Gente! Na terça-feira (28), uma jovem de 18 anos deu à luz “de surpresa” em Ariquemes, Rondônia, mas recebeu a triste notícia de que o bebê teria nascido sem vida. Acontece que, horas depois, o agente funerário responsável por preparar o corpo para o enterro descobriu que a criança estava suspirando e com batimentos cardíacos.
A mãe, que não teve a identidade divulgada, procurou atendimento médico duas vezes numa Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na segunda-feira, após sentir fortes dores. Sem saber que estava grávida e receber os devidos cuidados, ela voltou para casa e acabou entrando em trabalho de parto posteriormente. O bebê nasceu na residência da jovem e foi levado às pressas para a Casa de Parto do Hospital Municipal de Ariquemes. Chegando lá, os médicos plantonistas concluíram que a criança estava no quinto mês da gestação ainda, com pouco mais de um quilo, e não teria resistido.
Ao UOL, o agente funerário Francisco Torquato contou que, por volta das 3h de terça-feira, a empresa onde trabalha foi contatada para fazer a retirada e preparação do corpo do bebê. “Eu levei a criança para funerária. Mas o bebê não estava frio, nem tinha mudado de cor. E isso me chamou a atenção. Temos cuidado nesses casos, quando dizem que as crianças nasceram mortas. Fui mexê-lo para arrumar na urna infantil e percebi o coração dele batendo”, contou.
Após a constatação surpreendente, Torquato e o dono da funerária se desesperaram pra levar a criança de volta ao hospital. “Chegou lá, constataram que ele estava vivo e já convocaram a equipe de urgência. Arrumaram logo uma UTI [Unidade de Terapia Intensiva] para o bebê e correram para prestar atendimento”, detalhou. “Já vi várias coisas, mas essa foi impressionante. Eu tenho filhos, então para mim se tornou um susto e um alívio muito grande ter salvado essa criança. Isso só aconteceu porque a gente trata as pessoas que vem para cá com muita atenção e respeito”, destacou.
Segundo a família, o estado de saúde do bebê é estável. A avó materna não quis se identificar, mas conversou com o UOL, revelando que registrou o caso na Delegacia de Ariquemes por conta do primeiro atendimento que a filha recebeu. “Disseram que meu neto estava morto e pronto. Não vi um exame mais aprofundado ou uma tentativa de reanimação. Nem deram muita atenção. Eu espero que a justiça seja feita porque isso é um caso de negligência”, disparou.
A mulher também falou a respeito da gestação surpresa. “Para a minha filha também foi uma surpresa, pois estava tomando anticoncepcional, a menstruação chegava todos os meses normalmente e a barriga não estava grande”, contou. Na UPA, a jovem relatou que sentia dores e estava com sangramentos; os médicos receitaram medicamentos e orientaram ela a voltar para casa.
“Aplicaram remédio para dor na minha filha, mas não passou. Enquanto a gente deixava nossa casa para voltar ao hospital, porque as dores aumentaram, meu neto nasceu. Foi aquela surpresa. Peguei uma toalha, o enrolei e fomos para maternidade. Mas quando chegamos lá disseram que meu neto estava sem sinais vitais”, recordou.
A Polícia Civil investigará o caso. A Prefeitura de Ariquemes, responsável pelas unidades de saúde, enviou um comunicado para a publicação dizendo que se solidariza com a família do recém-nascido e que está disponibilizando todo o suporte hospitalar para o tratamento da criança. Sobre o diagnóstico equivocado na Casa de Parto, a gestão municipal informou que já instaurou um processo administrativo “para investigar, com absoluto rigor e cautela, os fatos e as responsabilidades dos envolvidos no caso”.