O caso do desaparecimento de Anic de Almeida Peixoto Herdy, ocorrido em 29 de fevereiro, teve novos desdobramentos nesta sexta-feira (30). De acordo com informações do g1, a defesa de Lourival Correa Netto Fadiga, que se infiltrou na família Herdy por três anos fingindo ser policial e acabou se tornando amante da advogada, revelou que ele é o responsável pelo assassinato de Anic.
Desde o desaparecimento, o segurança, seus dois filhos e a amante enfrentam um processo por extorsão mediante sequestro. No entanto, a advogada de Lourival, Flávia Fróes, confirmou que a advogada foi assassinada. “Anic está morta. Ela foi morta desde o primeiro dia”, declarou.
Segundo Fróes, embora Lourival tenha confessado o homicídio, o crime teria um mandante intelectual por trás. A advogada está negociando uma delação premiada com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para que Lourival revele quem está por trás do sequestro forjado, da extorsão contra a família Herdy e do homicídio.
A defesa confirmou que Anic era amante de Lourival e que a advogada o acompanhou de livre e espontânea vontade no dia de sua morte. Flávia argumenta que a situação não pode ser caracterizada como sequestro, apenas como homicídio. Fróes também destacou que não pode revelar detalhes sobre o suposto mandante do crime.
Após a confissão, a defesa prometeu levar a polícia até o corpo de Anic, que estaria escondido na Região Serrana do Rio de Janeiro. Além disso, a advogada de Lourival se comprometeu a informar o local onde o assassinato ocorreu.
Denúncia
Segundo informações do 105ª DP (Petrópolis), foram mensagens de texto entre Lourival e a amante, Rebecca Azevedo dos Santos, que revelaram indícios do assassinato.
Na denúncia feita no dia 15 de agosto, a qual o g1 teve acesso, mensagens entre os dois apontam para o crime. No dia 17 de março, 20 dias após o desaparecimento de Anic, Rebecca escreveu para o segurança: “Cinzas já estão passeando pelo rio”. Lourival, por sua vez, respondeu: “Muito bom”, acompanhado de um emoji de sorriso.
“A referida mensagem comprova a morte de Anic, sendo que seus restos mortais já estariam distantes da possibilidade de serem encontrados”, diz um trecho do aditamento à denúncia feito pelo promotor Paulo Yutaka Matsutani. O corpo da vítima nunca foi encontrado.
Com as novas provas, o MPRJ pediu que o casal, bem como os dois filhos de Lourival, Maria Luísa e Henrique, também passassem a responder pela morte da vítima, além de extorsão e sequestro.
Ainda de acordo com o Ministério Público, o sequestro forjado rendeu R$ 4,6 milhões para quarteto, valor que foi pago pelo então marido de Anic, Benjamin Cordeiro Herdy. Ele entregou o dinheiro do resgate da vítima à Lourival, que trabalhava como segurança da família, sem saber que estava sendo vítima de extorsão, segundo as investigações.
Lourival trabalhou para Benjamin por três anos e era tratado como um funcionário de confiança. “Assim, coube ao denunciado Lourival a função de arquitetar todo o plano criminoso, contando com os demais denunciados para sua execução”, declarou o promotor no documento.
O aditamento ao processo destaca a comunicação constante entre os réus antes, durante e após o sequestro, bem como a exigência do pagamento de resgate, que contou com a participação dos filhos de Lourival.
Henrique recebeu US$ 175 mil em um dos momentos em que Benjamin entregou dinheiro para o pagamento do suposto resgate da vítima, através de um intermediário. As investigações indicam que foram realizados pelo menos 40 depósitos.
As provas revelam que os réus utilizaram o dinheiro do resgate para adquirir itens de luxo, como um carro e uma moto. Além disso, a filha de Lourival abriu uma loja de celulares, a qual aparentemente foi criada para “lavar” o dinheiro obtido com o crime.
Uma investigação adicional revelou que parte do dinheiro foi investida em criptomoedas. Essa quantia foi rastreada e devolvida à família de Benjamin Cordeiro Herdy. A lavagem de dinheiro continua sendo investigada pela Polícia Federal.