Quarentena, tempo de se resguardar, de olhar para dentro de si, de olhar para o outro e ajudá-lo, ainda que distante, tempo de olhar para as suas gavetas, e para o seu passado, imaginando o que pode ser desse futuro. Em casa, em respeito ao isolamento social, o ator Johnny Massaro, de 28 anos, passou por esses momentos, e num deles, decidiu revisitar seus arquivos, para organizar HDs.
Foi aí que ele encontrou materiais de ‘Amarillas’, um curta-metragem que dirigiu ainda em 2012, e que acreditava ter perdido. Massaro reeditou o filme, de cerca de 11 minutos, que será lançado na próxima segunda-feira (8), em um formato diferente. Através da conta @curtamarillas, no Instagram, a produção chega em pílulas, que vão de sete segundos a três minutos. “A gente propõe uma sequência, mas a pessoa tem a liberdade de escolher começar da onde e como quiser, repetindo, compartilhando e também comentando em cada cena específica“, explica o ator sobre o que chama de ‘webfilme’.
No elenco principal, estão Carolinie Figueiredo e Rael Barja, que atuaram na época em “Malhação” com Johnny. Erom Cordeiro, Sophia Abrahão, Chay Suede, Ícaro Silva e Mariah Rocha também participam. Para as gravações, eles visitaram a Chapada das Perdizes, no sul de Minas Gerais, e a cidade de Guapimirim, no Rio de Janeiro. De acordo com Massaro, o projeto se desenrolou quando ele cursava a faculdade de cinema.
“Eu me deparei com a frase ‘por que se suicidam as folhas quando se sentem amarelas?’ do “Livro das perguntas”, do Pablo Neruda. Imaginei dois amigos que saem por aí na busca de um lugar bacana pra curtir o final do mundo, que, no filme, é real. Peguei a Paraty 97 do meu falecido vô, confiamos na ideia e colocamos o pé na estrada“, relembra. “Acho simbólico estar sendo lançado nesse momento, em que estamos encarando certos fins e, principalmente, imaginando novos começos. Mas fico pensando: “ok, e se o mundo não acabar… como continuar?”. Acho que essa é a pergunta principal do filme“, reflete.
O ator diz que o filme é filho da quarentena, e acredita que esse faça mais sentido hoje que oito anos atrás. “Não fosse esse, o momento, talvez não o encontrasse tão cedo. Ou mesmo, nunca“, pondera sobre o material. “Penso que a reflexão [desse curta] seja sobre como encarar o fim como parte construtiva dos processos. Tudo está em constante movimento. Por isso as folhas amarelam e caem. Mas o que impulsiona e sustenta esse movimento, de vida e morte? É o grande mistério, do qual somos parte. Então quem somos nós para duvidar desse processo? E por que o tememos se não há outra opção? Tomando isso como um ponto de vista válido, como fazer para inaugurar uma nova era, onde os seres humanos se respeitem a si e a tudo e todos, em suas individualidades, mas conscientes do seu papel no todo?“, questiona Massaro.
Assista ao teaser de “Amarillas”:
Johnny estreia ‘Amarillas’ no dia 8, e para isso conversou bastante com os amigos envolvidos nas gravações. “O filme é nosso! Foi e está sendo bastante emocionante. É uma espécie de prova das nossas amizades, mas também o quadro de um momento um pouco maior que a gente. Assim espero“, encerra.