Fim do mistério! No “Fantástico” deste domingo (20), o “repórter secreto” mostrou o rosto pela primeira vez na TV Globo, após 27 anos. Durante a entrevista, ele explicou por que optou por não aparecer para as câmeras enquanto trabalhava com reportagens especiais. Na época, Eduardo Faustini conduziu uma série de investigações e denúncias, consagrando-se como um dos mais premiados jornalistas do Brasil.
“As pessoas fazem muita confusão achando que eu não mostro o meu rosto pra me proteger. Mas, na realidade, eu nunca mostrei meu rosto para proteger o meu trabalho. É o meu trabalho que eu tento proteger”, disse Faustini.
Especializado na apuração de casos de corrupção e crimes policiais, o repórter contou que o anonimato foi essencial para o sucesso de seu trabalho. “Porque o fato de eu não ser conhecido me possibilitou fazer muitas matérias de infiltração, de frequentar lugares sem ser reconhecido. Então, esse é o motivo. E agora eu acho que já está na hora de descansar um pouco. Eu não tenho mais por que me esconder”, continuou, enquanto as luzes do estúdio se acendiam.
No dominical, ele admitiu que estava nervoso de mostrar o rosto em frente às câmeras e revelar sua identidade: “Eu estou nervoso, estou agitado. Tentando me encontrar nesse universo aqui. Estou extremamente desconfortável fazendo isso. Agora, quando estou fazendo o meu trabalho, não sinto nada (nenhum nervosismo). Sei que não posso tremer ou gaguejar. Isso possibilitou muitas denúncias importantes ao longo dos anos”. O momento foi exibido como parte das comemorações de 50 anos do “Fantástico”. Assista ao trecho:
Repórter secreto mostra o rosto pela primeira vez pic.twitter.com/AoJjhm9QYS
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) August 21, 2023
Outro motivo para se manter anônimo, segundo Eduardo, foi preservar os familiares, já que chegou a ser ameaçado mais de uma vez por conta das investigações. “Eu sabia o peso da minha responsabilidade. Eu sacrifiquei a minha família, minha mulher, meu filho — e eles nunca me cobraram. Mas eles sabem o que passaram. O meu filho fez a faculdade com policiais na porta da sala de aula”, lembrou.
Entre as reportagens marcantes de Eduardo Faustini estão a prisão do ex-coronel da Polícia militar Hildebrando Pascoal, acusado de comandar grupos de extermínio, e a exposição de diálogos que mostravam corrupção explícita de agentes da prefeitura de São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Ele também noticiou a queima de documentos da época da Ditadura Militar em Salvador, cobriu conflitos entre policiais e traficantes do Rio e investigou denúncias sobre desvios de dinheiro público – na série “Cadê o Dinheiro que Tava Aqui?”.
Eduardo Faustini trabalhou no “Fantástico” de 1997 a 2021, quando foi desligado da emissora. O repórter entrou numa leva de funcionários veteranos que tiveram de deixar a empresa, como aconteceu com Ari Peixoto, Renato Machado, Isabela Assumpção, Francisco José e Alberto Gaspar.
Neste domingo, no #Fantástico: o repórter secreto está de volta para investigar mais casos de mau uso do dinheiro público. Não perca o retorno de "Cadê o dinheiro que tava aqui?" pic.twitter.com/3urGNrJror
— Fantástico (@showdavida) January 4, 2019