Nesta quarta-feira (7), o Tribunal do Júri do Rio de Janeiro realizou a primeira audiência para tratar do caso do menino Henry Borel, que faleceu em 8 de março. Durante a sessão, que chegou a adentrar a madrugada de hoje (8), foram ouvidas dez testemunhas de acusação da morte da criança, a última delas sendo a babá do pequeno, Thainá de Oliveira Ferreira.
Segundo a revista Veja, ao se sentar na cadeira na qual prestou seu depoimento, Ferreira fez um pedido inusitado à juíza Elizabeth Machado Louro: a retirada de Monique Medeiros, mãe de Henry, do local. “Vossa Excelência, eu posso pedir para que a Monique saia, por favor? Porque, hoje, depois de tudo que eu passei, e vim observando, pensando e refletindo durante esse tempo, eu tenho medo da Monique, e eu queria que ela saísse“, solicitou. Na sequência, a babá então relatou uma nova versão dos fatos sobre o dia a dia com Henry.
Em seu depoimento, ela afirmou, desta vez, que nunca chegou a ver o ex-vereador Jairo Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), agredir a vítima. Esta versão, no entanto, não condiz com o que Thainá havia declarado na delegacia anteriormente. Em março deste ano, ela alegou que nunca percebeu nada de anormal na rotina do casal com Henry. Já em abril, ao prestar depoimento aos investigadores pela segunda vez, a babá afirmou que Monique sabia, sim, que a criança estava sendo agredida pelo padrasto. De acordo com Thainá, a mãe pediu para que ela mentisse na delegacia, na primeira oitiva. Mais tarde, aos policiais, Ferreira afirmou que viu Henry sendo agredido pelo menos três vezes pelo ex-vereador.
O laudo da necropsia apontou 23 lesões por ação violenta no corpo do pequeno, que chegou ao hospital já sem vida. Desde então, a investigação vem se desenrolando e tanto Jairinho, quanto Monique foram acusados pela morte de Henry. Os dois estão presos desde abril deste ano e respondem por homicídio triplamente qualificado, tortura e coação de testemunhas – entre elas, a própria Thainá, que agora alegou ter sido manipulada por Monique.
“No meu entendimento, era a Monique que me fazia acreditar em muita coisa e por isso a minha cabeça estava transtornada e eu começava a imaginar um monstro, mas ali no quarto poderia não estar acontecendo nada e eu estava imaginando um monte de coisa”, declarou a babá. Ainda durante a audiência, Ferreira declarou que foi “usada” por Medeiros. “Me senti usada em que sentido? No sentido de que ela vinha, contava, tentava me mostrar o monstro do Jairinho e eu ficava com todas as coisas ruins na minha cabeça. Era tudo suposição da minha cabeça. Eu nunca vi nenhum ato”, insistiu. Assista:
https://twitter.com/midiasso/status/1446201730010583048?s=21
Mensagens de celular obtidas pela polícia, no entanto, contradizem a terceira versão do testemunho – isso porque, nos textos, Thainá dizia a Monique que o menino sofria “uma rotina de violência” nas mãos de Jairinho, incluindo chutes e rasteiras. Entre as testemunhas ouvidas pela Justiça fluminense ontem (6), estava o pai de Henry, Leniel Borel. O acusado, Jairinho, acompanhou os depoimentos por videoconferência, mas sua imagem não foi exibida no telão da sala de audiência.
As próximas audiências do caso estão marcadas para os dias 14 e 15 de dezembro.