Para interpretar o serial killer Jeffrey Dahmer, o protagonista da série “Dahmer: Um Canibal Americano”, Evan Peters, precisou de muito estudo. Em entrevista à revista Variety, o ator revelou um dos primeiros vídeos que assistiu para se preparar para o papel. Por recomendação do diretor da série, Ryan Murphy, Peters viu uma das últimas entrevistas do criminoso.
Evan confessou que estava com “medo e repulsa” em consumir as falas do serial killer. “Eu estava com muito medo de tudo o que ele fez, e de mergulhar nisso e comprometer-me a fazer o meu melhor, no que seria uma das coisas mais difíceis da minha vida, porque eu queria que ficasse bastante autêntico. Mas, para isso, eu precisava acessar lugares muito obscuros e ficar lá por um grande período”, contou o ator.
Peters ainda afirmou que precisou estabelecer um limite durante as pesquisas para interpretar o assassino: “Ao me perder nisso, era um desafio tentar olhar para essa pessoa que aparentemente era tão normal, mas que por baixo escondia um mundo inteiro de segredos. Eu li tanta coisa, vi tanta coisa que, em um certo ponto, tive que dizer: ‘Ok, isso é o suficiente’”.
Uma das primeiras e perturbadoras entrevistas de Jeffrey Dahmer assistidas pelo ator foi “Confessions of a Serial Killer” (Confissões de um Serial Killer, em português). O depoimento foi concedido em fevereiro de 1994, ao jornalista Stone Philips, no programa “Dateline”, da emissora norte-americana NBC. Phillips foi até a prisão de segurança máxima em Columbia, onde Dahmer cumpria pena, para conversar com o assassino. O repórter também entrevistou o pai, Lionel Dahmer, e a mãe do serial killer, Joyce Dahmer.
Na entrevista, Jeffrey afirmou que seu “pesadelo virou realidade” após cometer o primeiro assassinato, em 1978. Ele voltou a matar em 1987 e, até 1991, fez 17 vítimas, todos homens e meninos na faixa dos 14 aos 32 anos. Seus crimes envolviam estupro, necrofilia e canibalismo, em sua maioria, praticados com minorias sociais, como homens negros, indígenas e a comunidade LGBTQIAP+.
“Havia uma grande questão de querer controle total sobre alguém, controle total de não precisar considerar suas vontades, de poder mantê-los comigo pelo tempo que eu quisesse. Essa era uma grande parte [da motivação]. Luxúria era uma grande parte disso. Controle e luxúria. Depois que aconteceu pela primeira vez, pareceu ter tomado controle da minha vida. Era algo que dominava meus pensamentos“, disse Dahmer em um dos trechos.
O assassino também afirmou que não gostava de matar: “Os assassinatos eram só meios para um fim, a parte menos satisfatória de tudo. Eu não gostava de matar. Por isso tentei criar zumbis vivos com ácido úrico e a furadeira“. Antes de ser preso, o serial killer injetava ácido nos cérebros de suas vítimas na tentativa de controlá-las e mantê-las em um estado de torpor.
“Matar não era o objetivo. Eu só queria ter a pessoa sob meu controle e fazer o que eu quisesse. Não é fácil dizer isso, mas era essa minha intenção“, acrescentou. Além disso, Dahmer afirmou que a prática do canibalismo fazia ele sentir que suas vítimas eram “partes permanentes” dele. “Além da mera curiosidade de saber como era isso, […] eu sentia uma satisfação sexual em fazer isso“, contou o canibal de Milwaukee.
Após 13 anos cometendo os crimes hediondos em liberdade, Jeffrey admitiu que estava aliviado em finalmente estar preso, afirmou que estava arrependido dos assassinatos e tentou, ainda, se desculpar com as famílias das vítimas. “Estou feliz que acabou. Quaisquer palavras que eu disser para as famílias das vítimas vão parecer banais e vazias. Eu não sei como expressar o arrependimento, o sofrimento que eu sinto pelo que fiz com seus filhos. Eu não consigo encontrar as palavras certas“, disse.
Posteriormente, o jornalista Stone Phillips contou que a entrevista com Dahmer foi uma das experiências mais perturbadoras que ele já passou em 30 anos de trabalho na televisão. Nove meses após os depoimentos, no dia 28 de novembro de 1994, o serial killer morreu ao ser espancado por outro detento da Columbia Correctional Institution. Assista à entrevista na íntegra: