Situações extremas pedem medidas extremas — e corajosas… No dia 23 de fevereiro, a Rússia deu início à guerra contra a Ucrânia, que já deixou 15 mil mortos, segundo último levantamento da Reuters. Funcionária da TV estatal do país governado por Vladimir Putin, Canal 1, a redatora Marina Ovsyannikova invadiu o telejornal diário com um cartaz, pedindo que o conflito armado chegasse ao fim o quanto antes.
No papel, a profissional ainda apontou que o trabalho feito no Canal 1 favorecia as decisões do presidente. “Não acredite na propaganda [feita a favor da guerra]. Eles estão mentindo pra vocês aqui. Parem com a guerra. Não à guerra”, escreveu Marina, enquanto passava atrás da âncora do jornal. A sequência foi rapidamente cortada para exibir a matéria sobre um hospital.
During a #Russian propaganda live broadcast, a girl with an anti-war banner ran into the studio pic.twitter.com/UMmgSjGlLJ
— NEXTA (@nexta_tv) March 14, 2022
Marina Ovsyannikova ainda deixou uma mensagem divulgada previamente, revelando que seu pai é ucraniano. “O que está acontecendo na Ucrânia é um crime e a Rússia é a agressora”, declarou. Ela também lamentou a passividade que o povo russo estaria aceitando as medidas do governo. “Nós não protestamos quando o Kremlin envenenou Alexei Navalny. Nós silenciosamente observamos esse regime desumano. Agora o mundo inteiro virou as costas para nós, e nem dez gerações de nossos descendentes vão limpar essa guerra entre irmãos”.
Segundo a agência de notícias russa Tass, o Canal 1 disse que estava realizando uma revisão interna do incidente. Porém, especialistas já apontam que Marina deve responder processo por ter violado uma lei criada recentemente. Caso alguém divulgue informações que busquem descredibilizar o exército, essa pessoa poderá ser condenada a até 15 anos de prisão.
Mikhail Podaliak, assessor da presidência na Ucrânia, emitiu uma nota parabenizando a funcionária da emissora estatal pela coragem. “Eles não têm mídia livre, competição política, comícios de protesto. Qualquer protesto é um caminho direto para a prisão. O mais valioso é o ato de Marina Ovsyannikova”, escreveu.