Presa desde 8 de abril no Instituto Penal Ismael Sirieiro, em Niterói, a professora Monique Medeiros, de 32 anos, garantiu, em entrevista concedida ao jornal Extra nessa segunda (5), que provará sua inocência na Justiça. Ela e o ex-parceiro, Dr. Jairinho – que está preso em Bangu – são acusados de envolvimento na morte do pequeno Henry Borel, em 8 de março, após o menino sofrer uma terrível sessão de tortura.
Durante a conversa, Monique disse que os meses no cárcere estão sendo “muito difíceis”. “Na verdade, o que sinto é que minha vida foi completamente destruída — não só a liberdade, mas perdi também meu bem maior, o meu amor, o meu filho”, declarou ela, que hoje se refere a Jairinho como “assassino” de Henry. Ainda em abril, entretanto, a professora corroborou com o depoimento do ex-vereador para a polícia, ao insistir que o garoto veio a óbito após sofrer um “acidente doméstico”.
“Eu não sabia de nada. Eu realmente peguei meu filho nos braços, com os olhinhos abertos, achando que ele estava vivo e tinha sofrido um acidente doméstico. Eu não imaginava o que podia ter acontecido”, recordou, sobre a noite em que o pequeno faleceu, afirmando ainda ter compreendido as reais circunstâncias, somente ao chegar na cadeia. “Em momento algum, tive conhecimento que o Henry estava sendo agredido ou sofrendo algum tipo de tortura psicológica por parte dele (Jairinho)”, alegou.
Uma troca de mensagens obtidas pela Polícia Civil, entretanto, comprova que uma das babás de Henry alertou Medeiros sobre as agressões praticadas por Jairinho. “Eu, como professora e diretora de escola, já encaminhei diversas denúncias de maus-tratos ao Conselho Tutelar e, por isso, sabia que o primeiro passo era ter a violência atestada por um profissional médico. No dia seguinte ao Henry e a babá terem me ligado quando eu estava no salão de beleza, levei ele no hospital, mas nenhuma lesão foi identificada. Ele era muito branquinho, eu nunca vi nenhum hematoma, nenhum machucado”, comentou.
Diante da repercussão do caso de Henry, outras ex-parceiras de Jairinho prestaram depoimento à polícia, acusando o médico de agredir e torturar seus respectivos filhos. “Após saber de tantas agressões, vejo que meu filho foi a primeira vítima fatal dele. Infelizmente, o Henry precisou morrer para que todas essas torturas fossem reveladas e que as mulheres tivessem coragem de denunciar. Agora, acredito que a Justiça vai ser feita e que vou conseguir provar a minha inocência. Mas sei também que viverei num luto eterno, porque mesmo que haja Justiça, meu filho não vai mais voltar”, acrescentou Monique.
“Tenho certeza que fui a melhor mãe que o Henry poderia ter tido. Eu realmente não sabia (das agressões de Jairinho) e me arrependo muito de ter colocado alguém dentro da minha casa sem prever que ele poderia fazer algum tipo de mal ao amor da minha vida. Moramos somente dois meses juntos, mas foi o tempo suficiente para ele ter acabado com o meu mundo”, afirmou ela.
“Plano diabólico”
Já em conversa com o Universa, do UOL, Monique disse que Jairinho teria um “plano diabólico” para matar seu filho. “Eu errei em não acreditar que um vereador bem-sucedido, médico, que tem família estruturada, ia se sujeitar a fazer uma coisa dessa com uma criança indefesa dormindo. Como poderia imaginar que ele tinha um plano tão diabólico, de tirar o meu filho de mim pra que não tivesse empecilho entre eu e ele?”, pontuou. A professora, por fim, declarou ter vontade de ser mãe novamente.
“Fui a melhor mãe que meu filho poderia ter. E ele foi o melhor filho que eu poderia ter tido. Vou provar, sem manipular fatos e pessoas. Provarei da maneira mais verdadeira e justa. Se Deus me permitir, nas minhas orações, há o desejo de que eu possa ser mãe de novo”, concluiu.
Além da acusação de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e meio cruel), Monique e Jairinho também são acusados de tortura, fraude processual, falsidade ideológica e coação. As penas podem chegar a 30 anos de cadeia para cada um. A Justiça, entretanto, ainda não definiu a data do julgamento e ambos seguem em prisão preventiva.