Caso Anic: Polícia encontra corpo que seria de advogada desaparecida, concretado em casa de réu, no RJ

Anic desapareceu no dia 29 de fevereiro e o caso veio à tona em maio, em reportagem do “Fantástico”

Nesta quarta-feira (25), a 105ª Delegacia de Polícia de Petrópolis encontrou restos mortais que seriam da advogada Anic Herdy, desaparecida desde fevereiro deste ano. O corpo, em avançado estado de decomposição, foi localizado na garagem da casa de Lourival Fatica, amante da mulher, em Teresópolis, após ele mesmo confessar o crime e indicar o local do sepultamento.

Segundo o g1, a identidade ainda não é oficial. O cadáver estava enrolado em plástico bolha, com um torniquete no pescoço e apresentava características de uma mulher com cabelos escuros. A confirmação se os restos mortais são, de fato, da advogada será realizada por meio de um exame de DNA.

A operação de busca foi conduzida pela Polícia Civil, que precisou utilizar uma britadeira para escavar o terreno da garagem até uma profundidade de cerca de um metro, onde o corpo foi enterrado. A ação ocorreu no mesmo dia em que Lourival Fatica prestava depoimento na 2ª Vara Criminal de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, onde revelou detalhes sobre o crime.

Por meio de sua defesa, Lourival afirmou que matou Anic com um soco na traqueia em um motel e transportou o corpo até sua casa, onde o enterrou e despejou concreto por cima. “Matei ela no motel e depois trouxe o corpo no meu carro”, disse Lourival em depoimento. Ele ainda alegou que cometeu o crime a mando do marido de Anic, Benjamin Herdy. No entanto, a defesa de Benjamin nega veementemente as acusações.

Anic foi vista pela última vez em 29 de fevereiro, em Petrópolis, no Rio de Janeiro. (Foto: Reprodução/g1)

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João Vitor Ramos, advogado do viúvo, classificou a nova versão apresentada por Lourival como “mais um ato de desespero e de crueldade”. Em nota, ele afirmou: “Tanto Lourival quanto seus procuradores serão processados por difamação”.

A delegada responsável pelas investigações, Cristiana Onorato Miguel, esclareceu que, até o momento, não há qualquer indício que ligue Benjamin Herdy ao crime. “Ao contrário do telefone do Lourival, que foi totalmente apagado por ele, o telefone do Benjamin foi periciado e vasculhado de ponta a ponta. Nenhum indício nesse sentido foi encontrado”, declarou a agente.

O caso

Anic de Almeida Peixoto Herdy, advogada casada com o herdeiro de uma fortuna no Rio de Janeiro, foi vista pela última vez em 29 de fevereiro, por volta da 11h08 da manhã, dentro de um carro preto no estacionamento de um shopping em Petrópolis, na Região Serrana do Rio.

Câmeras de segurança filmaram enquanto a mulher caminhava por um corredor em direção à saída do estabelecimento. Já fora do shopping, ela passou por uma calçada e atravessou a rua. Esta é a última imagem de Anic.

Anic não é vista há três meses. (Foto: Reprodução/TV Globo)

No mesmo dia do sumiço, o marido de Anic, Benjamin Cordeiro Herdy, de 78 anos, recebeu uma mensagem que a mulher havia sido sequestrada e só seria solta mediante resgate de R$ 4,6 milhões. O idoso é herdeiro de um grupo que administrou algumas universidades no Rio de Janeiro. O valor foi pago, mas a advogada não apareceu.

Após a investigação, a polícia descobriu que Lourival Correa Netto Fadiga, homem que fingiu ser policial e se infiltrou na família por três anos, ajudou Benjamin Cordeiro Herdy, marido da vítima, a negociar com os supostos sequestradores e ficou responsável por entregar o valor do resgate. Entretanto, uma hora após o pagamento da quantia, Benjamin recebeu uma mensagem de texto, supostamente escrita pela esposa, com uma “reviravolta”. No recado, ela teria dito que o sequestro era uma “trama” para encobrir sua fuga com um amante.

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Dois dias depois, outra mensagem também supostamente de Anic enviada aos filhos do casal, informava que a advogada havia deixado o Brasil com uma pessoa, com a qual pretendia passar o resto da vida. Desconfiada, a filha de Anic foi à polícia para denunciar o caso, 14 dias após o sequestro. A partir daí, o 105ª DP (Petrópolis) teve acesso aos celulares de todos os envolvidos, bem como o histórico da localização de cada um e passou a monitorar Lourival, que atuava como “faz-tudo” e segurança dos Herdy.

Amante

Dias depois, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) afirmou que Lourival, preso e réu por extorsão mediante sequestro de Anic, era amante da vítima e a atraiu para um encontro no dia em que ela foi vista pela última vez.

O Ministério Público afirmou que Anic e Lourival eram amantes. (Foto: Reprodução/TV Globo/Arquivo Pessoal)

O órgão público, segundo o veículo, descreve que Lourival, “detentor de uma personalidade galanteadora, possuía relacionamento amoroso com várias mulheres, dentre elas a vítima Anic”. De acordo com os promotores do caso, ele usou o affair com a advogada como pretexto para atraí-la até um encontro na Rua Teresa, “quando, então, a sequestrou e passou a exigir do marido o preço do resgate”. O carro dele foi filmado circulando pela mesma região, minutos depois da mulher ser vista pela última vez.

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