A Nike confirmou nesta quinta-feira (27) que rompeu o contrato com Neymar Jr. em meio a investigações de um suposto ato de assédio sexual do jogador. A história veio à tona na tarde de ontem através de uma reportagem do The Wall Street Journal. De acordo com a publicação, uma funcionária da empresa revelou a colegas de trabalho que o atleta tentou forçá-la a fazer sexo oral nele, em um quarto de hotel. O episódio teria acontecido em 2016, quando a moça ajudava a coordenar eventos e logística para o atual atacante do Paris Saint-Germain, que estava na cidade de Nova York para participar de um evento ao lado de Michael Jordan.
Após o compromisso, o brasileiro e sua equipe partiram para a boate Up & Down e, depois da meia-noite, na madrugada do dia 2 de junho, teria retornado embriagado ao hotel onde estava hospedado. Lá, membros do staff pediram à mulher que ajudasse o jogador a entrar em seu quarto. Na sequência, segundo o relato da moça, Neymar teria tirado a cueca e tentado forçá-la a praticar sexo oral. A funcionária acrescentou ainda que o atleta tentou impedi-la de sair do local e chegou a persegui-la por um corredor. A denúncia surgiu em 2018 e resultou na rescisão do contrato do craque – que duraria mais oito anos – após ele se recusar a cooperar, em 2019, com as investigações do caso. Em comunicado enviado ao UOL, a empresa confirmou a história.
“A Nike ficou profundamente perturbada com as alegações de abuso sexual feitas por uma de nossas funcionárias contra Neymar Jr. O suposto incidente aconteceu em 2016 e foi oficialmente relatado à Nike em 2018, em um fórum criado pelas lideranças da empresa para fornecer um ambiente seguro onde funcionários e ex-funcionárias pudessem, confidencialmente, compartilhar suas experiências e preocupações. Desde o início, tratamos as alegações da funcionária com grande seriedade”, informou a gigante marca esportiva.
Também foi dito que a funcionária relutou em denunciar o brasileiro em um primeiro momento e, em respeito à confidencialidade da vítima, a Nike não se manifestou prontamente sobre o incidente.
“Quando a funcionária relatou suas alegações pela primeira vez às lideranças da Nike em 2018, ela fez isso sob garantia de confidencialidade. Embora a Nike tivesse preparada para investigar naquele momento, a empresa respeitou o desejo inicial dela em manter o assunto confidencial e evitar uma investigação. Como empregadores, tínhamos a responsabilidade de respeitar sua privacidade, e não acreditamos que era apropriado dividirmos as informações com autoridades policiais ou qualquer terceiro sem o seu consentimento”, pontuou a multinacional.
No ano seguinte, a mulher mudou de ideia e a Nike abriu uma investigação independente, financiando os advogados da funcionária: “Em 2019, quando a funcionária expressou interesse em retomar o assunto, agimos imediatamente. A Nike comissionou uma investigação independente e contratou aconselhamento legal independente para a funcionária, escolhido por ela e custeado pela empresa”.
O processo veio acompanhado da decisão de encerrar o acordo multimilionário com o jogador, que mantinha parceria com a Nike desde os 13 anos de idade. Na época, não foram divulgados detalhes dos motivos por trás do rompimento, mas agora estes vieram à tona.
“A investigação foi inconclusiva. Não emergiram fatos suficientes que nos permitam falar substancialmente sobre o assunto. Seria inapropriado para a Nike fazer uma declaração acusatória sem poder oferecer fatos que a suportem. A Nike encerrou sua relação com o atleta porque ele se recusou a cooperar em uma investigação de boa-fé de alegações críveis de uma funcionária. Continuamos respeitando a confidencialidade dela e reconhecemos que essa tem sido uma longa e difícil experiência para ela”, reconheceu a empresa.
