Na véspera do Natal (24), um cachorro foi torturado e morto durante uma transmissão ao vivo na cidade de Lindolfo Collor (RS). De acordo com o G1, um adolescente de 17 anos se apresentou à polícia nesta terça-feira (28), e confessou ser a pessoa que aparece no vídeo. O suspeito foi internado no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Novo Hamburgo e a Polícia Civil investiga o caso.
Os atos foram transmitidos pelo aplicativo Discord, para um público de pelo menos 30 pessoas. O jovem estava no banheiro da casa de sua mãe e o vídeo tem quase três minutos. “O ato em si não tem nem o que falar. É de uma crueldade muito grande. Foram duas ou três vezes para conseguir ver até o final. Ele estrangulou, bateu com um martelo até chegar ao esquartejamento”, descreveu Raquel Teixeira, delegada que cuida do caso.
Denúncias anônimas levaram a polícia até o jovem. Com isso, um mandado de busca e apreensão foi autorizado pela Justiça no último sábado (25), quando os policiais foram até a casa do rapaz. “Foram apreendidos o martelo usado, a faca, o celular e vários objetos utilizados na live”, explicou a delegada. Quanto ao cachorro, ele teve seu corpo jogado em um rio próximo ao local em que a transmissão foi realizada.
O adolescente se apresentou ontem à polícia, acompanhado de um advogado. Ele responderá pelo ato infracional de maus-tratos, infração qualificada por tortura. Apesar de a pena para o crime ser de dois a cinco anos de reclusão, por ser menor de idade, o jovem terá de cumprir medidas socioeducativas. Com uma determinação do Ministério Público, ele também terá de ficar internado por um período que pode chegar até três anos.
A investigação: houve incentivo?
Agora a Polícia Civil investiga o caso e busca entender o que levou o adolescente a torturar e transmitir a morte do cachorro – que teria sido capturado na rua. Além da busca e apreensão, as autoridades pediram à Justiça a quebra do sigilo do celular do jovem. Segundo o portal GaúchaZH, familiares e pessoas próximas ao suspeito têm sido ouvidos pela delegada.
Até o momento, os depoimentos sugerem que haveria uma suposta rede de usuários que promovem tortura e automutilação em alguns “desafios”. “Aparentemente esse grupo utilizava essa plataforma de transmissão em vídeo para pedir que as pessoas cumprissem esses desafios, sempre ligados à violência. Nosso objetivo agora é tentar se aprofundar na organização desse grupo, que possui membros de vários lugares do país”, contou Teixeira.
De acordo com o portal, o suspeito já recebia atendimento médico há muito tempo, visto que possui problemas psiquiátricos. Os pais do adolescente também disseram à polícia que não sabiam que o filho usava tais plataformas digitais.
Discord se manifesta
Enquanto a polícia averigua se o jovem recebeu algum incentivo à sua prática, o Discord se manifestou sobre o caso. A plataforma alegou ao G1 que “tem uma política de tolerância zero contra o compartilhamento de imagens de crueldade contra animais”.
“Quando tomado conhecimento deste tipo de atividade, medidas são tomadas imediatamente, incluindo banir usuários, desligar servidores e se engajar com as autoridades policiais quando necessário”, mencionou a empresa. Contudo, segundo a publicação, o perfil do jovem permanecia no ar até a manhã de hoje (29).