Há cinco noites consecutivas, luzes não identificadas intrigam pilotos de avião que circulam pelo céu de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. O fenômeno tem sido reportado por responsáveis de voos comerciais desde a última sexta-feira (4), à torre de controle do Aeroporto Internacional Salgado Filho. Nesta quarta-feira (9), um astrônomo explicou o que pode estar causando as ocorrências.
Segundo Marcelo Zurita, astrônomo e diretor-técnico da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros, as luzes não identificadas podem ser reflexos do Sol em painéis de satélites. O especialista acrescentou, no entanto, que diversas outras possibilidades estão sob análise.
“A hipótese que a gente está trabalhando e que me parece mais coerente é o que a gente chama de ‘flyers de satélite’, reflexos da luz do Sol nos painéis de satélites que passam a milhares de quilômetros de distância. Eles acabam refletindo a luz do Sol diretamente na direção do observador e acaba gerando essa condição rara da gente observar esse fenômeno“, explicou Zurita, ao portal g1.
O piloto e diretor-jurídico do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Diego Barrionuevo, no entanto, refutou a primeira teoria. Diego constatou que os pilotos sabem diferenciar satélites e outros objetos espaciais não identificados nos radares, de fenômenos como esses. “Satélites, é bem comum a gente observar as luzes passando no céu, ainda mais agora com essa constelação de satélites que foi enviada para o céu. É bem comum“, afirmou.
A Força Aérea Brasileira (FAB) emitiu um comunicado à imprensa, no qual busca tranquilizar a população: “Nos últimos dias, o controle do espaço aéreo ocorreu dentro da normalidade, e não houve registro de ocorrência aeronáutica no Rio Grande do Sul“. A FAB afirmou, ainda, que nenhum objeto não identificado foi capturado pelos radares de defesa do espaço aéreo brasileiro. Assista:
Pilotos da TAM e da Azul, além de funcionários da Torre de Controle do Aeroporto Salgado Filho, relataram avistamentos de luzes no céu de Porto Alegre na noite deste sábado (5).
Os diálogos entre os comandantes e a controladora de tráfego aéreo detalham os relatos.
Assista ▶️ pic.twitter.com/KhR89IygdK
— Metrópoles (@Metropoles) November 6, 2022
Além de Porto Alegre, as luzes também foram vistas em Torres, no Litoral Norte do estado. Uma equipe de astrofotógrafos da região tentava fotografar imagens de uma tempestade que estava se formando no céu, quando registraram o fenômeno acontecendo. Segundo o astrofotógrafo Gabriel Zaparolli, as luzes não identificadas “ficaram indo e voltando” por cerca de 30 minutos em alto mar. Confira:
🚨 URGENTE: Pilotos relatam novamente luzes desconhecidas sobrevoando os céus de Florianópolis em Santa Cantaria, Curitiba – Paraná e Porto Alegre no Rio Grande do sul. O registro foi feito hoje, 07 de Novembro de 2022. Esse é o terceiro dia que são registrados luzes no céu. pic.twitter.com/QyAaa2dQQJ
— Astronomiaum 🌎🚀 (@Astronomiaum) November 7, 2022
O Observatório Astronômico Cosmos, em Itaara, cidade na região central do RS, está analisando os relatos e os vídeos feitos pelos pilotos de voos comerciais. Além de Porto Alegre, notícias dessas “luzes não identificadas” também estão sendo registradas no Uruguai e na Argentina. O observatório enviou os materiais coletados para pesquisadores da NASA, agência espacial norte-americana. Assista:
Em menos de um minuto, pilotos de quatro aeronaves relatam luzes no céu de Porto Alegre na noite de terça-feira (8/11).
Controladora de tráfego aéreo orientou comandantes a filmar fenômeno. É a quinta noite seguida em que relatos desse tipo são registrados. pic.twitter.com/HQMT7wBVHs
— Metrópoles (@Metropoles) November 9, 2022
“Esse relato e esse vídeo mostram que estamos diante, no momento, de um fenômeno aéreo não identificado. Veja bem, não quer dizer que daqui a uma semana ou um mês podemos identificar o fenômeno“, comentou Hernan Mostajo, diretor do Observatório. Ele concluiu: “A procedência nós ainda não sabemos, poderá ser uma tecnologia daqui da Terra, ou poderá ser de fora da Terra, não sabemos. Então por isso é muito importante que nós, como instituição, busquemos um laudo técnico com aqueles que têm maior capacidade e abrangência de poder nos dar essa resposta. O mistério está de pé e devemos acompanhar com cautela”.
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