Às vésperas de eleição, esposa de vice de Covas muda sua versão sobre denúncias de violência doméstica: ‘Não me lembro’

Três dias antes da votação do segundo turno em São Paulo, Regina Carnovale, esposa do vereador Ricardo Nunes (MDB), vice do prefeito e candidato à reeleição Bruno Covas (PSDB), mudou sua versão sobre uma denúncia feita contra o marido em 2011, por violência doméstica, e alegou não se lembrar de ter registrado o boletim de ocorrência. A entrevista foi publicada pelo jornal “O Estado de S. Paulo” nesta quinta (26).

Em uma outra reportagem veiculada pelo veículo “Folha de S. Paulo”, no dia 15 de outubro, durante a primeira fase da campanha de Covas, ela já havia desmentido a acusação em parte, por meio de uma carta. “Sobre o boletim, eu estava em um momento difícil, muito sensível e acabei dizendo coisas que não são reais, tanto é que estamos juntos há mais de 20 anos, sendo que esse boletim foi feito em 2011, 9 anos atrás. Amo meu marido e vivemos com nossos filhos em perfeita harmonia”, escreveu na ocasião.

Regina Carnovale registrou um boletim de violência doméstica contra o vice de Covas em 2011. Foto: Reprodução/Facebook

Desta vez, Regina apresentou uma versão completamente nova da história, dando seu depoimento ao lado do marido. “Não me lembro de feito aquele boletim de ocorrência. Não sei se apagou da minha memória porque eu estava muito nervosa. Mas eu não me recordo de ter ido até a delegacia fazer um B.O. contra ele. Se eu tivesse ido até uma delegacia, eu iria lembrar do delegado, de quem me atendeu”, alegou a mulher ao “Estado de S. Paulo”.

O boletim em questão foi registrado por Regina no dia 18 de fevereiro de 2011, na 6ª Delegacia da Mulher, na zona zul de São Paulo. No documento, divulgado pela “Folha” em outubro, ela disse aos policiais que havia se separado do marido sete meses antes devido ao “ciúmes excessivo” de Ricardo. “Inconformado com a separação, [Ricardo Nunes] não lhe dá paz, vem efetuando ligações proferindo ameaças, envia mensagens ameaçadoras todos os dias e vai em sua casa onde faz escândalos e a ofende com palavrões. Afirma a vítima que diante da conduta de Ricardo está com medo dele”, redigiu o boletim.

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Na época, o jornal também teve acesso às publicações de Regina em suas redes sociais, feitas quatro anos após a denúncia, em 2015. “Como um político pode ser bom para o povo se ele não consegue ser bom nem pra ex-mulher e filha no qual viveu por 17 anos? É exatamente isso: um lobo fingindo ser um cordeiro”, acusou a mulher em um post. Entre comentários da rede social, uma amiga avisou para que Regina tivesse cuidado com o que falava, ao que ela respondeu: “Amiga, tenho provas de que ele sempre me bateu e sempre foi um crápula”.

Regina afirmou ter medo do comportamento do marido e recorreu aos direitos conferidos pela Lei Maria da Penha. Foto: Reprodução

Em outra postagem, Regina menciona mais um boletim de ocorrência policial, registrado por Ricardo contra ela, em março de 2011, no qual ele dizia ter sido agredido pela esposa durante uma conversa referente à pensão da filha. “Acabei de receber voz de prisão do vereador Ricardo Nunes, tudo porque fui cobrar a pensão da minha filha que tive com ele que é de direito dela. Um bandido que não ajuda a própria filha enquanto banca tudo quando é festa e finge ser um homem bom, esse é o politico que está no poder, nem a própria filha ajuda”, declarou.

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Depois de ter sido questionada sobre tais declarações na internet, Regina afirmou ter sido vítima de um ataque hacker. “Tendo em vista os questionamentos e o envio de prints do Facebook, informo que não fiz essas publicações, tendo sido meu Facebook hackeado onde maldosamente fizeram as publicações na tentativa de prejudicar meu marido”, assegurou.

Ricardo Nunes é candidato a vice-prefeito da cidade de São Paulo, na chapa do então prefeito Bruno Covas. Foto: Reprodução/Instagram

Na entrevista dada ao “Estadão”, nesta quinta, Ricardo também se pronunciou sobre o assunto. “Naquele período, há dez anos, a gente teve um desentendimento. Minha esposa é italiana [risos]. Aqui em casa quem manda é ela. Mas não houve nenhum tipo de agressão minha contra a Regina. Teve um momento que a gente estava um pouco alterado e teve aquele outro B.O. que eu fiz. O importante é que isso tudo foi superado. Nunca houve essa agressão”, afirmou o vice de Covas.

Em consultas realizadas pela “Folha” no sistema do Tribunal de Justiça de São Paulo, é possível ver que nenhuma das duas denúncias registradas como Boletim de Ocorrência avançou e virou processo na Justiça.