Globo de Ouro é acusado de corrupção e série “Emily em Paris” é envolvida no caso; saiba detalhes

Apesar de ser uma das produções “queridinhas” do momento, a nomeação de “Emily em Paris” para o Globo de Ouro 2021 surpreendeu a bastante gente… Agora, uma reportagem da mídia internacional alega que parte do comitê de votação da premiação pode ter sido influenciada a indicá-la. De acordo com o Los Angeles Times, mais de 30 membros da Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, na sigla em inglês) foram levados de avião para visitar o set da série na França, durante as filmagens em 2019.

[anuncio]

Na época, a Paramount Network (desenvolvedora do programa) supostamente deu ao grupo duas noites no hotel cinco estrelas Peninsula Paris, “onde os quartos custam atualmente cerca de US $ 1.400 (cerca de R$ 7.652) por noite”. Os visitantes também participaram de um encontro e almoço no histórico e privado Museu des Arts Forains.

“Eles nos trataram como reis e rainhas”, disse à publicação um integrante do comitê que participou da viagem. No entanto, o jornal afirma que as regras da HFPA proíbem os membros de aceitar presentes avaliados em mais de US $ 125 de estúdios ou produtores.

“Emily em Paris” surpreendeu por indicações no Globo de Ouro. (Foto: Divulgação/ Netflix)

Em resposta, a associação disse que “controla vigorosamente suas políticas em torno das vantagens que seu grupo recebe”, observando que, embora seus membros recebam estadias em hotéis, jantares e outros brindes, “o grupo paga sua própria passagem aérea para viagens no exterior e aplica estritamente sua política em relação a presentes, que foi atualizada no final de 2019”. Já representantes da Paramount Network e Netflix não quiseram comentar sobre o assunto.

A indicação de “Emily em Paris” na categoria de “Melhor Série de Comédia ou Musical” gerou críticas até de uma das próprias roteiristas da produção, Deborah Copaken. Ela escreveu em um artigo de opinião para o jornal The Guardian, afirmando que ficou chocada com o fato de um programa sobre “uma branca americana vendendo luxo branco” ter sido nomeado ao Globo de Ouro, enquanto a aclamada “I May Destroy You”, que trata das consequências de estupro, além de questões de raça e classe, foi excluída.

“Houve uma reação real e com razão — aquele programa (Emily em Paris) não pertence a nenhuma lista dos melhores de 2020. É um exemplo de por que muitos de nós dizem que precisamos mudar”, comentou outro membro da HFPA ao Los Angeles Times.

As acusações contra a HFPA

O Los Angeles Times teve acesso a documentos fiscais internos, conversas de e-mails e depoimentos de integrantes e ex-integrantes da Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood, que acusaram a entidade de aceitar dinheiro, viagens e presentes em troca de indicações ao Globo de Ouro. A reportagem, que foi publicada neste domingo (21), investigou o que o jornal descreveu como alegações de “conflitos éticos” e uma “cultura de corrupção” dentro da HFPA.

A publicação afirmou que existe uma crença generalizada em Hollywood de que o comitê de votação do Globo de Ouro pode ser “enganado e influenciado com atenção especial e acesso a estrelas da lista A”. Registros financeiros da associação, por exemplo, mostram que a organização pagou um total de cerca de US$ 100 mil a seus membros no final de 2020. Em troca, essas pessoas assistiam a filmes, faziam viagens e participavam de outras atividades relacionadas ao comitê em questão.

A HFPA, por sua vez, negou todas as acusações de corrupção e afirmou que não há nenhuma prova. “Nenhuma dessas alegações foi comprovada em tribunal ou em qualquer investigação, [e] simplesmente repetem velhas noções sobre a entidade e refletem preconceito inconsciente contra os seus diversos membros”, disse um porta-voz da associação, em resposta a perguntas feitas pelo jornal.

Em novembro, o tribunal federal de Los Angeles decidiu contra a jornalista de entretenimento norueguesa Kjersti Flaa, que entrou com uma ação contra a HFPA depois que ela teve sua admissão negada à organização. Em seu processo, Flaa disse que o HFPA é administrado como um cartel em violação das leis antitruste”. “É tão focado em proteger sua posição de monopólio e benefícios isentos de impostos que adotou disposições do estatuto que excluem da associação todos os candidatos objetivamente qualificados que possam competir com um membro existente”, acusou ela.