Defesa e pai de Neymar se manifestam
Ao WSJ, a equipe de Neymar rebateu a acusação. “Neymar Jr. se defenderá contra esses ataques infundados caso alguma denúncia seja apresentada, o que não aconteceu até agora”, afirmou. Em nota, o staff do atleta ressaltou ainda que o motivo da separação entre o craque e a Nike teria se dado por questões comerciais.
Neymar da Silva Santos, pai do atacante, se manifestou à Folha de São Paulo, alegando que a acusação contra o filho tenha surgido por uma única razão: “Simplesmente porque saímos da Nike. Neymar não tem nem ideia de quem é a moça”. Fontes próximas ao jogador informaram que tanto ele como o patriarca sabiam da denúncia, mas por orientação de advogados, recusaram colaborar com as investigações.
“Como pode sair uma notícia dessa? Concorda comigo? Fomos surpreendidos por algo que aconteceu em 2016, que ninguém lembrava mais desse fato. É muito estranho tudo isso agora. O Neymar nem conhece essa moça, claro que isso partiu da Nike depois da nossa saída”, insistiu Santos, exaltado. Para ele, todos os atletas que decidem romper contrato com a empresa, acabam sendo vítimas de processos inverídicos.
“Muito estranho, todos que saem da Nike são acusados assim. Muito estranho, isso aconteceu com o Cristiano Ronaldo, com o cara lá do basquete que morreu, o Kobe (Bryant), eles passam a ser ‘denegridos’ (sic), como o Neymar está sendo acusado falsamente agora. Se a Nike quer chantagem, armação, vamos para cima da Nike então. Se aconteceu em 2016, por que só agora? O Neymar nem sabe quem é a moça. Estamos tranquilos”, completou.
Empresa do jogador também se posiciona
A empresa Neymar Sport e Marketing LTDA também se pronunciou sobre o caso, afirmando que ao longo dos cinco anos que se passaram, Neymar nunca foi diretamente acusado ou processado pela funcionária da Nike. A nota também diz que as declarações prestadas “de forma indevida e irresponsável” pela multinacional sobre o suposto motivo de rompimento do contrato com o atacante, não são verídicas. Confira o comunicado na íntegra:
“Considerando a notícia veiculada na mídia que revela a existência de uma acusação de uma funcionária da Nike de um suposto assédio que teria sofrido em 2016 do atleta Neymar Jr., oportunamente relatada para a Companhia, que, segundo a reportagem, não adotou providências oportunas, são necessários alguns esclarecimentos.
Transcrevemos inicialmente as informações prestadas à reportagem do Wall Street Jornal:
‘Neymar Jr nega essas acusações. Semelhante às alegações de agressão sexual feitas contra ele em 2019 – alegações em que as autoridades brasileiras reconheceram a sua inocência – essas alegações são falsas. Neymar Jr, se for acionado, o que nunca aconteceu, se defenderá vigorosamente contra esses ataques infundados.
Neymar Jr e Nike encerraram o relacionamento por motivos comerciais, o que vinha sendo discutido desde 2019, nada relacionado a esses fatos noticiados.
É muito estranho um caso que supostamente teria acontecido em 2016, com alegações de um funcionário da Nike, venha à tona somente nesse momento’.
Em relação às acusações não há nada a acrescentar porque o atleta Neymar, ao longo desses cinco anos, nunca foi diretamente acusado e processado pela funcionária da Nike.
Em relação às declarações da Nike, prestadas de forma indevida e irresponsável pela Conselheira Geral da Companhia Hilary Krane, sobre o suposto motivo de rompimento do contrato com o Atleta Neymar Jr., é importante esclarecer que os reais e verdadeiros fatos são totalmente dissociados da afirmação prestada.
Não obstante todas as inverdades relatadas, não apresentaremos, por ora, os documentos que revelam a forma de encerramento do contrato, por questões óbvias de estrito sigilo e confidencialidade, em total observância aos princípios éticos e de governança corporativa que devem nortear a conduta de uma companhia.
As medidas cabíveis já estão sendo adotadas e em breve os reais motivos poderão ser revelados e os fatos esclarecidos”.