Bolsonaro descobriu que ex-esposa o traía com o segurança, e ordenou reviravolta nas rachadinhas, diz ex-funcionário

Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, ex-funcionário que denunciou uma série de supostos crimes cometidos pela família Bolsonaro, afirmou que o presidente da república teria sido traído pela então esposa, Ana Cristina Siqueira Valle. Jair Bolsonaro descobriu a pulada de cerca e a partir disso, ordenou uma verdadeira reviravolta no suposto sistema das rachadinhas, transferindo para Carlos e Flávio o comando do esquema de corrupção, antes pertencente a Ana Cristina. A declaração foi feita ao jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles.

Segundo o antigo empregado, que chegou a atuar como assessor de Flávio Bolsonaro, o chefe de Estado pediu a separação de Ana ao saber do envolvimento dela com seu segurança particular, o bombeiro militar Luiz Cláudio Teixeira, que fazia a escolta da família no Rio de Janeiro. Foi aí também que Jair decidiu tornar os filhos mais velhos responsáveis pelo recolhimento das rachadinhas – função antes exercida pela advogada.

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“Ela o traiu com o segurança dele, Luiz Cláudio Teixeira, que era dos Bombeiros. Foi por isso [que eles se separaram]. Aí já estava aquela guerra dos meninos (Flávio e Carlos) pressionando ele porque ela comandava a rachadinha no gabinete deles. Já estava esse clima tenso. Aí veio a história da traição”, comentou Marcelo, que após o término do casal, deixou o cargo que ocupava no gabinete de Flávio Bolsonaro.

“Ela (Ana) era muito chegada a mim, não tinha amigos de verdade, então a gente saía junto, eu que ia com ela para as festas e coisa e tal. Então, quando ela começou a ficar com o Luiz, eu já comecei a ficar meio assim, porque o Bolsonaro sempre confiou muito em mim. Quando Bolsonaro ia para Brasília, ele me pedia para dormir na casa lá. Então foi nesse período que eu dormia lá que ela começou a botar o Luiz para dentro de casa”, detalhou ele.

Siqueira prosseguiu, dizendo ter ficado numa situação complicada, visto que era próximo tanto de Jair quanto de Ana Cristina: “Fiquei numa sinuca sem saída. Aí tomei a decisão de que era melhor me afastar e deixar eles de lado, para que eles resolvessem a vida deles para lá. Não queria ficar mal com ninguém. Então me prejudiquei, pedi minha exoneração e coisa e tal. Depois, o Bolsonaro descobriu o motivo de eu ter saído de lá, porque na época ele não quis, não queria aceitar”.

“Depois da separação, eu fui o único que fiquei do lado dela. Lógico, ela não tinha p*rra nenhuma, quem era o cara era ele. Eu fui o único otário que fui acompanhar ela, e mesmo assim me sinto injustiçado porque ela nunca me deu valor por isso”, acrescentou.

Ainda segundo Marcelo, a separação foi carregada de polêmicas, visto que em meio à disputa pela guarda de Jair Renan, a advogada teria simulado o furto de um cofre que o casal mantinha no Banco do Brasil, para acusar o atual presidente. O caso veio à tona em 2018 e Valle chegou a mover uma ação na 1ª Vara de Família do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, apontando Bolsonaro como responsável pelo roubo de seus pertences.

Segundo o ex-assessor, foi a própria Ana Cristina quem esvaziou o cofre. “Ela tinha dois cofres no Banco do Brasil. Depois da separação, ela disse que furtaram, porque sumiu tudo o que estava no cofre. Tinha joias e dinheiro. Ela entrou com um processo contra o Banco do Brasil, mas quando foi intimada, não foi. Ela viu que fez m*rda e nem apareceu. O processo ficou rolando. Ela que limpou o cofre, antes de decidir as coisas. Ia dar ruim para ela. Quando ela foi intimada no processo, não compareceu. Aí o processo ficou lá parado”, disse.

Na época em que rolavam as investigações sobre quem seria responsável pelo furto ao cofre, Bolsonaro prestou depoimento no processo da guarda de Jair Renan, acusando a mulher de chantageá-lo. Ele declarou que Ana tinha sequestrado o caçula, levando-o para a Noruega, e condicionava o retorno do menino à devolução do dinheiro e das joias supostamente roubados do cofre. Por fim, Nogueira detalhou situações que vão ao encontro com as alegações do político.

“Quando ele (Bolsonaro) começou a ser pressionado pelos filhos, no negócio da rachadinha, ela teve de tomar atitude. Foi quando ela passou a ameaçá-lo. Se ele fizesse algo, ela ia ferrar com ele também. Primeiro, ela fazia chantagem com ele usando o [Jair] Renan. Ela falava que ela sumiria com o Renan, isso e aquilo. Ela é capaz disso tudo. Depois, ela quis até me usar para chantageá-lo. Ela chegou a falar que se ele a tirasse da transação, ela seria capaz de divulgar que tinha pegado ele na cama comigo. Aí ele deixou a rachadinha continuar”, encerrou.