Caso Beatriz: Advogado divulga carta em que suspeito do crime volta atrás e diz ser inocente; leia a íntegra

Marcelo da Silva havia confessado o crime, após um exame de DNA revelar que ele tocou a faca que foi utilizada para matar a menina de 7 anos

Novos desdobramentos do assassinato da menina Beatriz Angélica Mota surgiram nesta terça-feira (18). Após o suspeito confessar a autoria, o novo advogado de Marcelo da Silva divulgou uma carta na qual o homem afirma que “estava sob pressão” durante o depoimento. No texto, obtido e publicado pelo G1, Silva mudou a própria versão da história e se disse inocente.

Segundo o advogado, a carta foi escrita pelo suspeito depois que ele assumiu o caso. “Eu confessei na pressão. Pelo amor de Deus, eles querem minha morte. Preciso de ajuda. Estou com medo de morrer, quero viver. Eu não sou assassino. Quero falar com a mãe da criança. Quero a proteção de minha mãe”, diz o texto, com a data do dia 17 de janeiro. A menina foi morta a facadas aos 7 anos, em Petrolina, Pernambuco, no ano de 2015.

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Carta tem a data desta segunda (17). (Foto: Reprodução)

De acordo com o G1, o advogado Rafael Nunes recebeu a carta no mesmo dia e crê na inocência do cliente: “Acredito, não. Tenho certeza”. O suspeito Marcelo da Silva está preso no Presídio de Igarassu, em Recife, e trocou de defesa ainda esta semana. Anteriormente, ele era representado por Niedja Mônica da Silva.

A advogada, inclusive, chegou a abrir um protocolo na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) contra Rafael Nunes por suposto “roubo de cliente”. O portal Folha de Pernambuco teve acesso ao documento, em que a profissional afirma que foi ao presídio acompanhar o depoimento do acusado, quando “foi abordada pelo colega de profissão, que, ‘grosseiramente’, lhe teria informado que estava assumindo o processo”.

Registros de câmeras de segurança mostraram Marcelo da Silva em frente ao colégio de Beatriz no dia de seu assassinato. (Foto: Reprodução/TV Globo)

Por meio de nota, a Secretaria de Defesa Social (SDS), informou que Marcelo confessou o crime para dois delegados da força-tarefa, logo depois de o DNA contido na faca utilizada no assassinato apontar que ele tocou o objeto: “Todo o inquérito sobre o assassinato da menina Beatriz está sendo realizado dentro de todos os parâmetros legais, com zelo e lisura. Essa é uma prova técnico-científica, que foi ratificada pela confissão do preso que se coaduna com as demais provas existentes no inquérito policial e é compatível com a dinâmica dos fatos e toda a linha de tempo descoberta durante a investigação”. 

Ainda no comunicado oficial, a secretaria afirmou que o caso corre sob sigilo e que o depoimento do suspeito foi filmado “a fim de evitar quaisquer questionamentos, tentativas de macular a confissão ou estratégias projetadas para tumultuar o caso”.

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A confissão

O “Fantástico“, exibido no domingo (16), teve acesso à confissão de Marcelo, que alegou que o assassinato não foi premeditado. De acordo com o suspeito, ele só atacou a vítima depois que ela começou a gritar, com o intuito de silenciá-la.

Ao longo dos anos de investigação, imagens de câmera de segurança foram encontradas, nas quais é possível ver Marcelo na fachada da escola onde o crime aconteceu. Inicialmente, ele negou aos dois delegados à frente do caso que era a pessoa nos registros. No entanto, depois que a Polícia Científica confirmou que o DNA contido na arma do crime era de Marcelo, assim como o que estava na faca deixada no tórax da criança, ele admitiu o assassinato.

Marcelo da Silva foi apontado pela polícia como autor do crime. (Foto: Reprodução/TV Globo)

Às autoridades, Silva relatou que, como é possível ver nas imagens, ele tentou roubar uma moto pouco antes do ataque, pois estava sem dinheiro para voltar para casa. “Aquela mexida na moto… Eu não sei se é o instinto de ladrão ou era a vontade de ir para casa. Se aquela moto pegasse, eu iria para casa. Se ela pegasse, tinha evitado essa tragédia aí”, afirmou, no relato divulgado pelo dominical da TV Globo. Segundo Marcelo, ele não sabe ao certo onde conseguiu a faca que se tornou a arma do crime e não fazia ideia de que estaria entrando em uma escola.

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“Eu pensei que estava entrando numa igreja. Aí , quando eu fui entrar, eu fui barrado por alguém que eu acho que viu meu estado de embriaguez”, relatou Silva. Ele teria entrado no local para conseguir dinheiro. Mesmo após ser barrado, Marcelo retornou ao Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, segundo ele para beber água. Foi então que, perto do bebedouro, Silva encontrou Beatriz – o espaço ficava bem próximo ao depósito onde o corpo dela foi descoberto.

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De acordo com o depoimento, a pequena teria percebido que ele carregava uma faca, o que a alarmou. “Ela [Beatriz] disse: ‘Você está com uma faca aí’. Aí eu gritei: ‘Cala a boca’. Aí eu, com medo de ela correr, disse: ‘Entra aí’. Aí botei ela pra dentro do quarto. Eu disse: ‘Fique caladinha, não saia, não, enquanto eu não for embora. Eu já estou indo embora, fique bem quietinha’. Aí sabe o que aconteceu? Ela começou foi a gritar”, detalhou Silva.

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Marcelo alegou que ficou com medo de que outras pessoas o descobrissem devido aos gritos da menina, e então decidiu atacá-la. As 42 facadas resultaram na morte da vítima. Durante o interrogatório, Silva compartilhou, ainda, que antes de deixar o local do crime, ele foi visto lavando as mãos cheias de sangue no banheiro do colégio. Para despistar a testemunha, ele afirmou que teria se cortado e, depois disso, foi se lavar em um rio, onde conseguiu outras roupas com moradores de rua. Por fim, Marcelo foi questionado pelas autoridades se, na época, teve alguma intenção de cometer crimes sexuais contra Beatriz. “Não, senão eu ia praticar”, respondeu ele.

Preso desde 2017 no presídio de Salgueiro, no Sertão, Silva já cumpre pena por estupro de vulnerável, ameaça e cárcere privado. Na última quinta-feira (13), ele foi transferido para um presídio no Grande Recife e colocado em uma “cela disciplinar”, na qual permanece sob a vigilância de agentes do Grupo de Operações e Segurança, subordinado à Secretaria de Ressocialização.

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