Caso Henry: Babá narrou em tempo real à Monique, sessão de tortura do menino por Dr. Jairinho: ‘Deu rasteira e chutou ele’; confira prints e íntegra das conversas

Em coletiva de imprensa realizada na tarde dessa quinta-feira (8), a Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que a babá do menino Henry Borel, morto no dia 8 de março, avisou à mãe da criança, a professora Monique Medeiros, que o garoto vinha sofrendo uma “rotina de violência” por parte do padrasto, o vereador Dr. Jairinho. As autoridades tiveram acesso ao celular de Thayná de Oliveira e encontraram trocas de mensagens, na qual a funcionária alertava a professora sobre as agressões.

“A babá fala que o Henry relatou a ela que o padrasto o pegou pelo braço nos termos escritos, deu uma banda, que é uma rasteira, e o chutou. No momento ficou bastante claro que houve uma lesão ali. Na continuidade [da conversa], a própria babá fala que o Henry estava mancando. Que quando foi tomar banho ele (Henry) não deixou porque estava com dor na cabeça. É obvio que se trata deu uma prova absolutamente relevante”, afirmou o delegado à frente do caso, Henrique Damasceno.

Algumas das mensagens enviadas pela babá à Monique. (Foto: Reprodução)

Para o profissional, está claro que a babá mentiu em seu depoimento à polícia. “Eu tenho provas de que a babá sabia e eu sei que ela mentiu. Tenho provas de que a mãe sabia e sei que ela mentiu. A omissão da babá é em relação ao dia 12 de fevereiro. Ela avisou para a mãe, ela fez o que se espera de uma babá. A mãe, entretanto, não procurou a polícia. No dia da morte, a babá não estava lá”, explicou Damasceno.

Monique, por sua vez, também deu, de acordo com a polícia, um testemunho mentiroso, no qual acobertou Jairinho. A ideia de “família harmoniosa e com boa relação” por ora vendida pelo casal, logo caiu por terra. “Ficou muito claro que toda aquela relação de família harmoniosa nada mais era que uma farsa. A mãe não afastou o agressor. Ela tem obrigação legal, não se trata apenas de uma questão moral”, afirmou o delegado.

“Ela (Monique) conseguiu prestar um depoimento de mais de quatro horas e apresentar uma versão fantasiosa protegendo o assassino do próprio filho. Ela teve inúmeros momentos em que poderia falar conosco, o depoimento foi bastante longo, ela se mostrou bastante a vontade em vários pontos dele, se eu imaginasse qualquer possibilidade de coação [por parte de Jairinho] eu jamais teria pedido a prisão dela”, pontuou ainda. Assista a trechos das declarações abaixo:

https://twitter.com/MidiasSo/status/1380206401331544065?s=20

Embora o inquérito ainda não tenha sido concluído, a polícia acredita que Henry foi assassinado, e aponta Jairinho e Monique como suspeitos de homicídio duplamente qualificado – com emprego de tortura e impossibilidade de defesa da vítima. Os advogados do casal ainda não se pronunciaram sobre a prisão e as declarações das autoridades.

A seguir, confira os diálogos entre Monique e a babá:

Henry fica trancado no quarto com Jairinho

16:30 – THAYNA: Aí logo depois Jairinho chamou ele para ver que comprou algo

16:30 – MONIQUE: Chama

16:30 – MONIQUE: Aí meu Deus

16:30 – THAYNA: Aí ele foi para o quarto

16:30 – MONIQUE: Estou apavorada

16:30 – THAYNA: De início gritou tia

16:30 – THAYNA: Depois tá quieto

16:30 – THAYNA: Aí eu respondi oi

16:30 – THAYNA: Aí ele nada

16:30 – MONIQUE: Vai lá mesmo assim

16:30 – THAYNA: Tá

16:31 – MONIQUE: Fala assim: sua mãe me ligou falando para vc ir na brinquedoteca brincar com criança

