A mãe de Tony Hughes, uma das vítimas de Jeffrey Dahmer, mostrou seu descontentamento com a série “Dahmer: Um Canibal Americano”, da Netflix. Em conversa com o The Guardian publicada nesta segunda-feira (10), Shirley afirmou que não assistiu à produção, mas chegou à conclusão de que os casos não ocorreram da forma como foram retratados no projeto.
A história de seu filho é contada no sexto episódio da trama. “Não vejo como eles podem fazer isso. Não vejo como eles podem usar nossos nomes e divulgar coisas assim“, reclamou. “Não aconteceu daquele jeito“, concluiu a norte-americana, hoje com 85 anos. Depois disso, ela desligou a ligação, de acordo com o jornal.
Tony, que era surdo, conheceu Dahmer em um bar gay de Milwaukee em 24 de maio de 1991, segundo a Associated Press. Na mesma noite, o criminoso levou o aspirante a modelo para sua casa, drogou-o e desmembrou seu corpo. Na versão do streaming, o psicopata ainda é mostrado doando dinheiro para ajudar nas buscas por Hughes – interpretado por Rodney Burford – e depois cozinhando e comendo partes do seu corpo.
Shirney não é a primeira familiar de uma das vítimas a reclamar da trama estrelada por Evan Peters. Antes, parentes de Errol Lindsey já haviam se pronunciado sobre a produção – em especial, sobre uma cena do julgamento de Jeffrey.
Em entrevista à revista Insider publicada no início do mês, Rita Isbell, irmã da vítima, criticou a conduta da plataforma por nunca ter pedido autorização para as famílias. Ela também afirmou que tudo não passou de “ganância da produtora“.
“Quando vi parte da série, isso me incomodou, especialmente quando me vi, quando vi meu nome aparecer na tela e essa senhora dizendo literalmente o que eu disse”, apontou a mulher. Seu depoimento durante o julgamento de Dahmer foi retratado na série – e também se tornou alvo de críticas. “Se eu não soubesse, teria pensado que era eu. O cabelo era como o meu, ela estava com as mesmas roupas”, desabafou. Ela ainda afirmou que assistir à sequência trouxe lembranças sombrias sobre o período que viveu logo após o assassinato de seu irmão. “É por isso que parecia reviver tudo de novo. Isso trouxe de volta todas as emoções que eu estava sentindo naquela época”, lamentou.
Um dos primos de Lindsey, Eric, também comentou a cena em questão, que acabou viralizando, comparada frame a frame com as imagens reais do julgamento de 1992. “Eu não estou dizendo a ninguém sobre o que assistir, eu sei que a mídia de true crime é enorme agora, mas se você está realmente curioso sobre as vítimas, minha família (os Isbells) está furiosa com essa série”, lamentou o norte-americano, que compartilhou o trecho. “Está nos retraumatizando repetidamente, e para quê? De quantos filmes/séries/documentários precisamos?”, questionou ele.
I’m not telling anyone what to watch, I know true crime media is huge rn, but if you’re actually curious about the victims, my family (the Isbell’s) are pissed about this show. It’s retraumatizing over and over again, and for what? How many movies/shows/documentaries do we need? https://t.co/CRQjXWAvjx
— corbin bleu’s tether (@ericthulhu) September 22, 2022
Apesar das críticas, “Dahmer: Um Canibal Americano” é um dos maiores sucessos da Netflix. Na terça-feira (11), a série de Ryan Murphy se tornou a segunda produção de língua inglesa mais assistida da plataforma. No total, foram 701 milhões de horas visualizadas em apenas três semanas. A produção perde apenas para “Stranger Things”, que tem mais de 1,3 bilhão de horas assistidas.
Jeffrey Dahmer foi responsável pela morte de 17 homens e garotos, com métodos hediondos, envolvendo estupro, necrofilia e canibalismo. Dahmer costumava seduzir ou oferecer dinheiro para as vítimas antes de drogá-las, estuprá-las e assassiná-las. Além disso, o criminoso dissecava os corpos, comia órgãos e guardava ossos até ser pego pela polícia, em julho de 1991. Dahmer confessou os 17 assassinatos e foi condenado a 16 penas de prisão perpétua. Dois anos depois, no entanto, ele foi espancado até a morte por outro detento.