão falei: ‘Não senhora, como assim PCR? É outro exame’. Aí ela: ‘Ah, senhor, acabei de ver, é de urina?!’. Aí falei: ‘Desculpa, te peço perdão, é sêmen o que eu tenho aqui'”, lembrou, aos risos.

“Aí nessa confusão, eu já tinha balançado tanto o negócio, que já tinha virado um milkshake, eu estava lá constrangidíssimo… Enfim, o bom é que o exame deu tudo certo!”, contou em seguida, bem-humorado. Confira:

Sobre o governo Bolsonaro

Para além desse momento de descontração, alguns assuntos mais sérios vieram à tona. Ao longo da entrevista, o humorista fez uma série de críticas ao presidente Jair Bolsonaro, dando até mesmo um apelido inusitado ao político. Para ele, o atual governo se apropria do fato de a população estar muito vulnerável, principalmente agora, durante a pandemia.

“Sinto que existe uma insatisfação geral da população, que está muito desassistida, há uma desesperança das pessoas. Sinto que ninguém aguenta mais, e quando vem uma mente diabólica e do mal para controlar essas pessoas, ela consegue pegar essa massa de manobra – que é a nossa população, de maioria pouco instruída”, avaliou.

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Na última semana, Bolsonaro afirmou em coletiva de imprensa que não tomará vacina contra o Covid-19, alegando que tem anticorpos, e dizendo que não se responsabilizaria em caso de efeito colateral em quem for vacinado. Em seu discurso, o chefe de Estado citou que entre as possíveis implicações estariam: nascer barba em mulher, afinar a voz dos homens, e até mesmo mutações, em que as pessoas se transformariam em jacarés. “As pessoas estão muito carentes, elas precisam de qualquer coisa. E se qualquer coisa for a vacina que vai transformar em jacaré, então tá bom”, avaliou Fábio.

“Esse governo se apropriou dessa narrativa. Assim como o Lula sabia chegar no povão, esse governo entendeu que a população está mais ‘revolts’, a gente adora uma teoria da conspiração, uma loucurinha. Só que essa gente que cria isso assumiu o poder! Essa gente não governa, se vinga, porque passou a vida inteira sendo uns merdas, nunca tiveram voz. De repente, essa pessoa que ninguém queria ouvir foi colocada no principal posto do país e agora é ouvida o tempo todo! É a mesma ladainha de gente muito ressentida, muito vingativa”, continuou.

De acordo com o humorista, “gente maluca é muito sedutora”. “Dá muita vontade de expor e ouvir essas pessoas. Por ser muito sedutor, você tem 10 mil pessoas falando, mas se uma fala: ‘Se você tomar vacina, você vira um jacaré’, é ela que a gente vai expor. Mas a verdade é que ela é insignificante, ela não é representativa. O problema é quando esse imbecil e maluco é o presidente, aí não dá pra ignorar”, argumentou.

Porchat também disse que as pessoas não devem mais dar destaque e tamanha importância às palavras de Jair: “Eu acho que a gente está na luta errada. Não há mais nada que o Bolsonaro possa fazer pra provar que ele é uma besta absoluta e completamente inapto para o cargo, em todos os sentidos. Acho que a gente tem que parar de falar ‘Bolsonaro isso, Bolsonaro aquilo’. Primeiro que a gente tem que parar de falar Bolsonaro e falar presidente, pra mostrar que ele não é uma pessoa, ele é um cargo, pra entendermos a gravidade da situação”.

“A gente não tem mais que dar o destaque pro Bolsonaro, a gente tem que dar o destaque para outras personalidades que têm senso crítico. Enquanto a gente continuar dando palco pra maluco, ele vai crescer. Precisamos ignorar o maluco – claro que a imprensa precisa noticiar -, mas ao invés de querer saber o que ele vai falar, vamos ouvir o que o Dória vai falar, o que o Ciro Gomes vai falar. Começa a jogar pros outros candidatos!”, sugeriu, em seguida.

O humorista ainda deu mais uma boa alfinetada no presidente, dizendo que para conseguir atingir o ego do político, precisava se rebaixar ao nível dele. “Eu tenho essa teoria. A gente não tem mais que falar: ‘O Bolsonaro é genocida’. A gente tem que falar. ‘O Bolsonaro tem pau fino’. Aí chega lá, é o que ele entende. Eles nivelam o debate por baixo, é que nem criança. Pra gente conseguir conversar com essa gente, a gente tem que se rebaixar ao nível deles. Não adianta falar Bolsonaro genocida, eles estão rindo disso. Por isso eu lanço a hashtag ‘Bolsonaro Pau Fino’. Isso tem que chegar nele”, pediu.

Sobre o atentado ao “Porta dos Fundos”

Ainda no programa, Fábio comentou sobre o atentado à sede do “Porta dos Fundos”, que completa um ano nesta semana. A polêmica se desenrolou após o lançamento do “Especial de Natal” do grupo humorístico na Netflix. Na história, Jesus Cristo era retratado como um homem gay e José, Maria e Deus teriam vivido um triângulo amoroso.

“O que ficou muito claro e evidente é que foi um ato isolado de fundamentalistas, milicianos da fé, que se julgam guardiões de prefeitos, incentivados e apoiados por um governo que gosta de agredir, de atacar, de mandar jornalista calar a boca, dizer que ‘não’ merece ser estuprada… Esse governo fez com que ratos, baratas, monstros e bichos escrotos se sintam à vontade pra fazer isso”, declarou Porchat.

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O comediante também disse que o ataque não teria acontecido em outro governo: “Em outros anos já havíamos feito [o especial de Natal], em 2018 ganhamos o Emmy de ‘Melhor Comédia do Mundo’ e em 2019, jogaram a bomba na gente. O que aconteceu nesse tempo? Mudou o presidente, mudou o governo, entrou essa gente louca, que se diz religiosa, mas na verdade não é. O problema do especial foi homofobia. Essa bomba diz muito mais sobre quem a jogou do que sobre quem recebeu”.

O ateísmo atrapalhou o trabalho na Record TV?

Assumidamente ateu, Fábio Porchat falou também sobre como foi trabalhar durante dois anos e meio na Record TV, emissora comandada pelo bispo evangélico, Edir Macedo. “Foi super legal, eu aprendi muito! Foi uma passagem ótima. É lógico que é uma emissora que tenho uma crença praticamente oposta ao que eu acredito”, observou.

“É muito curioso, às vezes, vou mudando os canais pra ver o que está passando. A gente está no meio de uma pandemia, com mais de 185 mil mortos, o presidente falando de jacaré… Aí você liga na Record e tá uma matéria de 50 minutos assim: ‘Por onde anda Naldo Benny?’. Acho que no futuro, as pessoas vão cobrar isso da Record. Eu acredito em coisas muito diferentes do que eles”, opinou ainda.

O humorista disse que se autocensurava às vezes, e deixava de falar de alguns assuntos em seu talk show, por conta das crenças da emissora. “É claro, eles não queriam que tocasse no assunto religião, nem pro lado deles, inclusive. E eu queria entrevistar o Padre Fábio de Melo, o Edir Macedo, todo mundo! Mas tinham coisas que não podíamos falar, mostrar… Toda emissora tem seu problema. Na Record, é muito do que a gente já conhece, então claro que eu era podado de alguma forma, mas nada além do que eu já imaginasse. Fui muito consciente do que ia encontrar lá, encontrei e segui meu caminho”, afirmou.