16:31 – MONIQUE: E fica lá um tempo

16:31 – MONIQUE: Jairinho não falou que ia para caaa

16:31 – MONIQUE: casa

16:31 – THAYNA: Então eu chamo e nenhum dos dois falam nada

TV alta do quarto impede que a babá ouça o que acontece lá dentro

16:31 – MONIQUE: Bate na porta

16:32 – THAYNA: Não respondem

16:32 – MONIQUE: Thaina

16:32 – THAYNA: Eu só escuto voz de desenho

16:32 – THAYNA: Acho melhor você vir

16:32 – MONIQUE: Entra no quarto mesmo assim

16:32 – THAYNA: E daí se tiver acontecendo algo você vê

16:32 – THAYNA: Fico com medo do Jairinho não gostar da invasão

Henry não quer ficar sozinho na sala

16:35 – MONIQUE: Deu ruim?

16:35 – MONIQUE: Sabia

16:35 – MONIQUE: Pergunta tudo

16:35 – MONIQUE: Pergunta o que o tio falou

16:35 – THAYNA: Então agora não quer ficar na sala sozinho

16:35 – THAYNA: Só quer ficar na cozinha

16:36 – THAYNA: Jairinho falou thayna deixa a mãe dele fazer as coisas

Babá conversa com Henry na sala

16:36 – MONIQUE: Pergunta se ele quer vir pro shopping?

16:36 – THAYNA: Não liga não

16:36 – THAYNA: Falei não to falando com ela não

16:36 – THAYNA: To falando com minha mãe

16:36 – THAYNA: Ai ele ah tá

16:36 – THAYNA: imagem* (fotografia de Thayná com Hnery ao seu lado, aparentemente em um sofá)

16:36 – THAYNA: To sentada com ele na sala

16:36 – THAYNA: Vendo desenho

16:36 – MONIQUE: Fala que vai na brinquedoteca

16:36 – MONIQUE: Eu mando um uber

16:37 – THAYNÁ: A rose ta fazendo as coisas

16:37 – MONIQUE: Aí meu Deus

16:37 – MONIQUE: Que merda

Jairinho arruma a mala

16:37 – THAYNA: A rose ta fazendo as coisas

16:37 – MONIQUE: Ai meu Deus

16:37 – MONIQUE: Que merda

16:37 – MONIQUE: Ver se ele quer sair de casa

16:37 – THAYNA: Tô falando com ele

16:37 – MONIQUE: Ou ficar aí

16:37 – THAYNA: Ele quer que eu fique sentada ao lado dele só

16:37 – MONIQUE: Coitado do meu filho

16:37 – THAYNA: Jairinho tá arrumando a mala

16:37 – MONIQUE: Se eu soubesse nem tinha saído

16:38 – MONIQUE: Pergunta o que o tio falou

16:38 – MONIQUE: Fala assim: tio Jairinho é tão legal, o que ele falou com vc?

16:38 – THAYNA: Jairinho tá aqui perto

16:38 – THAYNA: Depois pergunto

16:38 – MONIQUE: Ok

Jairinho anda pela casa

16:38 – THAYNA: Jairinho tá andando pela casa

16:38 – THAYNA: Acho que prestando atenção no que eu tô fazendo

16:38 – THAYNA: (emoji)

16:38 – MONIQUE: Ok

16:38 – MONIQUE: Daqui a pouco vc me fala

16:39 – THAYNA: Aí disfarço

16:39 – THAYNA: Abro outra conversa

16:39 – MONIQUE: Ok

16:39 – THAYNA: Tá bem

16:39 – THAYNA: Tá comigo na sala

16:39 – THAYNA: Qualquer coisa te falo

16:39 – MONIQUE: Ok

16:46 – MONIQUE: Da um banho nele

16:46 – MONIQUE: Pra ver se ele relaxa

16:46 – THAYNA: Ele não quer entrar ali no corredor

Henry reclama de dor no joelho

16:47 – MONIQUE: Pqp

16:47 – MONIQUE: Que merda do caralho

16:47 – THAYNA: imagem* (fotografia de THAYNA, com HENRY no colo, aparentemente em um sofá)

16:47 – MONIQUE: Coitado

16:47 – THAYNA: Quer ficar assim no meu colo

16:47 – MONIQUE: (emoji)

16:47 – THAYNA: Tá reclamando que o joelho está doendo

16:47 – THAYNA: (emoji)

16:47 – MONIQUE: O que será que aconteceu?

