Jornalista diz que foi demitida da Record dois dias após denunciar assédio sexual, e expõe bastidores; assista

A ex-apresentadora da Record News, Rhiza Castro, detalhou o caso que se estendeu por quase um ano

Nesta segunda (23), Rhiza Castro explicou sua saída da Record TV, em 4 de janeiro. Conforme relato da jornalista, ela deixou a emissora dois dias após denunciar um diretor por assédio sexual. A ex-apresentadora da Record News contou como lidou com a importunação durante um ano e expressou sua indignação com o RH da empresa.

“O motivo [da demissão] foi que sofri assédio sexual do meu diretor por quase um ano. No final, eu sofri retaliações porque obviamente eu não cedi. Até que não aguentei mais e decidir fazer a denúncia no RH da empresa. Não tinha feito boletim de ocorrência, nada, levei esse fato ao RH e falei: ‘O que vocês vão fazer?’ E o que eles fizeram foi me demitir dois dias após a denúncia”, detalhou Rhiza.

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A jornalista ainda criticou a área de recursos humanos da Record, e confessou que mesmo sabendo dos procedimentos, tinha esperança. “Eu sabia que isso poderia acontecer, né? Claro. Mas eu tinha esperanças que a empresa fosse séria e zelasse pelo bem-estar dos seus colaboradores. Mas não foi isso, né? Me enganei”, afirmou.

A antiga comandante do Esporte Record News informou que entrou com uma ação trabalhista contra a emissora e uma ação criminal contra o diretor que teria praticado o assédio. “Ainda não tenho os resultados. Não posso falar sobre os processos, porque estão em segredo de Justiça. Mas, eu tenho muito orgulho de eu ter tido coragem de ter feito tudo isso e ter saído dessa prisão”, explicou a comunicadora. “Talvez eu tenha sido a única mulher que tenha tido coragem, porque eu sei de várias outras que sofreram na mão dessa pessoa, assim como eu”, acrescentou Castro.

Rhiza também lamentou como sua vida pessoal e profissional foi impactada após ter sofrido assédio sexual. “É muito triste, porque a gente acaba se sentindo invalidada como profissional, principalmente, e como mulher e ser humano. Ninguém imagina o tanto que é ruim, quão traumatizante é”, ressaltou.

A jornalista, então, deu mais alguns detalhes sobre as ações que move na Justiça. “Mas o que eu posso falar é que, neste primeiro momento a gente teve sim uma vitória. Já saiu a primeira sentença, cabe recurso, mas eu não posso falar mais nada. Quando eu puder, eu volto aqui”, encerrou Rhiza. Ela destacou que não falou sobre o ocorrido anteriormente por ser algo que ainda a “machuca muito”. Assista:

À coluna de Lucas Pasin, do UOL Splash, Rhiza Castro comentou o caso. “Não estava preparada psicologicamente para ficar voltando ao assunto. Sendo que toda hora tinha que ficar falando por conta do processo. Hoje eu me sinto mais à vontade de falar e com vontade de expor a situação para não ser mais um caso velado”, esclareceu.

Segundo a apresentadora, o boletim de ocorrência foi feito no dia 6 de janeiro, junto com mensagens que recebia do diretor. “Foram meses recebendo muitas mensagens. Tenho todas elas, e isso me ajudou a provar o assédio. [O diretor] fazia convites para jantar, tirava fotos minhas e me mandava elogiando, e falava coisas do tipo: ‘Assim meu coração não aguenta’. Até presentes ele já me deu. Foram muitas diretas e indiretas”, recordou.

Rhiza Castro foi demitida da Record TV após denunciar diretor por assédio sexual (Foto: Reprodução/Record TV)

A comunicadora detalhou como foi o processo dentro da empresa. “Denunciei no RH da Record. Fui lá pessoalmente, conversei com o diretor do RH, e ele me pediu que mandasse um e-mail com algumas provas. Fiz isso, e dois dias depois veio a minha demissão. A justificativa foi ‘corte de gastos’, e nunca mais falaram absolutamente nada”, disse Rhiza.

O advogado de Castro, Thiago Anastácio, declarou à coluna que a Justiça do Trabalho confirmou a versão da jornalista. “A Justiça do Trabalho afirmou, por sentença, que Rhiza sofreu assédio sexual. A Justiça criminal, por questões de política criminal, tem legislação que permite a suspensão do processo caso o acusado pague para não ser processado, e ele pagou”, informou.

“Fica a lição, por mais que a defesa do acusado tenha afirmado que os graves fatos que caracterizam o assédio fossem brincadeiras aceitáveis no ambiente de trabalho, elas não são aceitáveis! Que as empresas da imprensa e a sociedade em geral entendam que o que antes era uma brincadeira de homens toscos, velhacos, agora é ilícito grave!”, pediu Anastácio.

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