Cavalo Caramelo: Veterinária revela qual deve ser o futuro do animal que comoveu o Brasil

O animal ficou dias ilhado em um telhado em Canoas, no Rio Grande do Sul, após as chuvas intensas que atingiram a região

Cavalo Caramelo

Após o resgate emocionante do cavalo Caramelo, no Rio Grande do Sul, ele foi levado para o Hospital Veterinário da Ulbra, no município de Canoas. Segundo os veterinários, porém, mesmo dias após a operação de salvamento, nenhum responsável pelo animal apareceu. O cavalo ficou ilhado em cima do telhado de uma casa por mais de 100 horas, por causa das fortes tempestades que atingiram o estado e causaram diversos pontos de alagamentos.

“As pessoas vêm dizendo que são [donas/tutoras], algumas com foto de cavalos caramelo. Mas aí se olha – as manchas, por exemplo – e não bate”, explicou a veterinária Mariângela Allgayer para a Folha de São Paulo. “Eu nem sei se é uma coisa feita para se aproveitar. As pessoas têm cavalos caramelo, né?! E de repente têm a foto, vêm aqui pra ver se é o delas ou não”, acrescentou ela.

Caso não apareça alguém que comprovadamente seja o responsável pelo animal, Caramelo pode ficar de vez na Ulbra, em uma fazenda-escola do Hospital Veterinário em que vivem outros animais resgatados. De acordo com a reportagem, no entanto, é possível “traçar um perfil” dos tutores do cavalo.

Pelo local em que estava quando foi resgatado, uma região periférica de um bairro pobre de Canoas, os veterinários desconfiam que ele teria sido usado para puxar carroças. A teoria, inclusive, foi reforçada por uma marca encontrada na face do animal.

“Ele ficava bastante tempo com arreio. É um cavalo que, como vários encontrados nos bairros, estava desnutrido, não tem raça definida, é um animal até pequeno, perto dos cavalos de raça, da raça crioula, por exemplo, ele é um cavalo menor. Provavelmente é de uma família que devia usá-lo para algum tipo de atividade, embora exista restrição a esse uso”, apontou Mariângela.

A veterinária reforçou, ainda, que o cavalo não era “indigente”. “Eu acho que alguém tinha alguma ascensão sobre ele, porque em todo animal, vamos dizer assim, comunitário, alguém cuida, né?! Nem que seja pra amarrar aqui, amarrar ali, pra pastar, mas ele não era um cavalo solto. A marca do arreio é um sinal de que alguém era responsável por ele”, disse.

Durante o resgate comandado por militares do Exército brasileiro e do Corpo de Bombeiros, o cavalo, que estava exausto e desidratado, foi sedado para aguentar o trajeto de volta ao solo. Em seguida, Caramelo foi colocado deitado no bote dos militares. Já na Ulbra, foi seco, aquecido e continuou tomando soro. Ao despertar e ficar de pé, conseguiu beber água e comer feno. Ele segue em tratamento no hospital veterinário, já que está 50 quilos abaixo do seu peso ideal. Caramelo deveria ter 350 quilos e está pesando 300 atualmente.

“Ele não tem nenhum comprometimento de maior grau, não tem ferimentos graves, só pequenas lacerações nas patas. Após 24 horas, a análise dele já estava quase dentro dos parâmetros normais, um pouco anêmico ainda, mas a hidratação já estava normal. Teve lesão muscular de ficar tanto tempo sem se mexer, mas está tudo retornando, ele está muito bem”, afirmou Allgayer, tranquilizando a população que se preocupou com o animal.

Dentre os seis cavalos resgatados que estão no local, segundo a veterinária, Caramelo é o que está em melhor condição. “Os outros cinco estão em situação mais crítica, estão sendo tratados, mas têm feridas, têm processos inflamatórios bem intensos. Terão uma recuperação mais lenta”, relatou. Outros animais foram levados ao local “por precaução”, antes mesmo das águas subirem tanto. Alguns também foram resgatados de telhados, outros estavam dentro de casas e um deles se refugiou nas escadarias de uma estação de trem/metrô.

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Mariângela Allgayer explicou, por fim, como o cavalo pode ter conseguido chegar no telhado da casa onde se protegeu da enchente. “Cavalos conseguem nadar. Imagino que a água subiu, ele nadou, teve a sorte de encontrar aquele telhado e ali subiu. Não tem uma outra explicação. A gente está com outros cavalos que foram resgatados também no telhado aqui em Canoas”, disse.

“Não faço a mínima ideia de quem batizou, mas acredito que não foi gaúcho. O gaúcho não chama cavalos de Caramelo. Podia ser um Minuano, né?! Alguma coisa assim. Mas Caramelo…”, concluiu a veterinária.

O mais recente boletim da Defesa Civil do Rio Grande do Sul apontou que o número de mortos em razão das chuvas subiu para 147. O estado ainda registra 127 desaparecidos e 806 feridos. O número de pessoas fora de casa é de 615,6 mil. No total, 77,4 mil estão em abrigos e 538,2 mil estão desalojados – em casa de amigos e parentes.

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