16:47 – THAYNA: Rose até perguntou se ele tinha machucado o pé

Monique diz que pensa em colocar microcâmera

16:50 – MONIQUE: O que

16:50 – THAYNA: Você um dia falar que vai demorar na rua

16:50 – THAYNA: E ficar aqui em algum lugar escondida

16:50 – THAYNA: Ou lá em baixo

16:50 – THAYNA: E chegar do nada

16:50 – MONIQUE: Ele foi pro nosso quarto ou o do Henry?

16:50 – THAYNA: Para o seu quarto

16:51 – MONIQUE: Eu vou colocar microcâmera

16:51 – THAYNA: E sempre no seu quarto

16:51 – MONIQUE: Me ajuda a achar um lugar

16:51 – MONIQUE: Depois eu tiro

16:51 – THAYNA: Meu padrinho instala câmeras

16:51 – THAYNA: Tem até empresa de câmera

16:51 – MONIQUE: Mas tem que ser imperceptível

Babá fica preocupada com Henry

16:51 – THAYNA: Porque não tá normal

16:51 – MONIQUE: Vdd

16:52 – MONIQUE: Vai me avisando se ele falar alguma coisa

16:52 – THAYNA: E eu tenho medo pq cuido dele com muito amor e tenho medo até dele cair comigo. Aí não sei o que Jairinho faz quando chega, depois ele tá machucado sei lá

16:52 – THAYNA: Tá bem

16:52 – MONIQUE: Tô aqui de olho no telefone

16:52 – THAYNA: Tá bem

(Horário cortado) – THAYNA: imagem* (fotografia de THAYNA, com HENRY no colo, aparentemente em um sofá)

Monique diz que já está chegando

17:02 – MONIQUE: Alguma coisa estranha mesmo

17:02 – MONIQUE: Jairinho me ligou

17:02 – MONIQUE: Dizendo que chegou agora em casa

17:02 – THAYNA: Po

17:02 – THAYNA: Já chegou um tempão

17:03 – MONIQUE: Estranho demais

17:03 – THAYNA: Tá comigo comendo bolo

17:03 – MONIQUE: Ele vai no barrashopping

17:03 – THAYNA: Muito

17:03 – MONIQUE: Fala pro Henry que o tio vai sair pra trabalhar de novo

17:03 – MONIQUE: Que eu já já chego

17:03 – THAYNA: Tá

17:16 – THAYNA: Saiu agora

17:16 – THAYNA: Tá eu e Henry em casa só

17:19 – MONIQUE: Veja se ele fala alguma coisa

Henry conta à babá as agressões

17:22 – THAYNA: Estou tirando dele

17:22 – MONIQUE: Ok

17:22 – THAYNA: Pera aí

17:25 – THAYNA: Então me contou que deu uma banda e chutou ele que toda vez faz isso

17:25 – THAYNA: Que fala que não pode contar

17:25 – THAYNA: Que ele perturba a mãe dele

17:26 – THAYNA: Que tem que obedecer ele

17:26 – THAYNA: Se não vai pegar ele

17:28 – THAYNA: Combinei com ele agora

17:29 – THAYNA: Toda vez que Jairinho chegar e você não tiver eu vou chamar ele pra brinquedoteca e ele vai aceitar ir

17:29 – THAYNA: Porque estou aqui pra proteger ele

17:29 – THAYNA: Aí eu disse se você confia na tia me da um abração aí ele me deu

Henry fica quieto com a babá

17:30 – THAYNA: imagem* (fotografia de mãos dadas entrelaçadas, aparentemente de THAYNA e HENRY)

17:30 – THAYNA: Tá assim comigo

17:33 – MONIQUE: Como assim? (se referindo ao trecho “Se não vai pegar ele”)

17:33 – THAYNA: Ele não falou mais

Henry começa a mancar

17:49 – THAYNA: imagem* (vídeo focando nas pernas de HENRY, que está vestindo cueca e calçando chinelo)

17:49 – THAYNA: Tá mancando

17:50 – THAYNA: Mas tô cuidando dele

17:50 – THAYNA: Termina tudo em paz

17:50 – THAYNA: Quando você chegar a gente se fala

17:50 – THAYNA: Vou dar banho nele

17:50 – THAYNA: Beijos

17:51 – MONIQUE: A porta do quarto estava aberta ou fechada qdo Henry entrou no quarto?

