O jornalista Aluisio Marques, natural de Belo Horizonte, em Minas Gerais, entrou na Justiça contra a TV Globo. Na ação trabalhista, o jornalista diz ter sido alvo de assédio moral, entre outras acusações. Ele solicita uma indenização de aproximadamente R$ 725 mil e o reconhecimento do acúmulo de funções.
Segundo informações do NaTelinha, o comunicador foi contratado pela emissora em 2015, como estagiário, e efetivado um ano depois, como coordenador de telejornais. Entretanto, a decisão de abrir o processo veio durante o período de férias, já que ele segue integrando o quadro de funcionários do canal.
No documento, ao qual o veículo teve acesso, Aluisio fez sérias acusações envolvendo o período da pandemia. O repórter diz ter sido obrigado a trabalhar, mesmo apresentando sintomas da Covid-19. Em 30 de agosto de 2021, ao sofrer com sintomas leves da doença, ele conversou com seu superior direto, Gleison Barreto, e foi orientado a continuar exercendo suas funções. Além disso, ele contou que foi aconselhado a esconder a condição dos colegas, a fim de “evitar pânico” na redação.
Após o episódio, Aluísio relatou tudo à Marina Borges, chefe de reportagem da época, além de contatar a direção do Rio de Janeiro. O jornalista foi atendido por uma enfermeira, que indicou o afastamento imediato. Todavia, Marques só teria sido liberado pela equipe mineira horas mais tarde. Na semana seguinte, sem os 14 dias de afastamento indicados, ele foi recolocado na escala de trabalho.
Em vista da situação, André Froes de Aguilar, advogado do profissional, acusa a emissora de hipocrisia, pois o discurso interno iria contra a cobrança pública ao governo federal por medidas mais eficazes na prevenção da doença. Segundo Aluísio, a falta de empatia com relação aos problemas de saúde teria ocorrido mais de uma vez.
Ele também diz ter desenvolvido outras atividades fora de seu cargo, entre elas editor de texto, operador de teleprompter, editor de imagem, repórter e cinegrafista – todas sem o devido pagamento.
A defesa acusa o canal de “enriquecer às custas do repórter”, já que ele não teria sido remunerado de acordo com as atividades extras, ao contrário de outros colegas que foram pagos pelas mesmas funções. O advogado reforçou que o profissional atuava de segunda a segunda, sem horário determinado, com suas reportagens sendo exibidas em qualquer período, até mesmo na madrugada.
Em outro trecho do processo, o jornalista cita um momento polêmico, que ocorreu em 15 de julho de 2022. Na época, Marques teria sido impedido de utilizar o banheiro. O repórter diz que, para fazer as necessidades fisiológicas, precisava da autorização da editora-chefe, Lídia Procópio. As diversas situações comprovam uma suposta perseguição, alega a defesa.
Em vista das acusações, o advogado solicitou o pagamento de horas extras, intervalos, adicional noturno, abono salarial, adicional de transferência, alegando que a jornada de trabalho de Marques era de 13 horas diárias. A TV Globo não se manifestou sobre o assunto.
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