Na última sexta-feira (03), um bebê de um ano morreu afogado na piscina de sua casa, em Planaltina, Goiás. De acordo com o pai do garoto, pouco antes da tragédia, policiais o detiveram em sua própria residência, obrigando-o a deixar a criança e mais dois filhos pequenos sozinhos em casa. A Polícia Militar, por sua vez, nega a história.
De acordo com o G1, Miguel Tayler Pereira Gualberto até chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu e veio a óbito. O pai, Jonas Pereira Gualberto, afirmou que estava sozinho cuidando do garoto e mais dois filhos, de três e seis anos, quando a PM o abordou em casa. Neste momento, sua esposa estava no supermercado.
“Meus meninos estavam no quarto, assistindo, no começo da casa. No momento que saí no portão para pegar a vassoura, eles já me algemaram e falaram que eu estava preso. Não me explicaram, não falaram nada. Só colocaram a algema e me levaram”, afirmou o agente de monitoramento, em entrevista ao “Bom Dia Goiás”. Jonas foi liberado da delegacia após não ter sido reconhecido pela vítima do roubo. Lá mesmo, ele recebeu a notícia da morte do filho.
Versão da mãe
Raifra da Silva, a mãe de Miguel Tayler e esposa de Jonas, confirmou que estava no supermercado. Quando se deparou com o filho na piscina, ela diz ter tentado salvar sua vida. “Eu pulei dentro da piscina, peguei pelos pés dele, coloquei nos meus braços, saí com ele desesperada correndo até o portão da área de casa. Uma dor terrível, parece que o chão desabou. O mundo para mim acabou. Agora só quero que isso não fique impune”, desabafou ela.
Versão da Polícia Militar
Em nota, a Polícia Militar confirma que Jonas foi preso por suspeita de roubo, entretanto, negou que ele estivesse sozinho quando detido. A corporação alega que havia outros familiares na casa, “entre eles a esposa, a irmã e o cunhado, além de seus três filhos”. No comunicado, as autoridades ainda asseguraram que “nenhum fato ficará sem a devida e correta apuração”.
Confira a íntegra da nota da PM:
“A Polícia Militar do Estado de Goiás informa que ao tomar conhecimento de tal queixa, entrou em contato com o comando de Planaltina, sendo informado que de fato a Polícia Militar realizou a prisão do suspeito pelo crime descrito no artigo 157 do Código Penal (Roubo).
Lamentamos profundamente a morte da criança pelo afogamento, entretanto, diferentemente do que foi descrito pela esposa do detido, no momento da prisão do suspeito estavam presentes na residência familiares, conforme relatado no próprio Registro de Atendimento Integrado, dentre eles a esposa, a irmã e o cunhado, além de seus três filhos.
Mesmo assim, diante desta situação de tamanha comoção, nenhum fato ficará sem a devida e correta apuração, para que não paire duvidas na condução da ocorrência por parte dos policiais nela envolvidos.”
Investigação do caso
Em entrevista ao telejornal, o delegado Antônio Humberto Soares – que está a cargo do caso – informou que além da morte da criança, as investigações também pretendem avaliar como se deu a prisão de Jonas. “Determinamos que fosse iniciado um inquérito policial para apurar as circunstâncias envolvendo a morte dessa criancinha, que se deu numa operação policial, que resultou na prisão de vários indivíduos, inclusive do pai da criança”, explicou.
Segundo Antônio, testemunhas já foram intimadas a depor e alguns policiais militares também deve prestar depoimentos. “Uma morte de uma criancinha, da forma como aconteceu, tem que ter toda atenção e empenho possível para esclarecer completamente esse fato”, comentou o delegado.
Quanto à prisão do pai de Miguel, o delegado explicou que mais três homens foram detidos na mesma ocasião. Porém, apenas Jonas foi liberado, enquanto os outros seguiram presos. “Após ser levado para a delegacia, o delegado plantonista analisou todas as circunstâncias envolvendo a ocorrência e entendeu que não havia provas que justificassem a prisão dele”, mencionou.
Agora, resta saber as respostas para essa morte dolorosa…