Jairinho fecha a porta do quarto

17:57 – THAYNA: Quando Henry entrou estava aberta

17:57 – THAYNA: Depois ele fechou

17:57 – THAYNA: E daí ficou até aquela hora com a porta fechada

17:58 – THAYNA: Henry tá reclamando da cabeça

17:58 – THAYNA: Pediu tia não lava não

17:58 – THAYNA: Tá doendo

17:58 – MONIQUE: Meu Deus

17:58 – MONIQUE: Como assim?

17:58 – MONIQUE: Pergunta tudo Thayná

17:58 – MONIQUE: Será que ele bateu a cabeça?

Henry fica com a cabeça machucada

18:03 – THAYNA: imagem* (fotografia do joelho esquerdo de HENRY, aparentemente com uma equimose)

18:03 – THAYNA: Ele disse que foi quando caiu que a cabeça ficou doendo

Entenda o caso

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga a morte de Henry Borel, enteado do vereador Jairo Souza Santos. O menino, que tinha 4 anos de idade, faleceu na madrugada do dia 8 de março. Segundo laudo do Instituto Médico-Legal, divulgado em reportagem do jornal RJ2, há sinais de violência e o óbito foi causado por hemorragia interna e laceração hepática, decorrentes de uma ação contundente.

A perícia constatou ainda múltiplos hematomas no abdômen e membros superiores, infiltração hemorrágica na região frontal do crânio, edemas no encéfalo, grande quantidade de sangue no abdômen, contusão no rim à direita, trauma com contusão pulmonar, laceração hepática (no fígado) e hemorragia retroperitoneal.

Continua depois da Publicidade

Henry, que passava a noite na casa da mãe, Monique Medeiros da Costa Almeida, e do padrasto, foi levado ao hospital pelos responsáveis, mas chegou ao local sem vida. Dr. Jairinho e a namorada prestaram depoimento por cerca de 12 horas, na 16ª DP (Barra da Tijuca). Eles foram ouvidos em salas separadas e deixaram a delegacia às 2h30, do dia 18.

O casal relatou que ouviu um barulho durante a madrugada e encontrou o garoto desacordado, caído no chão do quarto. Leniel Borel de Almeida Jr., pai da criança, ouviu da ex-mulher que o pequeno foi encontrado com dificuldade de respirar e os olhos já revirados.

Henry tinha apenas 4 anos de idade. “Menino ativo, inteligente, amigo, companheiro, muito divertido, gostava de brincar. Quando não conhecia alguém, era até meio introvertido. O resto era só alegria”, lamentou Leniel. (Foto: Reprodução)

Peritos ouvidos pela TV Globo dizem ser impossível que Henry tenha se machucado de tal forma, somente ao cair da cama. Uma queda de uma altura baixa é pouco provável que esteja na origem dessas lesões traumáticas. “Nós observamos esses tipos de lesões em acidentes de trânsito, com muito mais energia”, afirmou o legista Carlos Durão. Os ferimentos do menino também não poderiam ter sido causados durante uma tentativa de reanimá-lo.

Denúncias de antigas parceiras e enteadas de Jairinho, acusando-o de agressão, sustentam a hipótese de que o vereador tenha repetido as atrocidades com Henry. Uma reportagem exibida em 28 de março, no “Fantástico”, divulgou trechos de um depoimento feito por uma dessas ex-namoradas e revelou também imagens dos últimos momentos do garoto, em vida. Veja e saiba todos os detalhes, clicando aqui.