A polícia concluiu que o corpo encontrado na casa de Lourival Fatica, nesta quinta-feira (26), realmente era da advogada Anic Herdy. Em contato com o g1, o delegado Nei Loureiro, titular 105° DP (Petrópolis), explicou que um exame na arcada dentária confirmou a identidade da vítima.
Segundo o agente, caso a arcada dentária não fosse suficiente, a polícia teria que recorrer a um exame de DNA, o que atrasaria as investigações. Loureiro também pontuou que uma aliança, parte de um celular e uma algema foram encontrados junto dos restos mortais.
O cadáver estava sepultado numa sapata construída para sustentar um muro, em meio uma camada de cimento e barro. Com a confirmação, o corpo poderá ser liberado para família tratar o sepultamento.
A próxima etapa irá avaliar o novo depoimento de Lourival, amante da mulher. Ele mesmo confessou o crime e indicou o local do sepultamento. Por meio de sua defesa, Lourival afirmou que matou Anic com um soco na traqueia em um motel e transportou o corpo até sua casa, onde o enterrou e despejou concreto por cima. “Matei ela no motel e depois trouxe o corpo no meu carro”, disse em depoimento. Ele ainda alegou que cometeu o crime a mando do marido de Anic, Benjamin Herdy. No entanto, a defesa de Benjamin nega veementemente as acusações. Leia a nota, clicando aqui.
O caso
Anic de Almeida Peixoto Herdy, advogada casada com o herdeiro de uma fortuna no Rio de Janeiro, foi vista pela última vez em 29 de fevereiro, por volta da 11h08 da manhã, dentro de um carro preto no estacionamento de um shopping em Petrópolis, na Região Serrana do Rio.
Câmeras de segurança filmaram enquanto a mulher caminhava por um corredor em direção à saída do estabelecimento. Já fora do shopping, ela passou por uma calçada e atravessou a rua. Esta é a última imagem de Anic.
No mesmo dia do sumiço, o marido de Anic, Benjamin Cordeiro Herdy, de 78 anos, recebeu uma mensagem que a mulher havia sido sequestrada e só seria solta mediante resgate de R$ 4,6 milhões. O idoso é herdeiro de um grupo que administrou algumas universidades no Rio de Janeiro. O valor foi pago, mas a advogada não apareceu.
Após a investigação, a polícia descobriu que Lourival Correa Netto Fadiga, homem que fingiu ser policial e se infiltrou na família por três anos, ajudou Benjamin Cordeiro Herdy, marido da vítima, a negociar com os supostos sequestradores e ficou responsável por entregar o valor do resgate. Entretanto, uma hora após o pagamento da quantia, Benjamin recebeu uma mensagem de texto, supostamente escrita pela esposa, com uma “reviravolta”. No recado, ela teria dito que o sequestro era uma “trama” para encobrir sua fuga com um amante.
Dois dias depois, outra mensagem também supostamente de Anic enviada aos filhos do casal, informava que a advogada havia deixado o Brasil com uma pessoa, com a qual pretendia passar o resto da vida. Desconfiada, a filha de Anic foi à polícia para denunciar o caso, 14 dias após o sequestro. A partir daí, o 105ª DP (Petrópolis) teve acesso aos celulares de todos os envolvidos, bem como o histórico da localização de cada um e passou a monitorar Lourival, que atuava como “faz-tudo” e segurança dos Herdy.
Amante
Dias depois, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) afirmou que Lourival, preso e réu por extorsão mediante sequestro de Anic, era amante da vítima e a atraiu para um encontro no dia em que ela foi vista pela última vez.
O órgão público, segundo o veículo, descreve que Lourival, “detentor de uma personalidade galanteadora, possuía relacionamento amoroso com várias mulheres, dentre elas a vítima Anic”. De acordo com os promotores do caso, ele usou o affair com a advogada como pretexto para atraí-la até um encontro na Rua Teresa, “quando, então, a sequestrou e passou a exigir do marido o preço do resgate”. O carro dele foi filmado circulando pela mesma região, minutos depois da mulher ser vista pela última vez.