Shantal faz exame de corpo de delito e diz à polícia que Renato Kalil insistiu por medicamento contraindicado

A influenciadora teve áudios e vídeos vazados nas últimas semanas, nos quais acusa o médico de violência obstétrica

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A coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, trouxe mais informações sobre o caso da influenciadora Shantal Verdelho. Segundo a jornalista, a moça passou por um exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal), nesta terça-feira (21), para que seja possível averiguar se houve alguma lesão corporal causada no parto de sua filha, feito pelo obstetra Renato Kalil.

De acordo com áudios vazados no dia 10 de dezembro, a influencer acusou o médico de violência obstétrica. A investigação deve descobrir que manobras usadas por Kalil – considerado referência em sua área – teriam deixado machucados na região vaginal de Shantal.

O obstetra está sob investigação pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de SP) depois que os áudios e vídeos do parto de Verdelho caíram na internet. Nas imagens, o médico grita com a paciente e fala palavrões durante o procedimento. Com o vazamento, inclusive, outras mulheres vieram a público acusando o profissional de abusos psicológico e sexual.

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Ainda de acordo com a colunista, Shantal teria decidido formalizar sua acusação contra Kalil na última sexta-feira (17), em São Paulo, tendo de prestar um depoimento para relatar o que teria acontecido. Segundo a influenciadora, o obstetra teria optado por uma manobra chamada de Kristeller, em que o profissional pressiona a barriga da paciente para empurrar o bebê. A prática é contraindicada pela OMS e pelo Ministério da Saúde, já que pode prejudicar a saúde tanto da criança, quanto da mãe.

No depoimento, Shantal também alegou uma suposta insistência do médico para que ela tomasse o remédio Misoprostol, que induziria o parto quando ela estava com 40 semanas de gravidez. “A informação dele era que a indicação do remédio era para dilatar o útero, o que ia ajudar a aceleração do trabalho de parto“, afirma Verdelho, segundo a Folha de S. Paulo.

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Shantal Verdelho acusa Renato Kalil de violência obstétrica (Fotos: Reprodução / Instagram)

De acordo com o médico obstetra Pablo Guedes, o uso do medicamento é contraindicado para mulheres que já passaram por uma cesárea, como é o caso de Shantal. “Atualmente, a maioria dos protocolos institucionais preconizam a indução de parto com 41 semanas completas. Antes dessa idade gestacional, caso não haja alguma doença materna ou algum agravante fetal pré-existente, a indução de parto apenas por conveniência do médico ou da gestante deve ser desaconselhada. O uso do misoprostol é recomendado para pacientes que nunca tiveram cesariana prévia. O uso nas pacientes que têm parto via cesariana eleva o risco de rotura uterina durante o trabalho de parto“, explicou o profissional ao hugogloss.com.

Segundo a Folha de S. Paulo, a influenciadora decidiu por não tomar a medicação, após pesquisa e consulta com outra obstetra e sua fisioterapeuta pélvica. As duas profissionais teriam alertado que Shantal poderia ter “rompimento uterino, o que provocaria uma hemorragia e poderia levar a óbito“, justamente por conta da cesárea anterior. Essas duas mulheres também serão ouvidas pela polícia.

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Advogados se manifestam

Sergei Cobra Arbex, advogado de Shantal, disse à coluna que o processo ocorre em sigilo e que não é permitido falar sobre o depoimento. “Esperamos que tudo seja investigado e que a justiça seja feita“, pontuou. Do outro lado, Kalil nega todas as acusações. Segundo ele, o parto da influenciadora aconteceu sem “qualquer intercorrência” e o vídeo vazado teria sofrido edições, com frases tiradas do contexto.

O advogado do obstetra, Celso Vilardi, rebateu as acusações de Verdelho e afirmou, em nota, que “as condutas do médico são pautadas pelas boas práticas“, seguindo os protocolos técnico vigentes. O defensor disse ainda que as perguntas feitas pela colunista não poderiam ser respondidas “por respeito ao obrigatório sigilo profissional e por não ter tido acesso ao inquérito“. “Dr. Kalil aguarda com tranquilidade o avanço das investigações, quando poderá ser ouvido e comprovar a lisura dos procedimentos adotados“, concluiu.